UNESCO adota nova política de acesso aberto

A UNESCO vai passar a disponiblizar as suas publicações digitais gratuitamente e com a adoção de uma licença aberta.

Após a decisão do Conselho Executivo da Organização, em abril, a UNESCO tornou-se o primeiro membro da Organização das Nações Unidas a adotar tal política de acesso aberto para as suas publicações. A nova política significa que qualquer pessoa será capaz de transferir, traduzir, adaptar, distribuir e compartilhar publicações e dados da UNESCO.

Segundo Janis Karklins, Diretor Geral de Comunicação e Informação da UNESCO, os pesquisadores de todo o mundo, mas especialmente dos países menos desenvolvidos e em desenvolvimento se beneficiarão dessa política de acesso livre ao conhecimento. “A nossa nova política permitirá aumentar a visibilidade, acessibilidade e distribuição rápida de nossas publicações”,  completa ele.

Ao adotar esta nova política editorial, a UNESCO alinha a prática para o seu trabalho de política em favor do acesso aberto e reforça o seu compromisso com o acesso universal à informação e ao conhecimento.

A partir de julho de 2013, centenas de publicações da UNESCO estarão disponíveis para os usuários através de um novo repositório de acesso aberto com uma interface multilíngue. Todas as novas publicações serão lançadas com uma licença aberta. A UNESCO também vai buscar formas de aplicar a nova política para as obras já publicadas.

Ao defender o acesso aberto para as suas publicações, a UNESCO reforça o objetivo fundamental de uma organização intergovernamental – garantir que todo o conhecimento que ela cria seja disponibilizado para o público.

O texto completo da nova política está disponível no site da UNESCO.

Fonte: UNESCO to make its publications available free of charge as part of a new Open Access policy

Repositórios em Acesso Aberto e as Licenças Creative Commons

Em comemoração dos 10 anos dos Creative Commons, o Serviço de Documentação da Universidade do Minho (SDUM), publicaram um folheto informativo dedicado à utilização das licenças Creative Commons em repositórios em acesso aberto.

Segundo o site da SDUM, o material tem o objetivo de clarificar de que forma as licenças CC podem ser usadas no âmbito dos repositórios em acesso aberto, descreve o procedimento para gerar uma licença CC e aplicá-la num trabalho que vai ser distribuído através da Internet.

Licencas CC Briefing Paper

Este folheto informativo está disponível em formato PDF  aqui.

Crédito de Imagem: Creative Commons

Vimos a notícia em Acesso Aberto USP

Fonte: Open Access Universidade do Minho

Dez anos da Iniciativa de Budapeste em Acesso Aberto: a abertura como caminho a seguir

A Iniciativa de Acesso Aberto de Budapeste 10 anos depois


Há dez anos, a Iniciativa de Acesso Aberto de Budapeste (BOAI – Budapest Open Access Initiative) desencadeou uma campanha mundial em prol do acesso aberto (Open Access/OA/AA) a todas as novas publicações científicas revisadas por pares. Esta iniciativa, não criou a ideia do AA. Pelo contrário, procurou deliberadamente reunir projetos já existentes para explorar como poderiam “trabalhar em conjunto para conseguir o mais amplo, profundo e rápido sucesso”. Mas a BAAI foi a primeira iniciativa a usar o termo “open access” para este propósito, a primeira a articular uma definição pública, a primeira a propor estratégias complementares para atingir o AA, a primeira a generalizar o apelo ao AA a todas as disciplinas e países e a primeira a ser acompanhada por financiamento significativo.

Hoje já não estamos nos primórdios desta campanha mundial, e ainda não atingimos o seu final. Estamos firmemente no meio do percurso e podemos basear-nos numa década de experiência para fazermos novas recomendações para os próximos dez anos.

Reafirmamos a “declaração de princípios, …declaração de estratégia, e…declaração de compromisso” da BOAI. Reafirmamos a aspiração de atingir este “bem público sem precedentes” e “a acelerar a pesquisa, enriquecer a educação, partilhar a aprendizagem dos ricos com os pobres e os dos pobres com os ricos, fazer desta literatura o mais útil possível e lançar os fundamentos para unir a humanidade num comum diálogo intelectual e demanda pelo conhecimento”.

