Material REA para os povos originários da América Latina

Por Jorgelina Talei • Profª da UNILA • Membro da Comunidade REA.br

A Universidade Federal de Integração Latino-Americana (UNILA) inicia outro projeto REA, através da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) com o projeto “Materiais didáticos para os povos originários da América Latina”. O objetivo principal do projeto é difundir as línguas originárias presente na comunidade acadêmica da UNILA. O projeto conta com a colaboração de várias pessoas ativistas pela causa REA de diferentes pontos da América Latina, como México, Equador e Bolívia.

O projeto prevê uma série de oficinas abertas a comunidade acadêmica. Os temas tratados em todas as oficinas farão relação aos REA, cultura livre e recursos digitais abertos. Todo o material produzido nas oficinas ficará disponível em um site criado para este fim. A primeira oficina acontece nesta segunda-feira (01/06).

Entenda o Projeto Latin – Iniciativa Latinoamericana de Livros Didáticos Abertos


O Projeto Latin, constituído por nove universidades latino-americanas e três europeias, começou no início de 2012, financiado pela União Europeia no âmbito do Programa ALFA III. Seus principais objetivos são reduzir o problema do alto custo dos livros didáticos no ensino superior na América Latina e gerar conteúdo pensando em diferentes contextos, culturas e línguas.

A principal ação do projeto é a criação e disseminação da iniciativa latinoamericana de livros didáticos abertos nas universidades. Ele está sendo realizado através da implementação de  três componentes: estratégia de adoção, metodologias e plataformas de colaboração para a escrita colaborativa.

Os livros do Projeto Latin podem ser acessados de diferentes plataformas como celulares, tablets e leitores de livros digitais. É permitido imprimir e compartilhar graças a uma licença aberta que permite aos alunos imprimir, copiar e distribuir o material em qualquer mídia ou formato. E os professores modificar, adaptar e criar novos livros específicos para seus cursos.

Mapeamento de REA para o Ensino Básico na América Latina

Projeto de mapeamento de Recursos Educacionais Abertos (REA) em português e espanhol para ensino básico na América Latina recebe 25 mil dólares da Fundação Hewlett para iniciar desenvolvimento. O grupo é coordenado por Tel Amiel (NIED/Unicamp) em parceria com Open Knowledge Brasil, Instituto Educadigital/REA.br e EPSOL, no Equador.


 O projeto

Inicialmente, haverá duas áreas de atuação, sendo o objetivo da primeira delas fornecer um mapa de até 5 dentre as mais relevantes iniciativas relacionadas a REA em cada um dos seguintes 24 países: Argentina, Chile, Guatemala, Colômbia, Guiana, México, Belize, Haiti, Nicarágua, Suriname, Bolívia, Costa Rica, El Salvador, Honduras, Panamá, Peru, Brasil, Cuba, Jamaica, Paraguai, Venezuela, República Dominicana, Equador e Uruguai.

Um estudo profundo de cada iniciativa será conduzido para obter informações sobre o número de recursos que possuem, o tipo de descrição (registros e metadados), o software utilizado, os serviços técnicos oferecidos (Search, RSS, OAI-PMH, SQI API services), a origem dos recursos, dentre outros. Ou seja, será elaborada uma pesquisa sistêmica com informações descritivas importantes.

O conteúdo das iniciativas pesquisadas consiste no chamado “ensino básico” (K-12, em inglês) nos idiomas português e espanhol. Esta definição busca combater a escassez de estudos e discussões globais sobre casos que não sejam referentes nem aos Estados Unidos, nem à Europa. Ao unir parcerias na América Latina, o projeto também pode ajudar a promover o intercâmbio de ideias e recursos entre estes países, sobretudo entre Brasil, o único lusófono, e os demais. Da mesma maneira, a opção pelo ensino básico contraria a tendência observada de se pesquisar apenas REA aplicados ao ensino superior.

Paralelamente, uma outra parte dos integrantes deverá fornecer uma meticulosa descrição e argumentação para a escolha de uma estrutura (framework) leve, de código aberto, baseada na web e de licença aberta, que seria a plataforma do mapeamento de iniciativas de REA em todo o mundo. Há uma outra importante opção a se destacar: a descentralização, ou federalização, em detrimento de um repositório central e unificado.

Fase 2

Após a reunião dos beneficiados, que ocorrerá em Abril, é possível que a Fundação Hewlett ofereça uma nova doação a um ou a alguns dos projetos já contemplados. Ainda que estejam indeterminadas estas informações, a continuidade de ao menos um projeto é esperada, já que todos serão protótipos de sistemas de mapeamento de todas as iniciativas globais em REA.

