Aprovado PL 989/2011 sobre disponibilização de Recursos Educacionais Abertos

Foi aprovado no início da madrugada desta quinta-feira (20/12) o PL 989/2011, de autoria do deputado Simão Pedro, que institui a política de disponibilização de Recursos Educacionais comprados ou desenvolvidos por subvenção da administração direta e indireta estadual.

Início da Caminhada

Há aproximadamente 2 anos, começaram as conversas entre o movimento REA e o deputado Simão Pedro. Ele enxergou no movimento a chave para a modernização da dinâmica de aquisição de material didático por parte do Estado. Em entrevista publicada no livro  “Recursos Educacionais Abertos: Práticas colaborativas e políticas públicas”, Simão Pedro diz que os benefícios de um modelo como o de REA gera muitos ganhos para a sociedade, segundo ele …ganha o professor, que vai ter incentivo muito maior para melhorar suas aulas, adaptar conteúdos e vai poder produzir e divulgar conteúdos para seus colegas. Os alunos vão ter conteúdos mais interessantes e eficientes. E ganha também o poder público, que vai economizar um montante muito grande de recursos, já que ele hoje compra livros nos quais não pode mexer. Creio que isso tudo se reflita em um avanço muito grande na qualidade do ensino”. O parlamentar explica que atualmente “…o modelo de compra de material didático acarreta um duplo gasto. O governo subsidia a produção – pagando professores e pesquisadores – e depois é obrigado a comprar o que subsidiou. O REA resolve esse problema, pois cria um acordo em que um conteúdo produzido por instituição pública, financiado com recurso público, seja também de uso público”.

Em junho/2011, o deputado Simão Pedro em parceria com o Projeto REA Brasil embarcou nessa luta fomentando o Seminário Material Didático Digital: Recursos Educacionais Abertos e Qualidade na Educação, onde foram debatidas experiências de diversas instituições e contou com a presença e intervenção de educadores, jornalistas, editores, advogados e militantes da internet livre que ajudaram a garantir a qualidade dos debates, o que, para o projeto REA Brasil, serve como a indicação dos melhores e mais democráticos caminhos possíveis.

Ainda em 2011, o parlamentar apresentou o Projeto de Lei 989/2011, que institucionaliza Recursos Educacionais Abertos como política pública em São Paulo.

O Caminho da Consolidação

Após realização de seminário sobre o assunto na Assembleia Legislativa, o deputado Simão Pedro criou o Projeto 989/11 e participou de diversos debates, encontros, programas na TV Assembleia, reuniões com o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, além de sua participação no Encontro Mundial sobre Recursos Educacionais Abertos.

O PL recebeu seu primeiro parecer favorável no final de 2011 na Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Em 2012, o projeto recebeu mais dois pareces favoráveis importantes na Comissão de Educação e Cultura e Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, respectivamente nos meses de fevereiro e maio.

Próximos Passos

Depois de ser aprovado em plenário na noite de ontem, o PL 989/2011 segue para o Poder Executivo.

Contamos com o apoio de toda a Comunidade REA Brasil para divulgar a notícia em seus blogs e mídias sociais. Tuite usando a tag #reabr, divulgue o nosso grupo no Facebook (facebook.com/groups/reabrasil) e a nossa lista de emails.

Fontes:

Assembleia Legislativa – http://www.al.sp.gov.br/a-assembleia/agencia-de-noticias/noticia?id=332093

Site do Deputado Simão Pedro – http://simaopedro.com.br/aprovado-pl-9892011-de-simao-pedro-sobre-disponibilizacao-de-recursos-educacionais-abertos/

Entrevista do deputado Simão Pedro publicada no livro REA – http://www.artigos.livrorea.net.br/2012/05/uma-politica-estadual-de-rea-para-beneficiar-professores-alunos-e-o-poder-publico/

Lei do “livro didático aberto” é sancionada na Califórnia

É oficial e foi amplamente divulgada na mídia a iniciativa do governador da Califórnia, Jerry Brown, que aprovou dois projetos de lei (SB 1052 and SB 1053) que dará acesso gratuito a livros didáticos digitais com formatos livres e com licença aberta para mais de 50 cursos oferecidos por faculdades da Califórnia nos Estados Unidos. A legislação foi introduzida pelo Presidente do Senado, Tem Darrell Steinberg e aprovada pelo Senado da Califórnia. Os estudantes que quiserem adquirir cópias impressas dos livros não gastarão mais do que US$ 20 dólares por exemplar.

Segundo o Presidente do Senado em comunicado recente, “muitos estudantes estão pagando mais de US$ 1.000 por ano em seus livros, às vezes tendo de escolher entre comprar os livros que eles precisam, ou pagar para alimentação e outras despesas“.

A lei SB 1052 prevê a criação de um Conselho de Recursos Educacionais Abertos para desenvolvimento dos livros didáticos abertos ou “Free digital textbooks” (como são chamados nos Estados Unidos), esse conselho será formado por representantes da Universidade da Califórnia e outras instituições de ensino superior, e deverão analisar e aprovar o desenvolvimento de materiais abertos e promover estratégias para o acesso, produção e uso dos livros de código aberto. Já a lei SB 1053, prevê a criação de uma Biblioteca Digital que irá abrigar os livros didáticos abertos digitais e materiais relacionados.

