Conhecimento colaborativo muda forma de material didático

Produção, compartilhamento, reutilização, divulgação. É assim o fluxo de funcionamento dos Recursos Educacionais Abertos, uma tendência no que diz respeito à confecção de materiais ditáticos. Em pesquisa realizada na Faculdade de Odontologia da USP, o doutorando Carlos Henrique Jacob dedica-se a estudar as características do licenciamento flexível e suas possibilidades perante a lei brasileira.

Fotos e vídeos, que estão sob domínio público ou licenciados de maneira que possam ser alterados por terceiros para fins educacionais, são exemplos de Recursos Educacionais Abertos (REA). Jacob explica que uma fotografia, por exemplo, é um objeto educacional fechado, mas torna-se um REA quando seu licenciamento é modificado para permitir as intervenções e usos de casa autor.

Jacob enxerga muitas possibilidades para trabalhar com os REA tanto na odontologia quanto em outras áreas de estudo, pois o conhecimento passa a ser visto de forma global e interdisciplinar, não mais segmentado em disciplinas ou instituições. Ele explica: “Se os autores julgarem oportuno, um material produzido na Poli poderia ser utilizado na Faculdade de Odontologia e vice-versa”.

Licenças flexíveis

Essa ampla divulgação e compartilhamento pode gerar o questionamento sobre uma possível perda dos direitos autorais sobre cada material. O pesquisador explica que a lei atual é “boa e restritiva”. Desta forma, ela protege o autor, mas ainda não prevê o uso aberto da informação e como ela pode ser utilizada.

Jacob explica que, para sanar o problema, tem sido utilizada a Creative Commons, que permite a escolha do tipo de licenciamento desejado pelo autor. O Brasil foi o terceiro país a incentivar o uso da ferramenta, depois da Finlândia e do Japão. “Ao invés de abrir mão completamente dos direitos autorais, é possível escolher uma nuance de licença de acordo com a necessidade de cada um”. A ideia, portanto, é que se deixe claro para o leitor como pode ser feita a reprodução daquele material.

Entre as vantagens da Creative Commons está a construção da autoria e do conhecimento colaborativos, pois a ferramenta exige que, nos usos posteriores, sejam incluídos os autores que participaram da criação do material. Jacob vê o processo de forma bastante vantajosa para o professor e para a universidade, pois “se o material for bom, o autor terá uma rede de colaboradores cada vez maior, o que traz maior visibilidade para ele e para a escola”.

Assim, quanto mais aberto for o material divulgado pelo professor, aumentam-se as chances de ele ser reutilizado. Para o pesquisador, seria interessante a criação de um mecanismo de avaliação docente que se baseasse não apenas em sua produção acadêmica e científica, mas também na confecção dos materiais didáticos. “Seria um incentivo tanto para o professor se dedicar mais aos materiais de aula quanto para a escola, que teria um docente mais engajado”, explica.

Adaptar-se é preciso

Segundo Jacob, o advento da Internet exigiu que a mudança do jeito que registram-se informações. “Se antes as ondas sonoras de uma música eram guardadas fisicamente nos discos, agora tudo é desmaterializado numa sequência de zero e um”, compara.

A adaptação a esse novo sistema mostra-se bastante necessária, especialmente porque a tendência no ensino é que os REA e as ferramentas online sejam progressivamente mais utilizados. Para isso, no entanto, Jacob ressalta a necessidade de capacitar os professores para o contato com esses recursos. Paralelamente, a cultura do compartilhamento também deve ser difundida. “As pessoas precisam acreditar que tanto a atribuição da autoria a terceiros quanto a criação colaborativa são ações boas e adequadas”.

Publicado em Agência Universitária de Notícias – 25/04/2013 – Ano: 46 – Número: 149

CTA traduz licença CERN de Hardware Aberto

Nos dias de hoje, as formas de licenciamento dos materiais de suporte ao conhecimento adquirido na universidade são tão importantes quanto a sua qualidade, uma vez que é o licenciamento que vai orientar como os materiais de suporte poderão ser utilizado pelo profissional ao ingressar no mercado profissional. Neste sentido é fundamental a compreensão das formas licenciamento de obras intelectuais, utilizadas como material de apoio em todas as áreas do conhecimento.

Obras licenciada de maneira permissiva, que permitem a criação de derivações, são muito mais interessantes para os alunos e para os professores pois permitem que estes se apropriem efetivamente deles. Isto compõe o que a UNESCO chama de Recursos Educacionais Abertos, definido como:

“Recursos Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento.”

