Lançamento SciELO Books – os livros bons são eternos

No lindo auditório do Instituto de Artes da UNESP, em 30 de marco, foi lançado o projeto SciELO Books. Abel Paker, coordenador gestor do SciELO Books, abriu os trabalhos explicando o projeto e resumindo seus quatro grande objetivos, incluindo acessibilidade, usabilidade e impacto.

Foi dada ênfase a questão da necessidade de acesso aberto ao conhecimento científico formalizado em artigos científicos e livros. Nesse sentido, o projeto adota uma licenca aberta do Creative Commons, especificamente a CC-BY-NC-SA.  Tivemos a oportunidade de entrevistar Abel Paker sobre a missão e planos do SciELO para o projeto, veja abaixo.

Carolina Rossini: O que representa o Scielo Books no contexto do acesso ao conhecimento científico?

Abel Paker: o livro é um meio clássico de comunicação de pesquisa científica em todas as áreas do conhecimento. Na base de dados de periódicos do SciELO Brasil os livros recebem em torno a 22% das citações de todos os artigos. Mas, nas ciências humanas essa porcentagem é maior que 50%. O SciELO Livros complementará o SciELO Periódicos e deve constituir-se em referência de indexação, publicação e acesso de livros acadêmicos em formato digital. O acesso deverá crescer em taxas crescentes a medida que aumenta o número de livros, como aconteceu com os periódicos da coleção SciELO Brasil, que, em 2011, receberam uma média de 1,2 milhões de downloads por dia.

Carolina Rossini: Qual a missão do Scielo Books?

Abel Paker: O SciELO Books tem a missão de fortalecer e desenvolver capacidades e infraestruturas para a editoração e publicação de livros acadêmicos de qualidade crescente seguindo o estado da arte internacional. O SciELO Books trabalhará juntamente com as editoras nos processos de controle de qualidade, editoração e montagem dos livros nos formatos de livros eletrônicos, como o EPUB por exemplo. O SciELO Livros utilizará todos os meios e soluções disponíveis para maximizar a visibilidade, acessibilidade, uso e impacto dos livros. Nesse processo, a perspectiva é promover a inserção internacional da editoração e publicação de livros acadêmicos do Brasil e demais países que venham integrar a Rede SciELO Livros.

Carolina Rossini: Qual o atual modelo de sustentabilidade do Scielo Books?

Abel Paker: A sustentabilidade do SciELO Books está baseada, em primeiro lugar, no compartilhamento de recursos humanos e infraestruturas do Programa SciELO; em segundo lugar, na contribuição que as editoras aportarão com base no número de livros que disponibilizarão anualmente; e, em terceiro lugar, na comissão das vendas dos livros que venham a ser comercializados pela editoras. Como o SciELO Books vai privilegiar o acesso aberto nossa expectativa é desenvolver projetos e convênios com instituições governamentais ou de interesse público ou de patrocinadores para o financiamento da publicação de coleções de livros por meio do SciELO Livros.

Carolina Rossini: Quais os próximos passos do projeto e seus maiores desafios?

Abel Paker: Por um lado, o SciELO Livros continuará o desenvolvimento da sua plataforma metodológica e tecnológica para cumprir plenamente seus objetivos de melhorar a qualidade e aumentar a visibilidade, o uso e impacto dos livros publicados. Em segundo lugar, expandir a rede com novas editoras do Brasil e estabelecendo coleções nacionais nos demais países que pertencem à Rede SciELO.

O evento também contou com autoridades das universidades e instituições de pesquisa associadas ao SciELO Books: UFBA, FIOCRUZ, UNESP e organizações que apoiaram o desenvolvimento do projeto incluindo IBiCT/MCT e BIREME/OPAS/OMS. Também foi destacado a importância do projeto para acesso as produções na área de humanidades e áreas interdisciplinares. Abel Parker encerrou a mesa de abertura comentando sobre os desafios de profissionalização e internacionalização que vão alimentar o processo de construção do Scielo Livros. Abel está confiante no sucesso do projeto visto o engajamento dos parceiros do projeto e também destacou o objetivo do projeto de atingir países de língua portuguesa, aumentando a cooperação e possibilidade de mercado.

Em seguida, apresentaram a Prof. Ana Paula Mathias de Paiva – a história do livro, Nicholas Cop – sobre dispositivos e-readers, o Prof. Rogerio Meneghini – sobre o livro que marcou sua vida, Fábio Batalha – sobre o processo de desenvolvimento técnico, e Carolina Rossini do Projeto REA Brasil – sobre oportunidades e desafios para livros digitais.  Fábio Batalha , um dos desenvolvedores técnicos do projeto SciELO Livros apresentou todo o processo de desenvolvimento técnico, desde o primeiro dia o SciELO Livros privilegiou padrões técnicos abertos em todos os níveis de desenvolvimento do projeto.