Um ponto crucial da legislação da Califórnia é que os livros didáticos desenvolvidos serão disponibilizados sob a licença Creative Commons Atribuição CC-BY, que permitirá total liberdade para que outras pessoas usem, distribuam e criem trabalhos derivados com base no material digital, e ainda permitirá, que os autores ou criadores das obras recebam os créditos por seus esforços. A liberdade oferecida pela licença CC-BY permite que os professores adequem o conteúdo dos livros didáticos às necessidades dos alunos, permite que as empresas comerciais criem novos produtos à partir do material (como tutoriais em vídeo por exemplo) e abre as portas para a colaboração e melhoria dos materiais produzidos e publicados.

Espera-se que os primeiros livros didáticos abertos estarão disponíveis até o início do ano letivo de 2013-2014!

Essa é sem dúvida uma vitória enorme para a Califórnia, e um exemplo mais que bem-vindo de política pública, que visa alavancar o licenciamento aberto para economizar dinheiro dos cofres públicos e apoiar as necessidades de professores e alunos.

Vamos torcer para que exemplos como esse comecem a se proliferar e que o nosso país seja um dos precursores desse movimento. Atualmente temos em plenário o PL Federal 1513/2011 e o PL Estadual 989/2011 em São Paulo, além do decreto do município de São Paulo já sancionado em 2011 e da experiência de política educacional do Livro Didático Público no Paraná (2002-2010) que infelizmente foi interrompida pela gestão que assumiu após 20120. Consulte aqui no site REA a nossa seção de Políticas Públicas para REA e saiba mais.

Fontes de informação para essa matéria:

Gabinete online do Governador Jerry Brown – CA.gov

Los Angeles Times – Free digital textbooks offered as Gov. Jerry Brown signs bills

Creative Commons – California passes groundbreaking open textbook legislation

Algumas Notícias Relacionadas:

The Atlantic – California Takes a Big Step Forward: Free, Digital, Open-Source Textbooks

The Sacramento Bee – Brown OKs bill providing free digital textbooks

The Chronicle of Higher Education – Calif. Governor Signs Bills Giving Digital Textbooks and Other Help to Students

Inside Higher ED – New Calif. Laws Promote Digital Textbooks, For-Profit Transparency

Flat World Knowledge – Free Digital Textbooks Bill Signed in California

Edudemic – California College Students To Get Free Digital Textbooks

Educause – Free Digital Textbooks, More For-Profit Accountability Coming to California

Library Journal – Update: CA Creates Free Digital Textbook Library

TechCrunch – Why Do Colleges Need A Law For Free Digital Textbooks When We Have The Internet?

Relator do PNE e PL Federal REA fala sobre Políticas Públicas na UniBrasil

Entre 24 e 26 do mês de setembro, aconteceu a Semana de Estudos Interdisciplinares Sobre Recursos Educacionais Abertos promovida pela UniBrasil, Instituto Educadigital e Projeto REA. Veja programação e resumo do evento publicados anteriormente.

No site do deputado Angelo Vanhoni, relator do Projeto de Lei Federal REA Brasil – PL nº 1513/2011 que tramita na Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, tem matéria sobre a semana REA em Curitiba com colocações importantes do próprio deputado Vanhoni, Jairo Marçal (diretor acadêmico da UniBrasil), Antonio Marques (SEED-PR) e Débora Sebriam (Projeto REA Brasil).

Angelo Vanhoni falou aos acadêmicos dos cursos de pedagogia, educação física e sistemas de informação, além de coordenadores de curso e representantes da pós-graduação da instituição. O deputado disse que o projeto de lei que visa garantir o acesso livre aos recursos educacionais contratados pela esfera pública será analisado ainda esse ano na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

“A proposta estabelece que os recursos educacionais comprados pelo estado para serem utilizados em sala de aula possam ser também disponibilizados na internet de forma livre para todos que queiram acessar estes conteúdos, trabalhar com eles, recombiná-los ou desenvolver outros a partir deles”.

Vanhoni lembra também que o PL REA, “…é um projeto que certamente vai gerar muito debate. São interesses de diversas ordens que incidem sobre esta questão e há uma forte pressão do mercado. Para vocês terem uma ideia, o governo brasileiro é um dos maiores compradores de livros do mundo”.

Jairo Marçal, diretor acadêmico da Unibrasil e um dos responsáveis pelo Livro Didático Público do Paraná,  endossou a fala do deputado Vanhoni e falou da importância de políticas públicas que valorizem o professor e que empreguem melhor os impostos pagos pela sociedade:

“…o mercado do livro didático é extremamente poderoso. Hoje um livro didático deve custar em torno de 60 reais. Nós conseguimos produzir, envolvendo professores da rede num esquema de pesquisa com apoio da universidade e provar que o professor era capaz de produzir textos de qualidade e material impresso com a mesma qualidade gráfica das grandes editoras e a um custo muito reduzido. Nós conseguimos produzir e entregar ao aluno gratuitamente e o custo para o estado foi 2 reais por livro. Estou falando de livros de 300 a 400 páginas com impressão colorida! Foi um choque tão grande e quem acompanhou sabe que a mídia se mobilizou muito naquela época para nos criticar. Pena que isso não se transformou numa política pública de estado. Ou seja, essa iniciativa demonstrou que apesar das forças contrárias é possível a sociedade se mobilizar e fazer enfrentamentos interessantes contra as imposições do mercado”.

