REA no Fórum da Cultura Digital Brasileira

Na manhã de quarta-feira, 17 de novembro de 2010, nossa comunidade vai se encontrar na Cinemateca para o primeiro REACamp. Como em outros “camps” – tipo o BarCamp ou o NewsCamp – a ideia é reunir  pessoas que pensam nos materiais educacionais como fruto e incentivo de colaboração para trocar conhecimentos e experiências. Em vez de uma grade de programação, palestrantes ou temas pré-definidos, cada participante é convidado a se engajar nas discussões horizontais que emergirem. Difícil? Então pense em gente interessante, interessada em trocar, falando e ouvindo sobre REA em um ambiente descontraído. É fácil, gostoso e produtivo.

O encontro é parte da programação do II Fórum da Cultura Digital Brasileira, realizado pelo Ministério da Cultura e organizações da sociedade civil como a Casa da Cultura Digital. Além do REACamp, a comunidade REA vai realizar uma oficina do Connexions, plataforma para criar, modificar e compartilhar materiais educacionais. Dos Estados Unidos, Daniel Williamson vai apresentar os propósitos da plataforma e mostrar exatamente como a coisa funciona na prática. É uma excelente oportunidade para aprender a utilizar um repositório livre e gratuito de recursos didáticos. Segunda-feira, dia 15, das 15 às 17h.

A programação completa do evento pode ser acessada aqui. Abaixo, uma seleção mais ligada aos REA:

15 de novembro (segunda-feira)

9h: experiências em Educação e Cultura Digital

As praticantes e apoiadoras dos REA Mílada Gonçalves, do EducaRede e do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital, e Mary Lane Hutner, do Projeto Folhas e do Livro Didático Público, falarão sobre suas experiências com representantes do Laboratório Web de Comunicação  da UFRJ, do Centro Educacional Pioneiro, do projeto SELIGA e do “Polo de Cultura Digital”.

15h: Oficina da plataforma Connexions

16 de novembro (terça-feira)

18h30 às 21h:  experiências em Educação e Cultura Digital

As ativistas de REA Bianca Santana, Barbara Dieu, Lilian Starobinas e Priscila Gonsales (EducaRede e do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital) trocarão experiências com Jader Gama (Puraqué), Paulo Lima (Saúde e Alegria).

19h: Lançamento do livro “Cidadania e Redes Digitais”, com artigo de Carolina Rossini sobre REA

17 de novembro (quarta-feira)

9h às 11h: REACamp

20h – 21h Global Education Conference (encontro remoto, paralelo ao encerramento do Fórum)

Barbara Dieu,  super-ativista dos REA, vai participar de uma rodada junto com uma americana e um africano sobre os recursos da Merlot  (The Free and Open Collections of MERLOT World Languages). Segundo a própria Bee, sua intervenção vai “ilustrar com exemplos práticos a importância dos recursos/acesso abertos, um tico de Creative Commons (haverá uma plenária com Esther Wojcicki só sobre isso),  sublinhar a importância das línguas estrangeiras nesse acesso e mencionar o REA Brasil dentro deste esquema.”

Apresentações do seminário na Câmara dos Deputados

Bráulio Araújo (GPOPAI-USP). pdf

Carolina Rossini (Direito GV e Universidade de Harvard).pdf

Carolina Rossini (Direito GV e Universidade de Harvard).ppt

Mary Lane Hutner (Secretaria de Educação do Estado do Paraná).pdf

Mary Lane Hutner (Secretaria de Educação do Estado do Paraná).ppt

OBS: as apresentações estão no formato proprietário ppt porque, infelizmente, esta versão do WordPress não permite o upload do formato livre odp.

Educadores defendem acesso público a conteúdo de livros didáticos

Post originalmente publicado no endereço: http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/149565-EDUCADORES-DEFENDEM-ACESSO-PUBLICO-A-CONTEUDO-DE-LIVROS-DIDATICOS.html

Apesar de comprar 60% dos livros didáticos vendidos pelas editoras e de ser responsável por 40% do faturamento gerado pelo segmento, o Poder Público não tem nenhum direito sobre o conteúdo adquirido. Em outras palavras, o governo financia a produção de livros didáticos — inclusive com isenção fiscal —, mas não pode dispor dos textos como bem entender, por meio de cópias em papel ou na internet, por exemplo. Os dados são do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP (Gpopai).

Esse modelo de aquisição de livros didáticos no Brasil foi questionado nesta quinta-feira no seminário Recursos Educacionais Abertos: desafios e perspectivas, realizado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Os recursos educacionais abertos são materiais que podem ser alterados, ampliados e compartilhados por todas as pessoas.

Para os educadores, em vez de comprar as publicações em papel o governo deveria investir na aquisição do conteúdo. Segundo o pesquisador do Gpopai Bráulio Araújo, essa medida reduziria os custos de impressão e de distribuição, pois o material poderia ser impresso mais próximo ao destino. Além disso, haveria a possibilidade de textos ficarem disponíveis para o público. “Os autores também se beneficiariam, já que poderiam concorrer em licitações do conteúdo. As editoras não fariam mais a pré-seleção [dos autores]”, afirmou Araújo.

Ainda de acordo com o Gpopai, o valor gasto pelo governo com as publicações por ano varia entre R$ 200 milhões e R$ 650 milhões, dependendo se o ano for de troca ou de reposição do material. No entanto, a concentração dos gastos limita ainda mais o poder de barganha. Aproximadamente 90% dos títulos escolhidos pelos professores da rede pública são editados por apenas sete grupos editoriais.

Democratização
A democratização do acesso a publicações didáticas também foi defendida pela professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carolina Rossini, que é coordenadora de projeto sobre recursos educacionais abertos. “Os recursos educacionais pagos pelo contribuinte devem ser abertos, ter acesso livre”, defendeu.

De acordo com ela, além de permitir a consulta e impressão do material a nova política para livros didáticos deve dar ao professor a possibilidade de enriquecer e aperfeiçoar o material, num sistema semelhante ao da wikipedia. “Isso já é feito em muitos países e é uma mudança para ser realizada ao longo de uma década. O Brasil já tem projetos que encorajam essa participação, mas ainda faltam recursos operacionais legais e técnicos”, afirmou Carolina.

Livro público
Uma das iniciativas para a elaboração de livro didático público foi concretizada no Paraná. Lá, em 2005, professores da rede pública foram convidados a participar de uma edição colaborativa que deveria ser usada no ensino médio. “Partimos do princípio de valorizar o trabalho do professor na sala de aula”, explicou a representante da Secretaria de Educação do estado, Mary Lane Hutner.

O resultado foi um livro público, que pode ser totalmente reproduzido, e muito mais barato. A impressão sai até por R$ 12. Mesmo com a edição do material, o trabalho feito em colaboração pelos professores continua em um portal na internet. As publicações de textos ou experiências valem pontos para promoção na carreira. “O nosso objetivo é valorizar a capacidade intelectual do professor e a apropriação do conhecimento”, declarou.

Economia
Segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que sugeriu a realização do seminário, além de representar economia para o governo, um modelo com acesso livre viabilizaria a agregação de conhecimento. Ele lembrou que não há restrições legais ao compartilhamento de publicações, desde que exista uma licença legal adequada. “De qualquer forma, pode-se pensar em ajustes na legislação para simplificar esse processo”, ressaltou.

Reportagem – Rachel Librelon
Edição – João Pitella Junior