Neste momento, o foco do grupo será a construção da infra-estrutura definida que permitirá que sejam colhidos e conectados os múltiplos portais e iniciativas através de uma teia abertamente interligada de dados e de valores semânticos.

Por ser federado e descentralizado, o objetivo é permitir aos outros que “roubem este portal”, a fim de que façam a rede de recursos e a redundância dos dados crescerem. Dessa maneira, será permitido aos usuários a criação de coleções off-line para uso local dos REA, dado que a qualidade das conexões de Internet ainda é precária em algumas regiões da América Latina.

Realizadores

Tel Amiel é pesquisador do Núcleo de Informática aplicada à Educação (NIED/Unicamp. É coordenador do grupo de trabalho Educação Aberta, focado em realizar pesquisa e desenvolvimento em torno de configurações emergentes de ensino aprendizado envolvendo ambientes formais e não formais. Possui particular interesse na escola pública de ensino básico e atividades envolvendo novas mídias.

Everton Zanella Alvarenga é diretor executivo da Open Knowledge Brasil e tem participado nos último anos de diversos projetos que envolvem conhecimento livre, desde o desenvolvimento de softwares, até o acesso a recursos educacionais abertos. Trabalhou como consultor para a Wikimedia Foundation coordenando o Programa Wikipédia no Ensino no Brasil e trabalha com a Open Knowledge Foundation desde 2011, quando a sessão brasileira da organização foi proposta. Co-criou o projeto Stoa da Universidade de São Paulo, que visa criar um espaço público para a troca e produção de conhecimentos com foco em educação e ciência, e vem apoiando diversos projetos no contexto do movimento da cultura livre.

Xavier Ochoa é professor de Ciências da Computação na Escuela Superior Politécnica del Litoral (ESPOL), em Guayaquil, Equador. Junto a outros investigadores da região, coordena LACLO, a Comunidade Latino-Americana de Objetos e Tecnologías de Aprendizagem. Nesta comunidade nasceu a Iniciativa Latino-Americana de Livros de Textos Abertos (LATIn). Esta iniciativa busca a utilização de livros de texto de nível universitário, produzidos de maneira colaborativa e aberta por professores da região. Além deste projeto, Xavier participa da direção técnica de vários repositórios de material educativo a nível mundial, como é o caso de LA FLOR, na América Latina; ARIADNE, na Europa; e GLOBE, a federação mundial de repositórios. Seus interesses no campo da investigação estão ao redor de Tecnologias Educativas e, concretamente, em Analítica da Aprendizagem e Informática (medição da ciração e do consumo de informação).

Priscila Gonsales: Fellow Ashoka, máster em Educação, Família e Tecnologia pela Universidade Pontifícia de Salamanca -Espanha, cursou Design Thinking no Centro de Inovação e Criatividade da ESPM-SP, tem pós-graduação em Gestão de Processos Comunicacionais pela ECA-USP e graduação em Jornalismo. Co-fundadora do Instituto Educadigital, atua na área de educação e tecnologia desde 2001. Como pesquisadora do CENPEC, coordenou o Programa EducaRede Brasil, uma iniciativa internacional de uso da Internet na educação presente em 8 países, que abrangia projetos de formação de educadores, comunidades virtuais de aprendizagem entre escolas, e elaboração de materiais didáticos de apoio, eletrônicos e impressos. Coordena o projeto REA.br desde 2011 e é uma das autoras do livro Recursos Educacionais Abertos.

 Texto adaptado de OKNF Brasil, publicado em 17/03/2014.

Lançamento de publicação sobre gasto público na educação da América Latina

Durante a Semana Aberta Educação (Open Education Week 2014) a Fundação Karisma, juntamente com a UNESCO e Creative Commons, fará o lançamento do relatório “Gasto Público na América Latina: é um rema relevante para os propósitos da Declaração de Paris sobre Recursos Educacionais Abertos?“.

A publicação busca identificar e analisar as políticas públicas por meio de investimentos e gastos públicos que cinco países da América Latina (Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai) declaram fazer no desenvolvimento e aquisição de livros didáticos e conteúdos digitais para a educação básica. O objetivo é reconhecer e propor ações para um plano de ação em direção a políticas que aproveitem as premissas da Declaração de Paris de 2012.

A Declaração de Paris marca o compromisso dos governos com a promoção de licenças abertas para os recursos educativos financiados com fundos públicos. Tem-se a convicção de que os REA promovem os objetivos dos mais relevantes instrumentos internacionais de direitos humanos. Esta aspiração é sustentada pelo fato de que os REA podem ser ferramentas adequadas para melhorar os resultados das políticas públicas educativas da região.