Continue lendo os depoimentos aqui.

REA foi tema de encontro para acadêmicos da UniBrasil

As Faculdades Integradas do Brasil e o projeto REA realizaram, de 24 a 26 de setembro, a Semana de Estudos Interdisciplinares sobre Recursos Educacionais Abertos. O evento, voltado para os acadêmicos dos cursos de Educação Física, Pedagogia e Sistemas de Informação, trouxe para a palestra de abertura o Deputado Ângelo Vanhoni, que falou sobre “A discussão política sobre REA”, e uma das  coordenadoras do Projeto REA Brasil, Débora Sebriam, que abordou o tema “REA: conceito, uso, criação e compartilhamento”.

Com auditório cheio no primeiro dia de evento, praticamente 100% dos discentes e docentes presentes nunca haviam ouvido falar sobre REA, mas ao longo da conversa todos acabam percebendo que conhecem alguns espaços e têm como práticas pedagógicas ações que se apoiam ou que poderão vir a se apoiar em REA.

Débora Sebriam, do REA Brasil abriu o evento dando uma palestra introdutória sobre o assunto, discutindo sobre o conceito e a importância de REA, domínio público, licenças e formatos abertos, direitos autorais, repositórios do MEC, professor como autor de conteúdo e a necessidade do acesso a uma educação de qualidade por todas as pessoas e também com a participação das pessoas.

O Deputado Ângelo Vanhoni contou um pouco sobre o encontro relacionado aos recursos educacionais abertos, que aconteceu na sede da UNESCO, em Paris, com a participação de representantes de diversos países. Segundo ele, a experiência já está se consolidando na Inglaterra, na Califórnia e em outros estados americanos. “No Brasil tramitam projetos na Câmara dos Deputados a fim de garantir que as compras realizadas pelo estado brasileiro tenham conteúdos que estejam disponibilizados em rede livre, oportunizando a todos utilizar e contribuir para a produção desses conteúdos a fim de desenvolver a educação em todo território nacional”.

O deputado também comentou sobre a inclusão de REA em algumas metas do Plano Nacional de Educação que recentemente foi enviado ao Senado, além de refletir sobre o percurso que ainda temos pela frente. Não será fácil aprovar uma lei sobre REA devido a pressão que sofreremos das grandes corporações, mas temos que continuar a debater essa questão e envolver cada vez mais atores da sociedade civil para que se apropriem e disseminem REA. Angelo chama a atenção para as licenciaturas das universidades brasileiras e questiona o que exatamente vem se falando sobre REA nos cursos de formação de professores.

Copie, remixe e use as apresentações seguintes REA: conceito, uso, criação e compartilhamento e Políticas Públicas no Brasil

Experiências Nacionais de REA

A 2ª noite de evento foi marcada por políticas públicas em tecnologia educacional no Paraná na apresentação da profa. Cineiva Paulino e algumas experiências de REA no Brasil com Mary Lane Hutner, professora da UniBrasil, que falou do projeto Folhas e Livro Didático Público, um projeto de Política Educacional implementada no estado do Paraná (2003-2010) com o objetivo de disponibilizar Recursos Educacionais Abertos.

O projeto Folhas é basicamente um processo de formação continuada dos professores, por meio da produção colaborativa de textos de conteúdos pedagógicos,  que  constituíram material didático para os  alunos e apoio ao trabalho docente. Devido a uma demanda da época (a compra de livros didáticos para o ensino médio), do Projeto Folhas acabou nascendo a ideia do Livro Didático Público que é composto basicamente de:

  • Texto de apresentação para cada conteúdo estruturante
  • Os Folhas partem de um problema e são  escritos com base em referência bibliográfica específica da disciplina, numa linguagem que busca contextualizar o conteúdo e fazer relações interdisciplinares.
  • Atividades de pesquisa e debates

Débora Sebriam, apresentou alguns projetos REA no Brasil, como o Portal do Professor, Domínio Público, Educopédia, Centro de Referência Paulo Freire, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Biografia colaborativa da Lea Fagundes e seus detalhamentos quanto a formato e licenciamento, além de publicação de material pelos professores em alguns desses espaços.

Talita Moretto, coordenadora de Programa Jornal e Educação (Projeto Vamos Ler / Jornal da Manhã) e professora de Mídias Digitais, trouxe sua experiência com recursos educacionais abertos, tecnologias digitais e uso de mídia na educação.  Para Talita, saber como utilizar os conteúdos é imprescindível antes de começar a publicar. É importante abordar a legalidade quanto ao que fazemos dentro dessas mídias. Ainda é pouco falado e considerado o direito digital e as pessoas se confundem sobre o que é “compartilhar”e o que é “se apropriar” de conteúdo de terceiros. Então, ao explicar sobre as leis que fiscalizam o mundo virtual falei sobre o Creative Commons e, consequentemente, sobre o REA. Nenhum aluno conhecia. Mostrei como funcionava o CC e, inclusive, levei materiais licenciados para eles perceberem que realmente existe.  O REA é o caminho para melhorar a educação de todos quanto à ética de uso e o bom senso, além de saber que é um material de qualidade diante de tantas coisas que encontramos sem curadoria na rede.