Unesco/Commonwealth of Learning com colaboração da Comunidade REA-Brasil

Para alunos de áreas científicas e tecnológicas o licenciamento aberto dos equipamentos utilizados em laboratórios de ensino trazem uma nova dimensão para as possibilidades de criação em cima do que aprendem e usam. O CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), em um movimento inédito, está licenciando instrumentos desenvolvidos para dar suporte aos seus aceleradores e experimentos científicos de maneira aberta (veja aqui), tendo inclusive composto uma Licença de Hardware Aberto que garante quatro liberdades fundamentais para quem utiliza seus projetos ou seus derivados, as liberdades de utilizar, estudar, modificar e distribuir os equipamentos.

Para que os falantes da língua portuguesa possam entender melhor os termos da Licença de Hardware Aberto do CERN, o Centro de Tecnologia Acadêmica lança a primeira tradução não oficial desta licença. Com isto, a tradução é apontada na Wiki da Licença CERN de Hardware Aberto sendo a primeira a constar na página.

Esta é uma conquista para os criadores do site e uma possível semente que abrirá muitas mais portas aos criadores, colaboradores e usuários do CTA.

A tradução pode ser conferida aqui e foi realizada por Tatiana Pereda com a revisão de Rafael Pezzi.

Fonte: Suporte CTA

Índios na Visão dos Índios: o livro Memória foi lançado com licença livre

Índios na Visão dos Índios é um projeto de formação de indígenas de várias etnias e nações para atuarem como historiadores, antropólogos, jornalistas e fotógrafos de suas próprias realidades. O material produzido por eles é usado nas próprias aldeias e também em escolas não-indígenas.

O livro Memória é o 17º volume dessa coleção, neste livro, sete etnias indígenas do Nordeste projetam suas Memórias para o futuro das suas próprias comunidades e de toda nossa humanidade. O Projeto REA Brasil teve a honra de ajudar esse grupo de indígenas protagonistas que colaboraram para a produção de mais esse título. Débora Sebriam passou 3 dias com os representantes das comunidades indígenas no pontão de cultura “Esperança da Terra” em Ilhéus-BA (veja aqui). Nosso foco foi falar de como o livro Memórias poderia ser produzido como um REA, falamos sobre formatos e licenças livres e as comunidades decidiram colaborativamente optar por uma licença mais restritiva, a CC-BY-NC-SA.

O livro contou com a colaboração artística e técnica da Oca Digital e está disponível para ser baixado gratuitamente no portal da ONG Thidêwá. Caso deseje adquirir uma versão impressa, acesse RISADA.

Nature Publishing Group introduz a opção de licenças Creative Commons

Nature Publishing Group introduz a opção de licenças Creative Commons em 19 publicações


O grupo editorial Nature (NGP), dono de diversos periódicos acadêmicos, anunciou  em novembro que permitirá a seus autores optarem pelas licenças CC-BY, CC-BY-NC-ND e a CC-BY-NC-SA ao publicarem seus artigos em qualquer uma das 19 revistas que adotarão a mudança. Atualmente, 58 de suas 62 publicações acadêmicas têm alguma opção de licenciamento aberto.


“Queremos encorajar mais pesquisadores a tornar seus artigos mais acessíveis, e maximizar sua reutilização, e para isso damos aos autores uma escolha de licenças com que se sintam confortáveis”, disse David Hoole, Diretor de Mareting da NPG. “Desde a introdução do CC-BY na Scientific Reports, nossos autores vêm escolhendo continuamente alguma das três licenças CC, e estamos determinados a oferecer essas opções. A diferença no preço representa de maneira equilibrada a perda dos direitos de exclusividade pela NGO, especificamente a renda proveniente de reimpressões”.


O potencial do Creative Commons para o compartilhamento e colaboração são especialmente aproveitados quando se trata de Recursos Educacionais Abertos. A comunidade acadêmica revolve em torno de publicações científicas que são o meio de divulgação de novas ideias e descobertas.


“Estamos satisfeitos em poder oferecer aos autores a escolha do CC-BY, que permite a reutilização com fins comerciais, ao publicarem em qualquer periódico acadêmico que possuímos”, disse Martin Delahunty, Diretor da Academic Journals & Pharma Solutions, NPG.


Um sistema de direitos autorais demasiado rígido atravanca a livre circulação de informação, indo em sentido contrário ao interesse público e ao dos autores, que pretendem dar visibilidade a seus escritos.