Reafirmamos nossa confiança que “o objetivo é atingível e não apenas desejável ou utópico”. Nada nos últimos dez anos tornou o objetivo menos atingível. Pelo contrário, o AA está bem estabelecido e em crescimento em todos os domínios. Possuímos mais de uma década de sabedoria prática sobre como implementar AA. A viabilidade técnica, económica e legal do AA está bem testada e documentada.

Nada nos últimos dez anos torna o AA menos necessário e menos oportuno. Pelo contrário, continua a ser verdade que os “ pesquisadores e acadêmicos publicam os resultados da sua pesquisa em revistas científicas, sem qualquer remuneração” e “sem expetativa de pagamento”. Além disso, normalmente os acadêmicos participam no processo de revisão por pares, como avaliadores e editores científicos sem expetativa de pagamento. Entretanto e com muita frequência, as barreiras ao acesso a essa literatura revisada por pares ainda estão firmemente presente – beneficiando os intermediários e não os autores, avaliadores ou editores científicos e à custa da pesquisa, dos pesquisadores e das instituições de pesquisa.

Finalmente, os últimos dez anos em nada sugerem que o objetivo tem menor importância ou não merece ser atingido. Pelo contrário, o imperativo de tornar o conhecimento disponível para todos, para que o possam usar, aplicar e construir sobre ele é mais urgente do que nunca.

Reafirmamos as duas principais estratégias apresentadas na BOAI: AA através de repositórios (também designado “green OA”/“AA verde”) e AA através de revistas (também designado “Gold OA”)“AA dourado”). Dez anos de experiência leva-nos a reafirmar que o AA verde e dourado “não são apenas meios diretos e efetivos para este propósito, como estão ao alcance dos próprios acadêmicos, imediatamente, sem a necessidade de aguardar por mudanças operadas pelos mercados ou pela legislação”.

Dez anos de experiência levam-nos a reafirmar a definição de AA apresentada na BOAI original:

“Acesso aberto” à literatura científica revisada por pares significa a disponibilidade livre na Internet, permitindo a qualquer usuário ler, fazer download, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral desses artigos, recolhe-los para indexação, introduzi-los como dados em software, ou usá-los para outro qualquer fim legal, sem barreiras financeiras, legais ou técnicas que não sejam inseparáveis ao próprio acesso a uma conexão à Internet. As únicas restrições de reprodução ou distribuição e o único papel para o direito autoral neste domínio é dar aos autores o controle sobre a integridade do seu trabalho e o direito de ser devidamente reconhecido e citado.

Os problemas que anteriormente atrasaram a adoção e implementação do AA estão resolvidos e as soluções já estão sendo disseminadas. Mas, até que o AA se generalize mais, os problemas para os quais o AA é a solução permanecerão em grande medida sem solução. Nesta declaração, reafirmamos os fins e os meios da BOAI original, e voltamos a comprometer-nos a realizar progressos. Mas, adicionalmente, definimos especificamente a nova meta de, durante os próximos dez anos, o AA passar a ser o método normal e padrão para distribuir os novos resultados de pesquisa com revisão por pares, em todos os domínios científicos e em todos os países.

Recomendações para os próximos 10 anos

1 . Sobre políticas

1.1. Todas as instituições de ensino superior devem ter uma política que assegure que versões revisadas por pares, de todos os futuros artigos científicos da autoria dos seus membros, sejam depositadas no repositório designado pela instituição. (Ver recomendação 3.1 sobre repositórios institucionais.

Os depósitos devem ser realizados tão cedo quanto possível, de preferência no momento de aceite para publicação, e não após a data da publicação formal.

As políticas universitárias devem respeitar a liberdade dos acadêmicos de submeter os seus trabalhos às revistas da sua preferência.

As políticas universitárias devem encorajar, mas não requerer, a publicação em revistas AA, e devem ajudar os acadêmicos a compreender a diferença entre depositar num repositório AA e publicar numa revista AA.

Quando possível, as políticas universitárias devem ser adotadas por meio do voto dos acadêmicos, devem requerer AA imediato e devem aceitar o depósito de outros materiais nos repositórios, mesmo quando não exigidos (por exemplo, conjuntos de dados, apresentações em conferências, livros ou capítulos de livros, trabalhos publicados antes da adoção da política, e assim por diante).