O evento terminou na noite do dia 26, com Awdrey Miquelin (UTFPR), falando sobre o papel do conhecimento tecnológico e a prática educacional em sala de aula e Antônio C. C. Marques (SEED-PR), que falou sobre Educação, tecnologia e software livre.

Leia mais sobre a abertura do evento em UniBrasil.

Veja aqui alguns materiais complementares:

 

UniBrasil e Projeto REA promovem seminário em Curitiba

Acontece entre 24 e 26/09 em Curitiba, no campus da UniBrasil, a Semana de Estudos Interdisciplinares sobre Recursos Educacionais Abertos. O evento é uma parceria entre a UniBrasil e o Instituto Educadigital, organizado pelo Projeto REA, Curso de Pedagogia, Licenciatura em Educação Física e Sistemas de Informação da UniBrasil e ocorrerá no Auditório do Bloco 6. São esperados mais de 400 graduandos das licenciaturas da instituição! Pessoas de fora da instituição também poderão participar via inscrição prévia.

Em agosto, fizemos uma chamada e um outro lembrete foi enviado semana passada na lista REA, convidando as pessoas a se candidatarem para estar conosco e levar as suas experiências!

Veja como ficou a programação do evento:

24/09/2012 das 19h00 às 22h00

19h às 19h30 – Abertura Institucional
Direção e Coordenação da UniBrasil 
 
19h30 às 20h30 – Débora Sebriam (Projeto REA Brasil)
REA: conceito, uso, criação e compartilhamento
 
20h30 às 20h50 – Intervalo
 
20h50 às 21h30 – Deputado Angelo Vanhoni
A discussão política sobre REA
 
21h30 às 22h00 – Lançamento do livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas (algumas unidades impressas  estarão a venda)
 

25/09/2012 das 19h00 às 22h00

19h às 20h – Cineiva Paulino (UniBrasil)
Casos de ferramentas e recursos para formação de professores
 
20h às 22h – Experiências Nacionais de REA 
Débora Sebriam – Projeto REA Brasil/Instituto Educadigital
Projetos REA no Brasil
 
Mary Lane Hunter – UniBrasil
Projeto Folhas e Livro Didático Público
 
Talita Moretto – Coordenadora do Programa Jornal e Educação e professora de Mídias Digitais
REA no ensino superior
 
26/09/2012 das 19h00 às 22h00
 
19h às 20h30 – Awdrey Miquelin (UTFPR)
O papel do conhecimento tecnológico e a prática educacional em sala de aula
 
20h50 às 22h30 – Antônio C. C. Marques (SEED-PR)
Educação, tecnologia e software livre

Especialistas falam sobre Recursos Educacionais Abertos

O Gabinete Digital do Governador, publicou um vídeo com depoimentos de especialistas participantes do Seminário Recursos Educacionais Abertos (REA), realizado em Porto Alegre (12/09) e que debateu conceito e potencialidades de REA, assim como, apresentou projetos inovadores em educação.

Leia também: Seminário promoveu reflexão sobre Recursos Educacionais Abertos

Governo do RS e Projeto REA Brasil promovem seminário

O Seminário Recursos Educacionais Abertos aconteceu em Porto Alegre, no último dia 12/09, na Casa Mário Quintana. (veja programação e anúncio aqui). O evento é uma promoção conjunta do Projeto REA BrasilInstituto Educadigital e Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretarias de Educação, de Comunicação e Inclusão Digital, e do Gabinete Digital do Governador.

O objetivo do evento foi proporcionar um espaço de debate e reflexão com representantes do governo do Estado do Rio Grande do Sul e os representantes dos Núcleos de Tecnologia Educacional que em sua grande maioria teve a sua primeira aproximação com a tema REA.

O evento foi aberto pela diretora do Departamento de Logística e Suprimento da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Ana Cláudia Figueroa, e pelo diretor de Inclusão Digital da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital (Secom), Gerson Barrey.

Após a abertura, Débora Sebriam e Priscila Gonsales iniciaram a parte introdutória a REA, propondo uma dinâmica a todos os presentes. Eles deveriam se posicionar em uma linha de concordância ou discordância sobre a afirmativa: autoria é sinônimo de propriedade. A maioria do grupo de quase 100 pessoas se posicionou contrário a afirmativa. Encerramos essa parte com a apresentação do vídeo “Drive”.


Drive from EISE on Vimeo.

Em seguida fizemos uma “apresentação-debate” sobre a origem, o conceito, as potencialidades, formatos e licenças abertas, projetos no Brasil, novos modelos de negócio em REA, sempre com a intervenção e participação do grupo.



 Fechamos essa primeira parte do encontro com o seguinte desafio aos participantes:

Vocês irão lançar um livro com uma coletânea das produções dos NTE’s e publicar na internet. Como vocês compartilhariam esse conteúdo?

Escolha o(s) formato(s) e uma licença para o livro e justifique a sua escolha.

