Cátedra UNESCO em EaD e UniRede vão mapear panorama atual da IA no Ensino Superior no Brasil

Estudo conduzido por pesquisadores vinculados às duas instituições e também à Iniciativa Educação Aberta vai trazer recomendações para políticas de governança institucional das instituições públicas

Primeira interface de IA generativa lançada, ChatGPT segue com popularidade @Sanket Mishra

Cátedra UNESCO em EaD e a UniRede iniciam estudo analítico sobre o panorama atual de adoção e regulação de tecnologias de IA nas instituições públicas de ensino superior (IPES) no Brasil. O objetivo é elaborar um referencial de recomendações para a construção de políticas, considerando recomendações já existentes no país e no exterior, revisão de literatura crítica sobre IA e ensino superior, bem como mapeamento de tecnologias que estão sendo utilizadas.

Com a adoção acelerada de serviços e tecnologias baseadas em IA – especialmente a IA generativa – nos espaços de ensino e pesquisa, novas formas de criação de conteúdo desafiam o papel da avaliação tradicional e provocaram novos debates sobre autoria, integridade da informação, bem como proteção de dados e desenvolvimento cognitivo de estudantes e professores. Trata-se de desafios universais que afetam diretamente a produção e o intercâmbio de conhecimento também no ensino superior.

O setor privado tem sido o principal vetor de avanço e promoção do uso de ferramentas de IA, em muitos casos sem o devido cuidado com direitos humanos essenciais, como privacidade e equidade. Muitos serviços de IA hoje são integrados de forma automática em plataformas privadas já adotadas por instituições públicas de ensino superior brasileiras (e.g. Google Workspace, Microsoft 365) e são utilizadas de maneira informal por alunos e professores (como ChatGPT). Embora já exista um projeto de Lei federal em tramitação com foco em medidas regulatórias, ainda é incipiente o debate interno nas universidades sobre a importância da elaboração de políticas institucionais de governança. Em vista disso e de sua atuação em prol da educação a distância, aberta e flexível, a Cátedra UNESCO de EaD, coordenada pelo professor Tel Amiel (UnB) convidou a UniRede para uma parceria de pesquisa que vai envolver também pesquisadores da Iniciativa Educação Aberta.

A publicação final, em formato de relatório ou guia de recomendações, está prevista para ser lançada em agosto de 2024.

Pesquisadora brasileira integra o grupo de convidados da Relatoria da ONU em Direitos Humanos para reunião sobre IA e educação

Marcada para o dia 20 de junho, em Genebra, na Suíça, a reunião vai gerar insumos para o próximo relatório que será apresentado na Assembleia Geral da ONU de 2024

A pesquisadora da Iniciativa Educação Aberta (IEA), Priscila Gonsales, está em Genebra, na Suíça, a convite da Relatoria Especial da ONU em Direitos Humanos. O evento é organizado pela relatora especial, Farida Shaheed, com o objetivo de obter uma escuta qualificada com pesquisadores e especialistas de diversas regiões do mundo sobre os impactos do avanço da adoção de plataformas e outras aplicações de IA na educação. 

Em março de 2024, a ONU realizou uma chamada aberta para receber contribuições sobre o tema, com ênfase na garantia do direito à educação.  A Iniciativa Educação Aberta enviou a contribuição em coautoria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação

A seguir, listamos os principais estudos e pesquisas em que a Iniciativa Educação Aberta esteve  envolvida em relação ao tema, tanto no Brasil como na América Latina, que serão apresentadas na reunião:  

1) Análise descritiva dos Termos de Uso e Políticas de Privacidade dos pacotes education da Google e Microsoft mostra que as empresas não cumprem a Lei Geral de Proteção de Dados; 

2) Estudo Educação em um Cenário de Plataformização e Economia de Dados, organizado pelo CGI.br, aborda conceitos contemporâneos sobre plataformização, assimetrias em parcerias entre big techs e governo e também a questão da soberania digital. Lançamento consolidado será no dia 26 de junho

3) Nota técnica em coautoria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação sobre o Programa Escolas Conectadas do MEC reforça a importância das escolhas participativas e dos recursos e tecnologias abertas; 

4) Estudo sobre governança da educação digital, organizado pela Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE) a ser lançado no VII Seminário da Educação Brasileira na UNICAMP, destaca a interoperabilidade não regulamentada de tecnologias de IA em aplicações e plataformas edtech; 

5) Observatório Educação Vigiada, iniciativa que mapeia a exposição da educação pública da América Latina e África  ao capitalismo de vigilância.  

Em 2022, Priscila Gonsales que também é diretora do Educadigital, pesquisadora da UNICAMP e visiting fellow do CenSoF/Universidade de Bristol, já participou da consultoria para o Relatório Especial sobre os Impactos da Digitalização da Educação no período pandêmico. Pode ser consultado neste link.