Quando os editores das revistas não autorizarem o AA nas condições preferenciais da universidade, recomendamos um de dois caminhos: A política poderá requerer o depósito em acesso restrito no repositório institucional até que a permissão para o AA possa ser obtida; ou a política pode atribuir à instituição um direito não exclusivo de disponibilizar os futuros artigos dos acadêmicos em AA através do repositório institucional (com ou sem a opção dos acadêmicos cancelarem esta atribuição de direitos para qualquer publicação individual).

1.2. Todas as instituições de ensino superior que oferecem pós-graduações devem possuir uma política que assegure que as futuras teses e dissertações sejam depositadas, depois de aprovadas, no repositório AA da instituição. A pedido dos estudantes que desejem publicar o seu trabalho, ou obter uma patente relativa a uma descoberta patenteável, as políticas devem conceder períodos de embargo razoáveis, em vez de isenções permanentes.

1.3. Todas as agências financiadoras de pesquisa, públicas ou privadas, devem ter uma política assegurando que versões com revisão por pares de todos os futuros artigos resultados de pesquisa financiada sejam depositados num repositório adequado e disponibilizados em AA logo que possível.

Os depósitos devem ser realizados tão cedo quanto possível, de preferência no momento de aceite para publicação, e não após a data da publicação formal.

Quando os editores não permitirem o AA nos termos do financiador, as políticas dos financiadores devem exigir que beneficiários procurem outro editor.

Se as políticas dos financiadores permitirem períodos de embargo antes de um novo trabalho passar a AA, os embargos não devem exceder seis meses. As políticas não devem permitir quaisquer embargos para materiais aos quais não se aplica o direitos de autor.

Os financiadores devem considerar os custos de publicação como custos de pesquisa, e devem apoiar os beneficiários a pagar taxas de publicação razoáveis, nas revistas AA que cobrem taxas.

Quando possível, as políticas dos financiadores devem requerer AA livre (libre AA), preferencialmente nos termos de uma licença CC-BY ou equivalente.

Um repositório é adequado para este propósito quando proporciona AA, permite interoperabilidade com outros repositórios e toma medidas tendentes à preservação a longo prazo. A escolha do financiador deve ser determinada por pesquisa corrente sobre questões como qual a escolha que melhor promove o depósito dos artigos abrangidos, a utilidade dos depósitos, a conveniência dos financiadores e dos autores, e incentiva o maior crescimento futuro do AA.

1.4. Todas as políticas AA de universidades e de financiadores devem requerer o depósito num repositório adequado entre a data de aceite para publicação e a data de publicação. Os metadados devem ser depositados logo que estejam disponíveis e devem ser AA a partir do momento do depósito. O texto integral deve ser publicado em AA logo que o repositório tenha permissão para o fazer.

1.5. Desencorajamos o uso dos fatores de impacto das revistas como indicadores da qualidade das revistas, artigos ou autores. Encorajamos o desenvolvimento de métricas alternativas de impacto e qualidade que sejam menos simplistas, mais confiáveis e inteiramente abertas para uso e reutilização.

Na medida em que universidades, agências de financiamento e programas de avaliação de pesquisa necessitem medir o impacto de artigos individuais, estas instituições devem usar métricas baseadas nos artigos per se, e não métricas baseadas na revista como um todo.

Encorajamos a realização de pesquisa sobre a precisão e exatidão das novas métricas. A medida que a pesquisa demonstre a sua utilidade e confiabilidade, encorajamos o seu uso por universidades (na avaliação para progresso acadêmico), agências de financiamento (na avaliação dos candidatos a financiamento), programas de avaliação de pesquisa (na avaliação do impacto da pesquisa) e editores (na promoção das suas revistas).

Encorajamos o desenvolvimento de materiais para explicar como os fatores de impacto das revistas têm sido mal utilizados, e como métricas alternativas podem servir melhor aos fins para os quais a maioria das instituições tem usado os fatores de impacto.

A medida que as métricas de impacto forem melhorando, encorajamos o aprofundamento do estudo sobre se o AA e as políticas AA aumentam o impacto da pesquisa.

1.6. As universidades que possuam um repositório institucional devem exigir o depósito no repositório de todos os artigos científicos que devam ser considerados na promoção daquele acadêmico, no seu curso profissional ou em quaisquer outras formas avaliação interna.

Da mesma forma, os governos que realizem avaliação de pesquisa devem requerer o depósito em repositórios AA de todos os artigos científicos sujeitos a análise para efeitos de avaliação institucional e nacional.

Nenhuma política deve ser interpretada no sentido de limitar outros tipos de evidência, ou de alterar os padrões de análise.

