Comunidade REA no II Fórum da Internet no Brasil

Relato por Lilian Starobinas e Débora Sebriam • Post atualizado em 16/07/2011

De 3 a 5/07, Olinda-PE recebeu representantes de todos os segmentos da sociedade na 2ª edição do Fórum da Internet no Brasil para debater temas a respeito da Internet no Brasil e no mundo.

O Fórum teve 5 trilhas de debate, além de espaço para desconferências. Conheça as trilhas:

  1. Garantia de Direitos na Rede e Marco Civil da Internet
  2. Propriedade Intelectual na Rede
  3. Banda Larga no Brasil e Inclusão Digital: o que fazer?
  4. Como estimular conteúdos e plataformas nacionais na rede mundial
  5. Governança Global da Internet

A dinâmica do Fórum previa a abertura dos debates nas trilhas com a exposição de representantes dos setores governamental, empresarial, terceiro setor, e acadêmico. Após as apresentações inicias, os participantes presenciais participaram se inscrevendo para exporem suas ideias e proposições relacionadas ao tema da trilha correspondente.

Muitos membros da comunidade REA Brasil se inscreveram na trilha 4, que  tinha como tema central a pergunta “Como estimular conteúdos e plataformas nacionais na rede mundial”, e foi marcada por depoimentos que apontam para iniciativas institucionais e individualizadas.

Representantes do governo apontaram a grande quantidade de conteúdo que é produzida e depositada na internet por atividades relativas ao campo da ciência e da cultura, porém reconhecem a dificuldade de observar o conjunto de publicações e localizá-las de forma coletiva.  José Murilo Junior, do MINC, falou sobre a proposta de estabelecimento um registro unificado de obras e da elaboração de uma licença pública, com caracterização específica para diferentes produtos, que estão em desenvolvimento dentro do Ministério.Essas iniciativas poderiam facilitar a identificação e a reunião de informações sobre a produção de conteúdo no país, facilitando um mapeamento mais exato e a orientação de políticas de fomento e circulação. Miriam Chaves, diretora de programas do Ministério do Planejamento disse que há ações voltadas a criar uma plataforma governamental de conteúdos educacionais que possa concentrar a produção e facilitar o acesso unficado ao que se produz no setor acadêmico hoje em dia. Reconhece, entretanto, que há entraves técnicos que dificultam essa integração, como por exemplo o formato da Plataforma Lattes.

O setor empresarial mostrou preocupação com uma política de inclusão digital que supere as questões de infraestrurura e distribuição de equipamentos e alcance um patamar de suporte à produção de conteúdo propriamente dita. Márcio Girão, da Fenainfo, afirma que a indústria de conteúdo é uma indústria estabelecida no país, e que é preciso preservá-la. Girão mencionou um livro digital sobre Produção de Conteúdo Nacional para Mídias Digitais, produzido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal. Segundo representantes do setor empresarial, é preciso também atentar para uma demanda reprimida de programadores no país.

Representantes do setor acadêmico apresentaram produções de seus grupos de pesquisa e ações de algumas das universidades do país. Regina Silveira, do LARC (Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores) – USP, mencionou iniciativas como o IPTV e a distribuição de laboratório de produção digital em diversas unidades da universidade, com o intuito de dar apoio à ação dos docentes na criação de conteúdos que possam ficar disponíveis na Rede. Guido Lemos, do Lavid da UFPB, falou da importância de um projeto como o Ginga, plataforma brasileira para TV-Digital,  que pôde ser desenvolvido de forma colaborativa por pesquisadores de diferentes grupos no país.

Falando em nome do Terceiro Setor, Nelson Pretto demandou coesão nas políticas públicas relacionadas às ações de disseminação da internet no Brasil. A difusão da banda larga, nesse sentido, é essencial, como ação que subjaz qualquer outra iniciativa, pois trata-se de viabilizar os canais de comunicação que podem materializar a circulação das produções locais. A continuidade de projetos que promovam modelos menos centralizados de produção de conteúdo, inspirados na ideia de garagens digitais, constitui, segundo ele, uma versão mais contemporânea de produção cultural e científica, que faz jus ao potencial de rede da internet. Pretto afirma também que é inadmissivel que o conhecimento produzido na universidade pública não esteja aberto e livre a população, postura que reforça o foco nesses conteúdos como Recursos Educacionais Abertos.