Com a opção de uso das licenças Creative Commons, a Nature estende aos autores a possibilidade de publicarem de forma que o direito autoral não represente um empecilho à difusão da informação.

Fonte: esse post foi publicado em Creative Commons Brasil, não deixe de citá-los ao republicar a notícia.

Guia aberto TIC na Educação do Cenpec

O Cenpec divulgou a primeira versão do Guia TIC na Educação – um orientador para os projetos do Cenpec,  produzido a partir das reflexões do Grupo de Discussão das TIC do Cenpec.


O guia, produzido pelo Núcleo TIC e Educação foi publicado em um ambiente wiki (http://guiadetic.cenpec.org.br), justamente para enfatizar que é um material aberto e que seja sempre complementado, atualizado e aperfeiçoado com a colaboração de profissionais do Cenpec.

O ambiente wiki, assim como a Wikipédia, possibilita que as pessoas colaborem, editando as páginas. Todas as edições ficam registradas em um histórico.

Há também uma versão em pdf (atualizada em julho 2012).

Boas edições!

Amazon força Unglue.it a suspender publicação de ebooks com licenças Creative Commons

A plataforma de crowdfunding Unglue.it tem como propósito financiar a publicação online de títulos esgotados em licença Creative Commons. No modelo adotado por eles, o autor do livro estipula um determinado valor para que o livro passe a circular sem restrições. Quando uma campanha bate a meta estabelecida pelos detentores de direitos, a Unglue.it paga-lhes um valor estabelecido para licenciar o seu trabalho. Essas licenças tornam a edição livre e legal para todo mundo ler, copiar e redistribuir, em todo o mundo. 

No início de agosto, o site paralisou todos os projetos, pois recebeu a seguinte notícia: o seu sistema de pagamento, o Amazon Payments, não prestará mais serviços. Segundo o fundador do Unglue.it, o representante da Amazon disse que o problema não é o crowdfunding em si, pois Amazon Payments continua a trabalhar com o Kickstarter (outra plataforma semelhante).

Segundo uma matéria publicada na Wired, Amazon argumentou que o modelo da Unglue.it se diferencia de outras plataformas de crowdfunding e que a companhia não poderia dar suporte à esse modelo em função das particularidades do serviço. A Amazon não especificou qual era exatamente o problema.

No seu blog, os representantes do  Unglue.it estimulam as pessoas que acreditam no seu serviço e modelo de negócio a continuarem enviando sugestões de livros para relançamento e escreveram que um dia as pessoas se admirarão pelo fato de terem sido obrigadas a pagar pelos ebooks ao invés de ter livre acesso à eles!

Apesar da Amazon ter os obrigado a anular todas as autorizações pendentes, esse fato não afeta a publicação do ebook Oral Literature in Africa Campaign, produzido pela editora Open Book Publishers. Esse ebook está quase pronto para o lançamento e estará disponível sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) para usar, compartilhar, traduzir, remixar!

As redes sociais tem contribuído para que várias pessoas em todas as partes do mundo deixem seu apoio a iniciativa da plataforma crowdfunding!

Parece que novos modelos de negócio incomodam “muita gente” não?

Fontes:

Catarse –  Crowdfunding, Creative Commons e Amazon

Unglue.it – Open thread: Amazon forces Unglue.it to Suspend Crowdfunding for Creative Commons eBooks

Wired – Amazon Payments suspends contract of ebook crowdfunding platform Unglue.it

Palestra REA e discussão sobre o livro Memórias em Ilhéus

Estive no pontão de cultura verde Esperança da Terra em Ilhéus-BA a convite da ONG Thydêwá para uma palestra sobre Recursos Educacionais Abertos e uma reunião com os representantes das comunidades indígenas participantes do projeto do livro Memórias.

A palestra que se transformou em um bom debate tratou principalmente do uso de ferramentas e formatos abertos e licenças flexíveis para disponibilizar o livro. Da palestra e do melhor entendimento sobre Recursos Educacionais Abertos e suas vantagens, na reunião com os indígenas participantes do livro” Memórias” nasceram sugestões de ampliar o projeto do livro, adicionando vídeos relatando o processo, galeria de imagens, disponibilização em distintos formatos (como pdf, odt, epub), a construção de um site próprio como o adotado pelo recém-lançado Livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas.

Continuaremos acompanhando o andamento desse projeto e convidamos os leitores a conhecer outros projetos que nasceram com apoio da Thydêwá, como o Índios Online, Índio Educa, Oca Digital, Celulares Indígenas, Arco Digital e outros.