1.7. Os editores que não disponibilizem AA devem pelo menos permiti-lo através dos seus acordos formais de publicação.

Os editores devem abster-se de fazer lobby contra os governos que atuam no interesse público, e abster-se de fazer lobby contra as instituições de pesquisa que atuam de acordo com os interesses dos pesquisadores e da pesquisa. Os editores devem repudiar campanhas de lobbying realizadas em seu nome pelas suas associações profissionais ou comerciais contra o interesse público e o interesse dos pesquisadores e da pesquisa.

A minoria dos editores de revistas baseadas em assinaturas que ainda não permitem o AA verde, por meio do depósito pelos autores, sem pagamento ou embargo, devem adotar a posição da maioria.

Relembramos que pesquisadores não necessitam trabalhar como autores, editores científicos ou revisores para editores que agem contra os seus interesses.

2. Sobre o licenciamento e reutilização

2.1. Recomendamos a licença do Creative Commons atribuição (CC-BY) ou uma licença equivalente, como a licença ideal para a publicação, distribuição, uso e reutilização de trabalho acadêmico.

Os repositórios AA dependem geralmente de permissões de terceiros, como autores ou editores, e raramente estão em posição de requerer licenças abertas. No entanto, os decisores políticos que estejam em posição de direcionar depósitos nos repositórios devem exigir, sempre que possível, licenças abertas, preferencialmente CC-BY.

As revistas AA podem exigir sempre licenças abertas, e no entanto a maioria ainda não aproveita essa oportunidade. Recomendamos CC-BY para todas as revistas.

No desenvolvimento da estratégia e estabelecimento de prioridades, reconhecemos que o acesso grátis (grátis AA) é melhor que o acesso pago, que o acesso livre é melhor que o acesso grátis, e que livre de acordo com CC-BY ou equivalente é melhor que livre sob licenças abertas mais restritivas. Devemos atingir o que for possível quando for possível. Não devemos adiar a obtenção de grátis para conseguir o livre, e não nos devemos deter no grátis quando podemos obter o livre.

3. Sobre a infraestrutura e sustentabilidade

3.1. Todas as instituições de ensino superior devem ter um repositório AA, participar em um consórcio de repositórios, ou providenciar serviços externos de repositório AA.

3.2. Todos os pesquisadores e acadêmicos, em qualquer disciplina ou país, incluindo os que não pertençam a instituições de ensino superior, devem ter permissões de depósito num repositório AA.

Isto irá requerer mais repositórios institucionais ou mais repositórios disciplinares, ou ambos. Poderá também requerer, pelo menos no curto prazo, mais repositórios universais ou de último recurso para os pesquisadores que não tenham um repositório AA na sua instituição ou disciplina. O texto da interface nestes repositórios universais deve estar disponível em vários idiomas.

3.3. Os repositórios AA devem possuir meios para e permitir a colheita dos artigos e re-depósito em outros repositórios AA.

Funcionalidades de múltiplos depósitos por meio de um único repositório por aqueles pesquisadores que tenham razões para depositar seus artigos em mais de um repositório devem ser oferecidas. Assim, quando possível, os repositórios institucionais devem oferecer serviços para re-depositar artigos em repositórios disciplinares solicitados pelos autores (por exemplo, arXiv, PubMed Central, SSRN), e devem permitir a colheita e o download de cópias das publicações dos acadêmicos depositadas em repositórios disciplinares.

3.4. Os repositórios AA devem disponibilizar aos seus autores dados de downloads, uso e citações, e tornar esses dados disponíveis para as ferramentas que calculem as métricas de impacto alternativas. Os editores de revistas devem fazer o mesmo, independentemente das suas revistas serem ou não AA.

Os repositórios devem partilhar estes dados entre si em formatos normalizados, tornando possível (por exemplo) que os autores conheçam o número total de downloads de um artigo depositado em múltiplos repositórios. Nenhum autor e nenhum repositório deverá ter interesse em bloquear o depósito em repositórios adicionais simplesmente para preservar uma medida exata do tráfego.

3.5. As universidades e agências de financiamento devem apoiar os autores a pagar taxas de publicação razoáveis nas revistas AA que cobrem taxas, e encontrar formas comparáveis de apoiar ou subsidiar revistas AA que não cobram taxas.

Em ambos os casos, devem requerer AA livre de acordo com licenças abertas, preferencialmente licenças CC-BY ou equivalentes, como condição para o seu apoio financeiro.