Três licenças foram levantadas – CC-BY, CC-BY-SA E CC-BY-NC e após um debate entre os participantes e considerando a sua posição de servidores públicos, a maioria achou interessante a adoção da licença CC-BY-SA, para garantir que obras derivadas não se tornem restritivas ou fechadas.

O período da tarde foi dedicado a debater sobre alguns projetos inovadores em REA e políticas públicas no Brasil.

REA e iniciativas inovadoras em educação


Anderson Duarte – Rede Social Educativa REDU  

Anunciou aos presentes que o REDU (um verdadeiro mix de AVA com rede social), uma plataforma de ensino que foi construída tendo como base as interações sociais, prevê uma área de Recursos Educacionais Abertos dentro da própria plataforma para que os professores possam inseri-los em seus espaços de sala de aula online.



Rafael Pezzi (UFRGS) – Centro de Tecnologia Acadêmica 

O Centro de Tecnologia Acadêmica (CTA) vinculado ao instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem como objetivo o desenvolvimento de projetos científicos e tecnológicos compatíveis com o compartilhamento de conhecimento, natural do espírito científico, fomentando o desenvolvimento e adoção de tecnologias livres e recursos educacionais abertos. Ele abordou os projetos de Estação Meteorológica Modular e Blender Topográfico.


Eduardo Nogueira – Duda Library 

Duda Library é um software livre que mapeia, indexa, armazena e redistribui Recursos Educacionais Abertos promovendo o uso educativo em escolas com pouca ou nenhuma conexão com a Internet. Segundo Eduardo Nogueira, a ideia é termos o Duda Library Central, que será responsável por indexar e fazer o download dos REAs dispostos em diversas Fontes de REAs (Ex: Domínio Público, Khan Academy, Portal do Professor, etc.). Após esta fase, o sistema o “empacota” e cria um formato padrão. Na outra ponta, no servidor da escola/comunidade, você pode instalar o Duda Library e baixar os conteúdos da Central pela Internet (durante a madrugada, por exemplo, fazendo um uso eficiente da conexão) ou HD Externo/pendrive. Os alunos/comunidade poderão então acessar os REAs pelo navegador. A disponibilidade da API permitirá a criação de aplicativos para tablets/desktops/celulares. Leia entrevista ao site REA aqui.


Priscila Gonsales – Projeto Biografia Colaborativa da Lea Fagundes

Colaboração em rede e licença aberta é o caminho que se busca para a construção dessa biografia e vem dando certo! Nos últimos dias o IED comemorou uma etapa importante e bem-sucedida do projeto. Com 213 apoiadores, a parte audiovisual da biografia, um vídeo-entrevista com a própria Léa Fagundes, foi financiada na plataforma de crowdfunding Catarse e será produzida nos próximos meses.



Políticas Públicas de REA no Brasil

Para fechar o evento Mary Lane Hutner e Débora Sebriam falaram sobre políticas públicas que apoiam e incentivam REA no Brasil como o Projeto Folhas e o Livro Didático Público no Estado do Paraná e os Projetos de Lei Federal e PL Estadual de São Paulo, além do Decreto REA da cidade de São Paulo e o PNE. Veja apresentações abaixo.



No nosso canal do Flickr você pode ver todas as fotos registradas no evento.

Notícias vinculadas:

Gabinete Digital: Governo do RS promove Seminário sobre Recursos Educacionais Abertos

Secretaria de Educação do RS: NTEs discutem uso de recursos educacionais abertos

PL sobre Recursos Educacionais Abertos é apresentado em São Paulo

No dia 04/09, o deputado estadual Simão Pedro foi recebido pelo secretário Estadual da Educação, Herman Voorwald em seu gabinete. O objetivo foi debater o seu Projeto de Lei 989/2011, que institui política de disponibilização de Recursos Educacionais comprados ou desenvolvidos por subvenção da administração direta e indireta estadual.

Simão Pedro foi acompanhado por sua assessoria e também por Debora Sebriam e Pedro Markun (ambos representantes do REA-Brasil). Na oportunidade, o deputado comentou sua ida à França, em junho deste ano, para participar do Encontro Mundial sobre Recursos Educacionais Abertos, promovido pela Unesco. O objetivo do congresso é incentivar os governos a adotar políticas que incluam REA, e foi contando com a participação do governo do Estado nesta causa que Simão Pedro solicitou a demanda para o secretário.

Herman já tinha dito em uma audiência pública na Assembleia Legislativa que havia interesse do Estado em disponibilizar os conteúdos educacionais da sua pasta na internet e que estava vendo os meios jurídicos para dar concretude. Simão Pedro explicou para o secretário que este é um movimento mundial e que, portanto, São Paulo não pode ficar de fora. “O Estado está atrasado, o município já disponibiliza os recursos educacionais na rede”, comentou. “Estive reunido com a assessoria do Ministério da Educação que está estudando a viabilidade da implantação do REA no Brasil”. “São Paulo tem que começar e o primeiro passo seria aprovando meu Projeto de Lei”, reforçou.

O secretário se comprometeu a encaminhar o projeto ao departamento jurídico da secretaria para que, caso aprovado, sua pasta pudesse entrar na era do Creative Commons. O Projeto de Lei 989/2011 já foi aprovado em todas as Comissões Permanentes e está pronto para ser votado. Sua aprovação garantiria a participação do REA no Estado.

