MOOC, REA, o gratuito e o aberto: em que pé (não) estamos?

*Atualizado em 13/10 com as sugestões do Ranieri

A notícia de mais um MOOC (cursos on-line gratuitos e massivos, em livre tradução) em português pipocou nos últimos dias. O App Inventor visa dar uma visão geral dos fundamentos do desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis, incluindo uma análise do mercado para descobrir seus modelos de negócio, os pontos críticos e melhorias possíveis. É um curso desenvolvido em colaboração entre a Fundação CSEV, Telefonica, UNED e MIT e será ministrado pela plataforma UnX, uma plataforma latino-americana de MOOCs especializada em empreendedorismo.

Em junho, a USP (pública) em parceria com o Portal Veduca (privado) anunciaram o primeiro MOOC da América Latina (aqui e aqui). O curso oferece duas disciplinas do ciclo básico da engenharia — Probabilidade e Estatística e Física Mecânica Básica. O conteúdo é o mesmo que se espera encontrar nas cadeiras análogas da universidade e serão ministrados por professores da instituição.

A barreira do idioma certamente é uma das questões que separa os brasileiros desse movimento mundial que visa tornar o conhecimento acessível a um número cada vez maior de pessoas, portanto, ter conteúdo em português ou ao menos traduzido é positivo. Entretanto, é importante fazermos algumas considerações e termos olhar atento para não confundir gratuito com aberto e público com privado.

A maioria dos MOOCs são cursos gratuitos, normalmente ministrados em plataformas proprietárias e os conteúdos são copyright. Por exemplo, para ter acesso ao App Inventor, você PRECISA ter uma conta Google. Quem não deseja ter uma conta Google fica impossibilitado de acessar o curso aberto, ops, gratuito. Percebem?

O movimento REA apoia que o conhecimento (principalmente em português) esteja de fato acessível, que atinja verdadeiramente cada cidadão brasileiro e que seja possível ser protagonista frente a isso e não somente um mero um consumidor de informação. Se considerarmos as nossas instituições públicas e as suas iniciativas de ensino online massivo ou não, com certificação ou não, é necessário começar a debater essas questões, o que perdem (ou como bem pontuou o Ranieri, o que ganham?) em oferecer cursos com licenças abertas e em plataformas abertas?

Estamos na onda dos massivos, faz pouco tempo alguém anunciou o “revolucionário” SPOC (Small Private Online Courses) e sem entrar na discussão do contexto de todos esses nomes bonitos que inventam pra coisas que já existem significam pra EAD, acredito que seria bom jogar na roda o debate sobre o aberto e fechado, sobre o público e o privado. A onda do REA ou da liberdade ainda é muito discreta nesse cenário.

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