O apoio, pelas vias referidas, a revistas AA com revisão por pares deve ser a principal prioridade de qualquer dinheiro poupado no cancelamento ou conversão de revistas com assinatura.

O apoio a revistas AA com revisão por pares pode ser particularmente importante para as revistas com audiência mais limitada, como revistas com foco no direito nacional em países menores ou revistas publicadas num idioma local, e para revistas as quais as taxas de publicação sejam inapropriadas, como as revistas de que solicitam revisão de artigos por autores.

3.6. As revistas baseadas em assinaturas ou não AA que permitam qualquer tipo de auto-arquivo ou depósito em repositórios AA, devem descrever o que autorizam de uma forma precisa em termos legíveis por pessoas e por máquinas, de acordo com um padrão aberto. Estas descrições devem incluir pelo menos a versão que pode ser depositada, o prazo de depósito, e as licenças que podem ser associadas às versões depositadas.

3.7. Os repositórios AA devem proporcionar ferramentas, já existentes de forma gratuita, para converter os depósitos realizados em PDF em formatos legíveis por máquina como o XML.

3.8. As instituições de pesquisa, incluindo os financiadores, devem apoiar o desenvolvimento de manutenção das ferramentas, diretórios e recursos essenciais para o progresso e sustentabilidade do AA.

A lista das ferramentas essenciais evoluirá ao longo do tempo, mas inclui repositórios e revistas AA, software livre e de código aberto para repositórios, software livre e de código aberto para gestão de revistas, ferramentas para mineração de dados e texto, diretórios de revistas e repositórios AA, diretórios de políticas de instituições e financiadores, fornecedores de licenças abertas, serviços de preservação digital, serviços de alerta, serviços de referência cruzada e URLs persistentes, e motores de busca.

As instituições de pesquisa devem também apoiar o estabelecimento de padrões mundiais abertos para metadados e pesquisa que os editores e repositórios possam implementar para tornar as publicações AA mais visíveis, recuperáveis e úteis.

3.9.Devemos melhorar e aplicar as ferramentas necessárias para recolher as referências ou citações da literatura publicada. Os fatos acerca de quem citou quem estão no domínio público e devem ser publicados em AA e em formatos normalizados para uso, reutilização e análise. Isto ajudará os pesquisadores e instituições de pesquisa a conhecer a literatura existente, mesmo que não tenham acesso a ela, e a desenvolver novas métricas para o acesso e impacto.

Apelamos a todos os editores a cooperar neste esforço.

Recomendamos o desenvolvimento de infraestruturas onde os dados das referências bibliográficas possam ser depositados por editores, autores, voluntários, outros empreendedores, ou software e onde esses dados possam ser recolhidos e trabalhados para distribuição em AA.

3.10. Devemos ajudar na recolha, organização e disseminação de metadados de AA em formatos normalizados para todas as publicações, novas ou antigas, incluindo as publicações não AA.

3.11. Os editores de publicações científicas necessitam de infraestruturas para referência cruzada e URLs persistentes baseadas em padrões abertos, disponíveis gratuitamente, e permitindo ligações e atribuição a níveis arbitrários de granularidade, como parágrafo, imagem e verificação da identidade da fonte.

3.12. Encorajamos a continuação do desenvolvimento de normas abertas para a interoperabilidade e ferramentas para implementar essas normas em revistas e repositórios AA.

3.13. Encorajamos a experimentação com diferentes métodos de revisão pós-publicação e pesquisa relativamente à sua eficácia.

AA através de repositórios, AA através de revistas e AA através de livros são todos compatíveis com qualquer tipo de tradicional revisão por pares pré-publicação e o AA não pressupõe qualquer forma particular de revisão por pares. Recomendamos experiências com revisão por pares pós-publicação não porque será superior, embora o possa ser, mas porque reduzirá o prazo para que os novos trabalhos se tornem AA e poderá reduzir o custo da cópia inicial.

3.14. Encorajamos a experimentação com novas formas de “artigo” e “livro” científicos, nos quais os textos estão integrados de formas úteis com os dados em que se baseiam, elementos multimédia, código executável, literatura relacionada e comentários dos utilizadores.

Encorajamos a experimentação no sentido de aproveitar melhor o meio digital, e as redes digitais, para benefício da pesquisa.