De acordo com o relatório, dificilmente pode-se concluir que as políticas estatais sobre aquisição de recursos educacionais nos países analisados coincidem com os princípios enunciados na Declaração de Paris, ainda que algumas iniciativas ou programas se alinham com o movimento dos REA.

Carolina Botero, uma das colaboradoras do relatório, relata que ele traz recomendações para que os países da América Latina possam ajustar suas políticas públicas de investimento em educação. “A adoção de políticas públicas de REA podem ter vantagens concretas na educação pública, como o aumento das oportunidades de aprendizagem e acesso ao conhecimento, fortalecimento das comunidades educativas, reforço e diversificação dos currículos, redução dos custos e uma educação mais acessível”, diz ela.

Em suma, para que os países da região possam abordar os desafios e propostas da Declaração de Paris deverão ajustar suas políticas de despesa pública em desenvolvimento e aquisição de recursos educativos, o relatório aponta:

  1. Reajustar o modelo de aquisição. Os Estados e a indústria editorial deverão renegociar sua relação. A indústria deverá mudar de posição e servir de apoio ao desenvolvimento das capacidades necessárias para a produção sustentável de materiais de aprendizagem de qualidade pelo próprio sistema educativo. É preciso prover o corpo docente com materiais que possam reutilizar, reformular e não só “consumir”. Os governos deverão modificar as condições de aquisição de textos escolares, desenvolvendo a ideia de que os recursos públicos são um bem ao serviço da comunidade educativa. A mudança mais significativa será a de impor o uso de licenças abertas que facilitem a busca, recuperação e intercâmbio de materiais.
  2. Criar maiores e efetivos vínculos entre os programas de uso pedagógico das tecnologias digitais e a produção de materiais digitais que cumpram os padrões internacionais dos REA. A sinergia que se impulsione ao nível de políticas públicas poderá colaborar com o equacionamento de muitos dos atuais problemas de falta de pertinência, diversidade e qualidade dos materiais educativos.
  3. Desenvolver indicadores para medir o impacto das políticas públicas sobre REA. Itens como o uso dos fundos públicos na sua produção, a apropriação dos mesmos, entre outros, podem ser medidos. O desenvolvimento destes indicadores permitirá realizar um melhor exame do gasto público na produção de recursos educativos.
  4. Desenvolver uma análise econômica do gasto estatal na produção e compra de materiais educativos. Tal análise deverá medir o preço real da produção de recursos educativos no mercado editorial. Acreditamos que esta análise permitirá aos Estados compreender – e provavelmente também às editoras escolares – que se arriscar pelos REA é apostar fortemente na educação.

Participe hoje do Webinar da Fundação Karisma sobre as questões de educação aberta na América Latina, incluindo a especialista Carolina Rossini – REA.br , Juan Carlos Bernal – Ministério da Educação da Colômbia e Patricia Diaz e Virgina Rodes – do Uruguai. Também participarão representantes do Creative Commons da UNESCO e do grupo de pesquisadores que participaram da elaboração do relatório.

Data: 13 de março de 2014
Horário: 5:00 pm (Bogotá, UCT -5)
Localização: Link será postado através do site karisma.org.co

Estudo sobre os impactos e benefícios dos Recursos Educacionais Abertos

Entre os dias 20 e 26 de janeiro, várias autoridades educacionais se reuniram em Jacarta – Indonésia, para discutir projetos de pesquisa sobre os impactos e benefícios dos recursos educacionais abertos em países da América Latina, Ásia e África.

Durante o evento, o comitê formado por membros de instituições do hemisfério sul, selecionou 11 projetos de pesquisa, que contarão com um financiamento de um milhão de dólares canadenses (aproximadamente R$ 2 milhões). Entre as propostas selecionadas, está um estudo do FGV Online sobre os impactos sociais e educacionais de sua participação no OpenCourseWare Consortium (OCWC) e um projeto da USP de Ribeirão Preto sobre o desenvolvimento de recursos educacionais abertos em 40 países da América Latina, África e Ásia.

O professor José Dutra de Oliveira Neto (FEA-RP/USP), irá coordenar uma equipe com 53 pesquisadores de 25 países para fazer um diagnóstico sobre o acesso e uso destes materiais de ensino, aprendizado e pesquisa que são de domínio público ou estão licenciados de maneira aberta. De acordo com José Dutra, o objetivo inicial da proposta, denominada “OER Divide”, era fazer o diagnóstico do uso dos REA apenas na América Latina, mas durante esse evento foi sugerido acrescentar os países da África e Ásia na pesquisa.

A pesquisa deve ser iniciada até o final de 2013 e terá duração de dois anos.

Fonte: FGV Online e FEA-RP