REA

Recursos Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento. (Unesco/Commonwealth of Learning com colaboração da Comunidade REA-Brasil, 2011).

PL 989/2011

O Projeto de Lei 989/2011 institui política de disponibilização de Recursos Educacionais comprados ou desenvolvidos por subvenção da administração direta e indireta estadual. Os Recursos Educacionais desenvolvidos pela administração deverão ser disponibilizados em sítio eletrônico destas instituições ou no portal do governo estadual e licenciados para livre utilização, compreendendo a cópia, a distribuição, o download e a redistribuição, desde que observadas a preservação do direito de atribuição do autor e a utilização para fins não comerciais.
Segundo Simão Pedro, autor do projeto, o direito fundamental à educação inscrito no artigo 6º da Constituição Federal só pode ser plenamente pensado pelo Estado se este, num esforço contínuo, der a oportunidade a todos de acesso a toda forma moderna e inclusiva de educação.

“É a idéia presente no chamado Creative Commons, que propõe que muitas pessoas podem pensar melhor sobre um determinado assunto, agindo colaborativamente em busca de melhoras para todos. A administração pública tem papel fundamental na produção de Recursos Educacionais, tanto para uso na sua rede de ensino, como na produção técnico científica”, afirma Pedro na justificativa.

Fonte: Alesp e UNALE

Relato publicado na Comunidade REA Brasil por Pedro Markun

O Deputado Simão Pedro, que apresentou o PL de REA Estadual, marcou uma conversa com o Secretário Estadual de Educação de São Paulo, Herman Voorwald,  para falar um pouco de REA e tentarmos construir uma política conjunta, já que eles vão começar a disponibilizar o material didático já existente online no ano que vem.

A conversa foi bacana e a Secretaria Estadual de Educação já está bastante alinhada filosoficamente com a coisa apesar de não saber muito sobre licenças, formatos e etc.

Recentemente, eles mapearam todos os direitos e autores dos materiais (que foram feitos em 2009, acho…) e depois de identificarem eventuais figuras, mapas e outros conteúdos problemáticos foram atrás dos autores pra negociar a liberação :). [E isso é um feito bastante notável… já que foi o grande gargalo nas conversas com a FPA tempos atrás.]

Com o que não rolou, eles fizeram um processo muito legal de chamar professores da rede para uma consultoria e validar, revisar e no processo substituir eventuais conteúdos protegidos.

[Sobrou algumas coisas, sobretudo mapas… fiquei de colocar eles em contato com o projeto do OSM]

Enfim, o secretário ficou interessado na história e deixou a coisa nas mãos da Leila, que está pilotando esse processo. Ela sai de licença agora e volta no fim de setembro e a Débora Sebriam ficou de articular uma segunda conversa no fim do mês.

No mais, falamos também de desenhar um seminário lá na Secretaria de Educação sanar possíveis dúvidas.

Em entrevista sobre PNE, Nelson Pretto defende política de incentivo a REA

O professor Nelson Pretto trouxe em sua coluna mensal no Terra Magazine, um diálogo em forma de entrevista, que teve com o jornalista Albenízio Fonseca, ex editor do Caderno Dois do jornal A Tarde na Bahia.

Ele fala sobre o II Plano Nacional de Educação que está agora no Senado e defende políticas de incentivo a produção de Recursos Educacionais Abertos.

Destaco alguns trechos abaixo:

O país precisa compreender a importância de um forte investimento na educação, incluindo uma profunda reformulação nas concepções curriculares, no fortalecimento do professor, com oferta de formação continuada e montagem de redes de aprendizagem e formação permanentes e uma profunda reestruturação das edificações escolares. Precisamos de forte investimento na pesquisa sobre a arquitetura e a educação, na intensificação de produção de Recursos Educacionais Abertos, entre tantos e tantos outros aspectos. E essas tecnologias estão aí justamente para fortalecer essa outra perspectiva de educação e do professor que é mais a de repassador de informações. Assim, precisamos de mudanças legais e investimento – e muito – não só na educação, mas em diversas outras áreas, para viabilizar que a escola seja um espaço rico de produção de culturas e conhecimentos. Precisamos de uma radical mudança na Lei de Direito Autoral, uma política para incentivar os Recursos Educacionais Abertos, um Plano Nacional de Banda Larga de verdade, que contemple todas as escolas com adequada velocidade e equipamentos para o acesso pleno ao ciberespaço. Isso porque para nós, do grupo de pesquisa na Faculdade de Educação da UFBA, a tecnologia traz para as escolas as diversas linguagens contemporâneas. A tecnologia não entra para ajudar a escola. Ela entra como uma nova possibilidade para a escrita e como um instrumento de produção de conhecimento e o nosso objetivo é fortalecer professores e estudantes como produtores de culturas.

Leia a entrevista completa no Terra Magazine.

REA e Políticas Públicas

Uma das grandes missões do projeto REA Brasil é prover inovação em política pública de educação.  O deputado Angelo Vanhoni – relator do Projeto de Lei Federal REA Brasil – PL nº 1513/2011, de autoria do deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP), que tramita na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados fez um relato em seu site sobre o tema e sobre sua participação no Congresso Mundial de REA realizado em Paris, enfatizando a necessidade de políticas públicas .