Entre os participantes da plateia que se manifestaram havia técnicos do governo, pesquisadores, estudantes universitários, membros de coletivos culturais, professores dos diferentes segmentos da educação formal, educadores de organizações não-governamentais,  programadores, ativistas de movimentos pela liberdade na internet. Vários espaços brasileiros, em software livre, para publicação de conteúdos forma mencionados pelos participantes, em busca de garantir uma certa independência dos espaços de empresas como a Google e o Facebook. São elas: Itea, Ripe, Blogoosfero, Duda Library.

Ficou patente na trilha que é necessário propor um outro modelo de organização para essas temáticas no Fórum, para superar uma sensação de informes dos setores e permitir maior participação do público de forma coletiva, de forma a alcançar sugestões menos individualizadas. Nesse sentido, Henrique Faulhaber, conselheiro do Comitê Gestor, mencionou a iniciativa de criar uma comissão permanente na instituição que trate dos temas relacionados a Conteúdos e Plataformas, formada por dois conselheiros e membros externos ao CGI, para que se possa avançar em ações mais consistentes no fomento a esse campo. A proposta da platéia é que os participantes do Fórum possam participar, ao longo do ano, das conversas dessa comissão, para que os debates do próximo ano sejam vistos como desdobramentos desses diálogos.

Desconferência REA

A comunidade REA Brasil organizou no dia 05/07 uma desconferência sobre Recursos Educacionais Abertos no II Fórum da Internet no Brasil que aconteceu em Olinda-PE. Um público de pelo menos 50 pessoas passou pela sala Ribeira.

Débora Sebriam fez uma pequena introdução sobre REA para os presentes que estavam se familiarizando com a temática. O livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas (também disponível em espanhol e inglês) foi destaque na conversa aberta e contou com a intervenção das autoras Lilian Starobinas abordando REA e Educação Básica e Cristiana Gonzalez falando sobre o debate em políticas públicos e a questão dos livros didáticos no Brasil.

Os Projetos de Lei que abordam REA não foram esquecidos e os exemplos pioneiros da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e o Projeto Folhas e Livro Didático Público do Governo do Estado do Paraná foram apresentados ao público.

A plateia também participou! Representantes do Coletivo Puraquê, Fora do Eixo, setor acadêmico trouxeram suas experiências e relatos de apoio aos Recursos Educacionais Abertos enfatizando o seu papel relevante para a educação. Veja alguns pontos levantados na intervenção da plateia:

  • acesso a todos a educação e a materiais de qualidade,
  • melhor aproveitamento dos recursos públicos investidos em material didático,
  • liberdade e a criatividade de produção,
  • colaboração, participação e compartilhamento,
  • produção de conteúdos locais.

Relatório das Trilhas de Debate

Os relatórios sintéticos das trilhas com os principais temas e reflexões debatidos já estão online, acesse aqui.

Participe

Se você participou de alguma outra trilha de debate e quer contribuir e deixar registrado o seu relato para a Comunidade REA envie o texto pra gente!

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Portal Índio Educa – Festival da Cultura Digital

O que é ser índio no Brasil? Imagine essa história contada pelo povo indígena e usando todo o potencial da internet para compartilhar e construir a cultura colaborativamente?

Sebastian Gerlic, coordenador do projeto Índio Educa, esteve presente na Desconferência REA no Festival de Cultura Digital e compartilhou conosco este interessante projeto. “O Índio Educa tem o compromisso de levar a verdadeira história e cultura dos povos indígenas a todas as pessoas e através das mais variadas formas, especialmente via internet.”

