Fórum sobre políticas públicas de REA acontece em Paris

A Unesco e a organização intergovernamental Commonwealth of Learning (COL) promoveram um fórum em Paris, no dia 1º de dezembro, com o objetivo de avaliar as políticas públicas vigentes na área e debater sugestões para suas próximas etapas.

Partindo do princípio de que o uso de recursos educacionais abertos pode direcionar melhor os investimentos em educação e aumentar seus impactos, foram apresentadas e discutidas formas de aplicação dessa ideia, além de ressaltada a relevância do uso de REA em países em desenvolvimento, o que pode contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. Ainda entre os principais objetivos do evento, estava a reunião de propostas para que a própria Unesco e a COL possam articular ações em conjunto com instituições que tratem de temas relacionados, como as licenças abertas.

A mestre em política pública pela Universidade da Califórnia e diretora do Programa de Educação da William and Flora Hewllet Foundation, Barbara Chow, fez uma apresentação sobre como os governos podem apoiar os recursos educacionais abertos. Entre os pontos levantados, destacaram-se o incentivo ao desenvolvimento de projetos, à formação de infraestrutura para aprimorar o acesso dos estudantes e à pesquisa e publicação de trabalhos sobre educação, a disponibilização de material livre online e a exigência de licenças abertas no conteúdo controlado pelo próprio governo.

Esta última medida foi reafirmada pelo presidente da COL, John Daniel, que acrescentou que isso deve ser feito não apenas com material educacional, mas com todo e qualquer conteúdo que propicie a aquisição de conhecimento. Ele ainda sugeriu que a Unesco se responsabilize por uma campanha mundial de abertura de licenças nas publicações, dando o suporte necessário para as instituições interessadas em participar.

As apresentacões feitas no fórum estão disponíveis aqui.

Experiências de politica pública para REA

Esta semana, dois eventos muito interessantes aconteceram nos EUA e foram transmitidos em forma de “webinar”.

O primeiro – “How to drive college costs down and quality up in TX and CA: Emerging textbooks solutions” – aconteceu na terça-feira, dia 16 de novembro, e focou soluções para a diminuição de preço de livros didáticos, ao mesmo passo em que a qualidade é mantida e aprimorada. Experiências dos estados da Califórnia e do Texas, nos EUA, foram discutidas, assim como novos modelos de negócio na área de publicação de livros didáticos e técnico-científicos. Foram palestrantes o Senador Dean Florez pela Califórnia, Dr. Charles Cook – vice-chanceler dos colégios comunitários de Houston, Texas, Eric Frank, president da Flat World Knowledge e Denins Passovoy, da Universidade de Texas em Austin.

Os temas discutidos foram a disparada de preços de livros universitários e didáticos, o impacto desses custos para estudantes, professores, instituições e governo; os esforços atuais na Califórnia e no Texas para a incorporação do livro didático aberto e de recursos educacionais abertos; os esforços de treinamento de professores no uso e elaboração de recursos educacionais abertos; e a possibilidade de redução de custos estudantis em quase 80 porcento, enquanto aumenta a qualidade, a acessibilidade e a inovação na educação. O seminário completo pode ser visto e ouvido aqui (em inglês). Outros webinars promovidos pela Flat World Knowldge podem ser vistos aqui.

Um dos exemplos de sucesso apresentados, e derivado da preocupação em relação aos altos custos de livros didáticos (nos EUA os preços de livros didáticos triplicaram na ultima década) e a necessidade de garantir o acesso dos estudantes a livros, foi a da Faculdade Comunitária de Cerrito (para uma versão mais completa, ver pagina 8 desta revista), que, desde 2008 adota livros didáticos abertos. Mas o beneficio não e somente a diminuição de custos para estudantes, mas também os benefícios para professores. Os livros, em suas versões digitais e online, funcionam como uma plataforma de trabalho que dá liberdade e controle sobre o conteúdo para o professor, aumentando a sua eficiência e motivação.

O segundo seminário – promovido pelo Open Couseware Consortium – aconteceu na quinta-feira, dia 18 de novembro, e contou com a apresentação de Reuven Carlyle, deputado estadual do estado de Washington, também nos EUA.

Naquele estado foi feita uma pesquisa de custos de livros diáaticos utilizados em 82% dos cursos com maior numero de estudantes (200.000 estudantes no total). Nesse sentido, cursos como o de história, biologia, matemática, entre outros foram abarcados na pesquisa. Deste estudo e outros complementares sobre a utilização de tecnologia para aprimorar a eficiência do aprendizado, gerou-se o “Plano Estratégico de Tecnologia” para aquele estado.

Esse plano liderou a mudança das compras públicas daquele estado de conteúdo proprietário para conteúdo aberto, garantindo ao estado e aos estudantes grandes economias. Para o Deputado Carlyle, a situação gerada foi de “win-win-win”, ou seja, alunos, professores e o os cidadãos que pagam impostos ganham. Para o estudante o ganho é claro: redução de custos relativos à sua educação, para os professores o ganho é relativo à ampliação de possibilidades de materiais, aprendizado e compartilhamento de técnicas de ensino, e para o contribuinte o ganho é a eficiência dos impostos, que acabam por ser investidos em um bem aberto a todos.

Nesse sentido o deputado apresentou uma iniciativa de investimento em recursos educacionais abertos e livros didáticos abertos que terá um custo de 750 mil dólares e gerará economias para aquele estado na faixa de 41 milhões de dólares. [1][2]

Adicionalmente, foi aprovada uma regulamentação naquele estado que determina que todo e qualquer financiamento pelo governo no desenvolvimento de recursos educacionais deve resultar em recursos educacionais licenciados abertamente à sociedade. Na concepção e justificação dessa regulação, o direito de acesso ao conhecimento por meio de recursos educacionais é considerado um direito básico daquela população. Parte da política que compreende o acesso ao conhecimento como uma questão de justiça social.