Caras senhoras, caros senhores:

Primeiramente gostaria de agradecê-los a oportunidade de estar aqui com todos vocês que vêm de todas as partes do mundo para discutir um tema que é querido ao meu coração: como melhorar a educação através de formas inclusivas e, especialmente, como os Recursos Educacionais Abertos (REA) podem ser um elemento crucial para mover esse debate para a frente e implementar soluções concretas. Neste sentido, agradeço a UNESCO, o Common Wealth of Learning por organizar esta reunião de perfil tão elevado, e a todos vocês que estiveram no debate REA por, provavelmente, muito mais tempo do que eu.

Eu também quero agradecer a alguns dos meus colegas brasileiros, especialmente o deputado federal Paulo Teixeira – autor da Lei Federal REA no Brasil, da qual sou o relator – e que me convidou para embarcar em uma viagem incrível pelo mundo da Educação Aberta; meu colega também aqui presente hoje conosco, o deputado estadual Simão Pedro, autor do Projeto REA de São Paulo, que pode ser aprovado nas próximas semanas; os meus colegas do Ministério das Relações Exteriores, que têm avançado a questão do acesso ao conhecimento na agenda internacional por tantos anos, incluindo exceções e limitações melhores para a educação, e, por fim, mas não menos importante, a Carolina Rossini, que não pôde estar conosco nesta ocasião, e sua equipe da comunidade do projeto REA-Brasil, que vem avançando este debate no Brasil por tantos anos e tem sido capaz de engajar tantos de nós. Nesse sentido, eu também gostaria de aproveitar a oportunidade para convidá-los para a oficina que ela e seus colegas organizaram no evento paralelo da sociedade civil e da academia, logo atrás daquelas portas.

No Brasil, como no exterior, a realidade da maioria dos recursos educacionais é que eles são restritos a um conjunto de atores tradicionais, com acesso através do emprego institucional ou de inscrição. Como tal, muitos materiais educacionais podem custar muito para se ter acesso ou, se o acesso é livre, ter restrições de direitos autorais que bloqueiam a reutilização criativa, restringindo as ações de remixagem essenciais para a atividade pedagógica moderna. Isso segue o mercado econômico de recursos educacionais, o que é um típico mercado de vendas de conteúdo. Os materiais didáticos são empacotados como bens protegidos por direitos autorais que têm de ser comprados de uma loja ou acessados por meio de taxas, ou por meio de repositórios de acesso restrito, ou diretamente do produtor-editor.

Esta realidade é diretamente desafiada por uma outra realidade: a da produção em pares, descentralizada e colaborativa, proporcionada pela Internet. Recursos educacionais estão sujeitos a muitos dos efeitos da rede, assim como ocorre com enciclopédias e software. Os recursos educacionais são obras protegidas por direitos autorais, são modulares, são recombináveis ​ – como deveriam ser, já que precisam ser relevantes para diferentes necessidades culturais e regionais. Mas eles também estão sujeitos a um conjunto de pressões incomuns, da estrutura de negócos tradicionais da indústria editorial, ao papel ampliado no mercado dos governos que compram a grande maioria dos livros didáticos e outros materiais.

REA são materiais de ensino, aprendizado e de pesquisa em qualquer meio que estão no domínio público ou que tenham sido disponibilizados sob uma licença aberta que permite o seu uso livre e readaptação por outros. O uso de formatos abertos de arquivos melhora o acesso e o potencial de reutilização de REAs que são desenvolvidos e publicados digitalmente. Recursos educacionais abertos podem incluir cursos completos, materiais didácticos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, exames, software e quaisquer outras ferramentas, materiais ou técnicas utilizadas para apoiar o acesso ao conhecimento. A importância desta definição é que ela reflete claramente como a discussão está alinhada no Brasil dentro de um movimento mais amplo de acesso ao conhecimento e de direitos do consumidor.

Um consenso começou a se formar em todo o mundo de que o livro tradicional e recursos educacionais podem ser um modelo ultrapassado em alguns níveis. Recursos Educacionais Abertos (REA), o foco do nosso trabalho durante este evento de 3 dias em Paris, a Cidade Luz, oferecem uma alternativa de conteúdo livre e aberto, e novos modelos de negócios estão surgindo e devem ser levados em conta para gerar empregos e inovação no mercado. Mas não podemos nunca esquecer que educação não deve ser regida apenas pelo mercado, porque na verdade educação é um direito humano e fundamental.

A filosofia REA trata materiais educativos como bens públicos a partir dos quais todos devem ter o direito de se beneficiar. Esta opinião é corroborada pela noção de que o próprio conhecimento é um produto coletivo social que naturalmente forma um bem comum que deve ser acessível a todos. REA, quando adequadamente desenhado e quando reflete a interoperabilidade técnica e legal, incentiva e permite a produção e o compartilhamento aberto, bem como o acesso a conteúdos e recursos educacionais. Isso por si só é um bem valioso da sociedade e aumenta o potencial do valor dos investimentos realizados na educação pelo governo. REA cria a oportunidade para uma mudança mais fundamental e transformadora: a alteração do consumo passivo de recursos educacionais, para o engajamento formal de educadores e educandos no processo criativo de desenvolvimento de conteúdo da educação em si.