Abaixo o depoimento de Sebastian Gerlic ao Blog REA.



Atualmente, o portal adota a licença BY-NC-ND, mas após a desconferência e o entendimento sobre o que é REA,  a possibilidade de oferecer uma licença mais flexível que permita obras derivadas está sendo discutida.

Veja todas as fotos da Desconferência REA no Festival de Cultura Digital.

Desconferência REA no Festival de Cultura Digital

Passaram pela desconferência REA, no Festival de Cultura Digital no último dia 03/12, pelo menos 40 pessoas. Educadores, psicólogos, advogados, curiosos e pessoas realmente engajadas com a causa trouxeram seus apontamentos e experiências.

Reflexões acerca do próprio conceito de REA, licenças abertas, produção de REA dentro dos espaços educativos, professor autor, aluno autor, direito autoral, projetos de lei e experiências práticas de alguns dos presentes foram destaque.

Um relato muito interessante, foi o da profª Juliana Bastos da UniRio. Ela conta sobre o projeto Wikipédia na Universidade, voltado para que o aluno trabalhe com edição crítica na Wikipédia através de elaboração de conteúdo em História Antiga.

Para Juliana, usar a Wikipédia com os alunos é uma excelente oportunidade para que eles trabalhem habilidades e competências importantes, como leitura crítica, redação acadêmica, adequação a audiências específicas, criação de material didático e diálogo com o ambiente fora da academia.

Confira o depoimento de Juliana Bastos ao blog REA.



Nossa petição pública online também foi divulgada na desconferência, se você ainda não manisfestou o seu apoio não deixe de assinar.

Em breve mais relatos dos participantes e todas as fotos da desconferência aqui no blog.

REA no Festival da Cultura Digital

De 02 a 04 de dezembro, acontece a 3ª edição do Festival da Cultura Digital. O MAM Rio e o Odeon Petrobras, no Rio de Janeiro, serão ocupados por palestras, debates, encontros, atividades laboratórios, exibições e performances artísticas. A proposta é articular referências mundiais e redes expressivas, a partir de questões relevantes da conjuntura nacional e global – como a função da propriedade intelectual na era do conhecimento e os avanços do movimento software livre, que integram a essência da cultura digital.



O Projeto REA Brasil realizará uma Desconferência REA no dia 03/12, das 10h às 12h no espaço Encontro de Redes. Nossa proposta é realizar um batepapo aberto sobre a causa REA e buscar apoio da sociedade para os Projetos de Lei propostos no Estado de São Paulo e o Projeto de Lei Federal. Uma equipe de voluntários da Comunidade REA-Brasil e comunidades irmãs, como a Wikimedia, a Software Livre, Hackers, entre outros, estarão circulando durante todo o Festival divulgando REA.

Especificamente, entre nossas ações, estaremos focados em integrar o público do Festival a pensar projetos e as políticas públicas de REA. Também lançaremos e abriremos para assinaturas uma petição pública online de suporte a causa REA, que posteriormente, será enviada ao Congresso Brasileiro e ao Ministério da Educação. Os participantes do Festival também poderão deixar sugestões, críticas e manifestações de apoio nos cartazes sobre REA que espalharemos no MAM.

Acompanhe tudo o que acontece no Festival através do Blog REA, do @reanetbr no Twitter, do nosso grupo no Facebook e ajude-nos a divulgar a desconferência nas suas redes de relacionamento.

Se você estiver no Rio de Janeiro não deixe de aparecer e junte-se a nós!

Confira a programação em Festival da Cultura Digital

Saiba como foi a desconferência REA no Fisl

A importância do uso de materiais didáticos digitais livres foi o centro da discussão da desconferência REA no Fisl, que ocorreu ontem, em Porto Alegre. Além dos membros da comunidade REA, o público participou intensamente, o que permitiu um debate rico sobre o assunto.

Para saber mais detalhes da desconferência, leia o post de Alexandre Kupac, membro da comunidade do software livre, publicado em seu blog.