Veja depoimento de alguns dos presentes sobre o processo de construção do Livro “Memórias”, mais uma obra que fará parte do acervo Índios na Visão dos Índios.

A apresentação você encontra disponível para download abaixo e algumas fotos do encontro você encontra no nosso canal do Flickr.

Formação REA em Ilhéus

Simpósio e lançamento do livro REA

O Simpósio REA e lançamento oficial do livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas agitou a comunidade REA Brasil na semana passada. O simpósio aconteceu em São Paulo, foi totalmente aberto e transcorreu no clima de batepapo com muitas intervenções e troca de experiências dos presentes na Casa de Cultura Digital e também online através do Twitter e Facebook.

O simpósio abordou o conceito de REA, educação aberta, formatos e licenças livres, o papel do professor e experiências e contextos práticos interessantes como:

  • o processo de abertura  e a consolidação da política pública da SME/SP, em que, os materiais produzidos e comprados pela SME devem ser REA.
  • o Folhas e o livro didático público – uma política educacional implementada pelo estado do Paraná com objetivo de disponibilizar REA produzido pelos professores da rede estadual.
  • o RIPE (Rede de Intercâmbio e Produção Educativa), um projeto de produção colaborativa e descentralizada de imagens e sons para a educação básica.
  • o Scielo Books, um super projeto que promete constituir-se referência de indexação, publicação e acesso de livros acadêmicos em formato digital e com licenças abertas.
  • MOOC – Massive Open Online Course
  • REA contribuindo para outros contextos, como por exemplo, as pessoas que estão na prisão e podem continuar estudando, pessoas que não podem frequentar um curso regular e podem se beneficiar dos REA para estudar a distância.

No mês de julho as apresentações e o vídeo da íntegra do evento será publicado no Educação Aberta. Para saber mais sobre o que rolou no evento consulte os perfis do Twitter @edaberta e @reanetbr ou experimente buscar pela tag #reaccd.

Veja depoimento do professor Nelson Pretto sobre o processo de produção do livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas.

Ainda não leu/fez download do livro? Acesse o livrorea.net.br. Para quem deseja ter uma versão impressa em breve esta opção estará disponível no site da Edufba.

Veja aqui algumas fotos do simpósio e lançamento do livro e se você esteve por lá e quer compartilhar com a comunidade as suas fotos, faça como a Priscila e a Débora que gentilmente cederam as fotos para o Flickr.

Open Course Library

Financiada pela Assembléia Legislativa do Estado de Washington nos Estados Unidos e a Fundação Bill & Melinda Gates, a Open Course Library oferece uma coleção de materiais educativos, incluindo livros, apostilas, atividades de curso, leituras e avaliações. Atualmente o projeto atende a 42 cursos e se expandirá para 81 até 2013.

Reconhecido como uma iniciativa inovadora, o projeto tem como objetivos:

  • Diminuir os custos com livros para os alunos com valores que não ultrapassam 30 dólares,
  • Fornecer recursos educacionais abertos de alta qualidade,
  • Distribuir o material com licenças abertas, desta forma, faculdades, professores e alunos podem usar, remixar e e criar obras derivadas.

Cada curso foi desenvolvido e revisto por uma equipe de instrutores, designers instrucionais e bibliotecários. O uso dos materiais é opcional, mas muitos professores e departamentos de universidades já o adotaram.

Conheça o projeto aqui.

Versão 4 das licenças Creative Commons aberta para comentários

A versão 4 das licenças Creative Commons está aberta para comentários e contribuições. Esta versão é o resultado de um longo (e inédito) período de coleta de requisitos que envolve a entrada de filiados CC, comunidade e interessados. Este primeiro esboço foi articulado durante o 2011 Global Summit e engloba os seguintes objetivos:

  • Produzir a versão 4.0 que aborda os desafios de adotantes importantes, inclusive em países onde a versão localizada de licenças CC não existe, e nunca poderá, por qualquer número de razões;
  • Maximizar a interoperabilidade, reduzindo a proliferação de licença e promover a normalização, sempre que possível,
  • Longevidade e facilidade de uso.

Uma das grandes prioridades é garantir na medida do possível que as licenças 4.0 funcionem perfeitamente em muitas jurisdições. O Creative Commons convida a todos para ajudar a identificar as disposições que poderiam ser melhoradas para funcionar melhor em sua localidade e para as comunidades que adotam CC.

Saiba mais aqui.

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