Para unirem-se ao SciELO Books, universidades e instituições de pesquisa devem seguir o  procedimento disponível aqui.

Veja como foi a programação aqui.

A partir de quinta-feira (05/04) as apresentações serão disponibilizadas no site do evento.

Oficina REA no Educaparty

Aconteceu no Educaparty, dia 09/02, a Oficina Recursos Educacionais Abertos: como usar, criar e compartilhar, promovida pelo Instituto Educadigital (IED), liderada por Bianca Santana – Diretora de Educação do IED e da Casa de Cultura Digital e por Débora Sebriam do IED e do Projeto REA-Brasil. A oficina começou com uma dinâmica e com uma rodada de apresentações dos participantes e constatou-se que a maioria dos estados brasileiros estavam ali representados. A oficina também contou com a presença de integrantes da comunidade REA-Brasil, como Carolina Rossini, Tel Amiel e Andreia Inamorato.


Foto: http://flic.kr/p/brje6X

Na dinâmica inicial, Bianca Santana provocou os participantes a se posicionarem em uma linha de concordância ou discordância sobre a afirmativa: “autoria é sinônimo de propriedade”. A grande maioria dos presentes se posicionou contrário a afirmativa. Alguns se pronunciaram explicando que a Internet promove colaboração e que tais palavras não deveriam ser vistas como sinônimos. Já outros, afirmaram que o direito do autor deve ser reconhecido – com o que a todos concordaram. Um último participante trouxe conceitos, diferenciando propriedade de direito de autor, para este a propriedade vincula-se a bens materiais e não para bens imateriais.

Após a dinâmica inicial, o conceito REA da Unesco foi apresentado por Débora Sebriam e alguns dos presentes tomaram a palavra para ressaltar a necessidade de formatos abertos para a elaboração e compartilhamento de Recursos Educacionais Abertos.

As 6 licenças Creative Commons disponíveis e validadas juridicamente no Brasil foram apresentadas explicando-se o funcionamento de cada uma delas. Essa apresentação foi seguida pela discussão dos impactos de escolha de cada licença. No Commons do conhecimento o autor sempre existe, mas também se reconhece que muito do conhecimento produzido por aquele autor vem de uma construção sobre o conhecimento social.

Duas questões práticas foram colocadas ao grupo:

  • como escolher uma licença do Creative Commons
  • como utilizar ferramentas de busca avançadas, como a do Google, para encontrar materiais licenciados abertamente

Após a discussão inicial sobre o conceito e licenciamento aberto de materiais educativos, o grupo realizou um exercício prático no site do Creative Commons e decidiu-se licenciar um plano de aula hipotético. Após responder às duas perguntas básicas, a licença escolhida pelo grupo no exercício foi a CC-BY-NC-SA ( Atribuição – Uso não comercial – Compartilhamento pela mesma Licença) uma das licenças mais restritivas. Uma discussão foi iniciada sobre os impactos da licença, as dificuldades de interoperabilidade legal com outros projetos REA e a perda de oportunidade de ganhos indiretos com licencas como a CC-BY advindas do ganho de notoriedade, fato que resultou um repensar a licença, motivando as pessoas a escolherem licenças mais abertas.

O trabalho de Raffaela Traniello é um exemplo de criação REA. Rafaella é uma professora de ensino fundamental na Itália, que é um exemplo de professor autor. Ela estimula a criatividade, colaboração e o compartilhamento criando séries de animação com seus alunos sempre promovendo e fazendo uso de software livre e licenças Creative Commons.

Licenças e compartilhamento continuaram em pauta com uma reflexão sobre o conteúdo do Portal do Professor, Banco Internacional de Objetos Educacionais, Portal Domínio Público e Connexions.

Ao final, os participantes tiveram oportunidade de dar seu depoimento respondendo a pergunta: o que eu faço na minha prática cotidiano tem a ver com REA? Muitos educadores já compartilhavam suas obras criativas na web, entretanto muitos deles, não conheciam REA e as possibilidades de licenciamento abertos e saíram da oficina empolgados com a possibilidade de colher os frutos de publicar REA.

A oficina foi marcada pela participação constante dos presentes num debate aberto extremamente rico e foram presenteados com exemplares impressos do Caderno REA para professores e do folder REA.

A apresentação pode ser vista aqui.