Encorajamos a experimentação no sentido de aproveitar melhor as formas através das quais o AA remove as barreiras de acesso a máquinas e não apenas a leitores humanos.

Encorajamos o uso de normas e formatos abertos para promover esses usos e a pesquisa sobre a sua eficácia.

4. Sobre promoção e coordenação

4.1. Devemos fazer mais para consciencializar os editores de revistas, os editores científicos, revisores e pesquisadores dos padrões de conduta profissional para publicação em AA, por exemplo, quanto ao licenciamento, processo editorial, apelo à submissão de artigos em AA, identificação de propriedade e gestão de taxas de publicação. Os editores científicos, revisores e pesquisadores devem avaliar as oportunidades de envolvimento com editores de revistas na base destes padrões de conduta profissional. Quando os editores não agirem de acordo com esses padrões devemos ajudá-los a melhorar, como um primeiro passo.

Como forma de avaliar um editor ou revistas AA, novas ou desconhecidas, recomendamos que os pesquisadores consultem a associação de editores de acesso aberto (OASPA – Open Access Scholarly Publishers Association) e o seu código de conduta. Queixas sobre editores membros da OASPA ou sugestões de melhoria do código de conduta devem ser enviados para a OASPA.

Encorajamos todos os editores de AA e as revistas de AA a aplicar as boas práticas recomendadas pela OASPA ou a procurar tornar-se membro da associação, o que implicará uma análise das suas práticas e oferecerá uma oportunidade para corrigi-las se necessário.

4.2. Devemos desenvolver diretrizes para universidades e agências de financiamento que estejam considerando a definição de políticas de AA, incluindo os termos recomendados para as políticas, boas práticas e respostas a perguntas a questões frequentes.

4.3. Encorajamos o desenvolvimento de recursos consolidados que facilitem o acompanhamento do progresso do AA por meio dos números e gráficos mais relevantes. Cada unidade de informação deve ser atualizada regularmente e a sua proveniência ou método de cálculo claramente indicada.

4.4. A comunidade de AA deve agir mais frequentemente de modo conjunto. Sempre que possível, as organizações e ativistas de AA devem procurar formas de coordenar as suas atividades e comunicações no sentido de utilizar melhor os seus recursos, minimizar a duplicação de esforços, reforçar a mensagem e demonstrar coesão.

Devemos criar melhores mecanismos para comunicarmos e coordenarmos uns com os outros.

Devemos comunicar com os nossos colegas acadêmicos, a imprensa acadêmica e imprensa não acadêmica mainstream. A midia acadêmica e não-acadêmica estão mais informadas e mais interessadas em AA do que nunca. Isto é uma oportunidade para ajudar a educar todas as partes interessadas acerca do AA e das novas propostas para o desenvolvimento do AA.

4.5. A campanha mundial pelo AA aos artigos científicos deve trabalhar em maior proximidade com a campanha mundial pelo AA aos livros, teses e dissertações, dados científicos, dados governamentais, recursos educativos e código-fonte.

Devemos coordenar com esforços afins menos diretamente relacionados com o acesso aos resultados da pesquisa, como a reforma dos direitos de autor, obras órfãs, preservação digital, digitalização de literatura impressa, decisão política baseada em evidências, a liberdade de expressão e a evolução de bibliotecas, publicação, revisão por pares e medias sociais.

Devemos procurar formas de amplificar as nossas diferentes vozes quando defendemos princípios comuns.

4.6. Precisamos afirmar mais claramente, com mais evidências e a mais grupos de interessados, as seguintes verdades sobre o AA:

O AA beneficia a pesquisa e os pesquisadores, e sua falta prejudica-os.

O AA à pesquisa financiada com recursos públicos beneficia os contribuintes e aumenta o retorno do seu investimento na pesquisa. Existem benefícios económicos bem como benefícios acadêmicos e científicos.

O AA amplifica o valor social da pesquisa, e as políticas AA amplificam o valor social das agências de financiamento e das instituições de pesquisa.

Os custos do AA podem ser suportados sem adicionar mais dinheiro ao atual sistema de comunicação científica.

O AA é consistente com as leis de direitos de autor em qualquer parte do mundo, e concede quer aos autores quer aos leitores mais diretos do que os que possuem no âmbito dos acordos de publicação convencionais.

O AA é consistente com os mais elevados padrões de qualidade.