Essa discussão é extremamente relevante neste momento histórico no Brasil. Estamos num ponto de virada na história política brasileira. Apesar de muitas pessoas ainda temerem a abertura e a transparência, o Brasil assinou a declaração internacional sobre governo aberto. O Brasil também aprovou a legislação sobre acesso à informação pública, que entrou em vigor em maio de 2012, aprovou legislação local que dá preferência ao uso de software livre na administração pública, e está discutindo a política de aplicação relacionada com recursos educacionais abertos (REA) em diferentes níveis governamentais. O Brasil também está reformando sua lei de direitos autorais, com o fim de obter um melhor equilíbrio para a sociedade. É também um momento para o qual tenho dedicado meus dias e noites ao longo dos últimos meses, discutindo o Plano Nacional de Educação, uma política que define os próximos 10 anos da estratégia educacional e metas para o Brasil.

A educação é um dos mais importantes instrumentos de inclusão social, essencial para a redução das desigualdades.

O Plano Nacional de Educação (PNE) representa o nível mais alto da política educacional no Brasil. Formulado através de um processo participativo, que resultou em um texto beneficiado por mais de 3.000 sugestões, envolvendo a sociedade civil, o Executivo e o Congresso, o Plano estabelece diretrizes, metas e prioridades a serem implementadas até 2020. Ele foi precedido pelo PNE 2001-2010 e pretende apresentar uma visão sistêmica da educação através de 20 objetivos. Dentre as principais metas do PNE, estão:

a) introduzir o Custo Aluno Qualidade;
b) ampliar o acesso às crianças de 0-3 anos;
c) universalizar a pré-escola;
d) universalizar a alfabetização e ampliar a escolarização;
e) valorizar os professores com vistas à qualidade;
f) implementar o princípio da gestão democrática;
g) incluir pessoas com necessidades especiais, dentre outras.

E sim, contemplamos REA no Plano Nacional de Educação, onde eles são mencionados em três diretrizes como parte das metas educacionais para 2020, conforme itens 5.3, 7.11 e 7.13 da última versão do projeto de lei do PNE.

A filosofia REA também encontra um terreno fértil para florescer na Internet, onde a expansão das tecnologias digitais rompe barreiras pré-rede de espaço, tempo e moeda, permitindo o surgimento de resultados socialmente benéficos, tais como novas formas de produção de conhecimento e distribuição. E esta é uma realização fundamental em um momento em que o Brasil implementou o plano nacional de banda larga (PNBL) que, até 2015, vai conectar nossas mais de 85 mil redes de escolas públicas rurais e urbanas. O Congresso brasileiro também está em ritmo avançado de discussões para aprovar o Projeto de Lei que cria o Marco Civil da Internet, com princípios básicos garantindo direitos dos usuários, bem como salvaguardas para provedores de Internet, e a implementação da neutralidade da rede, os quais serão essenciais para a inovação da Internet e para propiciar modelos que incentivam os REA.

Fico feliz em lhes fornecer mais detalhes sobre os Projetos de Lei em discussão no Brasil. Logo vamos publicar o nosso relatório e uma nova versão da Lei Federal sobre REA. Desse modo, as sugestões das Senhoras e dos Senhores, como especialistas em REA, são muito bem-vindas. Em suma, ambas as leis, Federal e Estadual, estabelecem que recursos educacionais publicamente financiados – direta ou indiretamente – devem ser abertos para a sociedade através de regimes de licenciamento aberto e de graça ou a baixo custo. Além disso, ambos os projetos prevêem que o governo vai investir, e apoiar o desenvolvimento de uma rede nacional de repositórios abertos, para que as pessoas possam facilmente encontrar e acessar materiais REA produzidos no Brasil.

Brasileiros acessam materiais REA de todas as partes do mundo, e estamos entre os 10 maiores usuários da plataforma científica aberta chamada Connexions, por exemplo. Assim, agora é hora de contribuirmos de volta. A língua ainda é uma barreira, mas estamos felizes com as grandes possibilidades de colaborar com os países de língua Portuguesa, da Europa, da África e da Ásia.

É também um momento em que o conceito de educação aberta, conforme definido pela Declaração de Educação Aberta, da Cidade do Cabo, de 2007, começou a ser refletido em algumas práticas que implementam projetos de REA na sala de aula. O projeto REA-Brasil trabalha proporcionando capacitação e mapeamento de tais iniciativas. Mas também é hora de todos nós nos perguntarmos qual é o papel do governo no engajamento direto para desenvolvimento e apoio a projetos que tenham como objetivo desenvolver REA com qualidade e impacto.

Mas, para isso, precisamos de suas ajudas nos mostrando boas políticas e práticas, e quais têm sido, até agora, seus impactos concretos no fornecimento de um acesso mais democrático à educação.

A principal mensagem que promove os recursos educacionais abertos no Brasil é que recursos educacionais realizados com financiamento público devem ser licenciados de forma aberta e REA é necessário para promover os direitos humanos internacionais e o direito Constitucional brasileiro à educação. Esta mensagem também é apoiada pela necessidade de inovação no mercado editorial, no ensino e na aprendizagem de metodologias, e para a revalorização dos professores.