Tradução adaptada por Carolina Rossini, diretora para propriedade intelectual internacional da Eletronic Frontier Foundation. 

Fonte Open Society Foundations

Diretório de Livros em Acesso Aberto

Foi lançado o Directory of Open Access Books – DOAB. O principal objetivo é aumentar a divulgação de livros de acesso aberto. O DOAB fornece um índice de pesquisa de livros com links para os textos completos das publicações no site da editora ou repositório.

Editoras acadêmicas estão convidadas a fornecer os metadados de seus livros para o DOAB. No início do serviço há pouco mais de 20 editores que participam com cerca de 750 livros. O Directory of Open Access Books foi lançado em uma versão beta para permitir o feedback dos usuários e aprimorar o serviço. Espera-se aumentar consideravelmente o número de editores e livros de acesso aberto nos próximos meses, e assim, criar um recurso valioso para a comunidade acadêmica e público interessado.

Acesse o DOAB aqui.

O sucesso do “Open Access” apresentado em mais de 30 histórias

Open Access – livre, imediato e online!

Mais de 30 histórias foram coletadas pela Europa para mostrar esta transformação em ação. As histórias são de mais de 11 países e todas demonstram os benefícios do acesso aberto. Todo o acervo disponível está aberto para reutilização e licenciado em Creative Commons.

Um exemplo é a Bioline International, uma plataforma para revistas revisadas por pares e publicadas nos países em desenvolvimento. Lançada em 1993, foi um dos projetos pioneiros do acesso aberto e age como um canal para pesquisa “de e para” o mundo em desenvolvimento. Durante o período de um mês, entre julho e agosto de 2011, 1.032.844 visitas foram registradas, vindas de 224 países.



Esta e outras histórias de sucesso do acesso aberto podem ser encontradas em Open Access Stories.

O download pode ser feito no site Knowledge Exchange.

Acesso Livre, Licenças Flexíveis, REA e Comunidades de Prática

Open Access 101 é um vídeo feito por Karen Rustad da ONG Right to Research . A autora explica como funciona a indústria editorial de artigos acadêmicos e comenta como o alto custo para o usuário final faz com que o conhecimento fique em silos fechados, restrito àqueles que podem pagar mais. A alternativa é o Acesso Livre, que dá possibilita ao autor de:

disponibilizar livremente na Internet a literatura de caráter científico, permitindo a qualquer utilizador pesquisar, consultar, descarregar, imprimir, copiar e distribuir, o texto integral de artigos e outras fontes de informação científica. (Wikipedia)

O vídeo estava em inglês, o que dificulta a compreensão daqueles que não têm o domínio da língua. Logo resolvi que iria traduzí-lo para facilitar o acesso. A licença Creative Commons BY/NC/SA , usada pela criadora do vídeo, me diz que posso utilizar sua obra, distribuí-la e remixá-la desde que dê a atribuição, o uso não seja comercial e que eu compartilhe o resultado desse remix com a mesma licença.

Resolvi testar o Universal Subtitles, um projeto (ainda em beta) da Participatory Culture Foundation. A ferramenta permite a criação colaborativa de legendas para vídeos online. Tem como objetivo central fortalecer as comunidades de legendagem e aprimorar a acessibilidade do conteúdo de video online.

O Universal Subtitles, no entanto, aceita (por enquanto) somente alguns sites online como o YouTube e o blip.tv e os formatos FLV e ogg. Como o filme original está no Vimeo e eu o tinha baixado em mp4, teria que convertê-lo para ogg e transportá-lo para o blip.tv. Não tinha no meu computador aplicativos para fazer a conversão….grrr

Felizmente, naquele exato momento vi (através do chat do Gmail) Ewout Ter Haar, um dos fundadores do Stoa e membro ativo da comunidade REA. Mandei um SOS. Ewout gentilmente me ajudou a converter o mp4 em poucos minutos, permitindo assim que eu tivesse a versão em ogg para a legendagem. Assim funcionam as comunidades de prática 🙂 Obrigada, Ewout e aqui está o resultado. Legendei primeiro em inglês e depois fiz a tradução para o português.

Deixo aqui um pequeno exemplo de colaboração entre membros de uma comunidade de prática e remixagem de conteúdo aberto com uma licença flexível que resultou em um Recurso Educacional Aberto. Este pode ser agora compartilhado e também modificado pela comunidade já que o Universal Subtitles permite que outros usuários participem e melhorem o que foi feito.