Transformando a Wikipedia em livro

A PediaPress é uma ferramenta que permite a publição e impressão, sob demanda (printing on demand), de livros elaborados com artigos remixados da Wikipedia. Essa ferramenta permite que os “wiki books” tenham até 800 páginas em preto e branco ou coloridas e capas também customizadas, tudo escolhido pelo autor do remix. Todos os artigos publicados com a extensão especial indicada pela PediaPress podem virar livro. É um jeito legal de estender a produção colaborativa da wikipedia para além da tela do computador – o que pode ajudar tanto quem ainda não tem acesso à Internet, quanto os que ainda preferem ler e fazer pesquisas no papel.

Os resultados têm sido um bom exemplo para esse novo mercado que se abre aos interessados em publicar conteúdo aberto: em 2009, a PediaPress atendeu a pedidos em 53 países (incluindo o Brasil). Os livros custam a partir de 11 dólares e é possível ver um preview do resultado antes de fechar o pedido e comprar títulos já montados por outros editores, que estão no catálogo do site.

A PediaPress tem uma parceria com a Wikimedia Foundation e a Commonwealth of Learning, e uma parte dos lucros é direcionada à causa da primeira. Outra parte dessa parceria engloba o desenvolvimento de software de código aberto da ferramenta, que a PediaPress disponibiliza aqui.

 

Por que materiais didáticos devem ser acessíveis a todas as pessoas?

O governo acaba de negociar 880 milhões 263 mil 266 reais e 15 centavos para a compra de livros didáticos. O PNLD – Programa Nacional do Livro Didático – é o maior programa de compra de livros do mundo e devemos nos orgulhar disso. Mas o que precisamos mudar – e com urgência – é o que compramos. Não, não estou falando que os livros são ruins. Estou falando que precisamos comprar o conteúdo dos livros, em vez de zilhares de páginas impressas. O que compramos hoje são exemplares físicos de livros. Com o recurso recém negociado, compraremos 135,6 milhões de exemplares de livros. Mas o conteúdo continua sendo de propriedade das grandes editoras ou dos autores dos livros. Isso significa que uma professora do interior do Pará não pode aprimorar as poucas linhas dedicadas a seu estado no livro de Geografia, porque todos os direitos – de alterar, distribuir, traduzir ou reproduzir o que ela recebeu do governo – continuam não sendo dela, nem do governo, nem meu, nem seu. O símbolo do copyright que vem estampado nos livros comprados com dinheiro público impede que o livro seja adaptados a diferentes realidades locais e que alguém que não esteja matriculado na escola tenha acesso ao que foi pago por todos.

Qual a ideia então? Que os materiais educacionais pagos com dinheiro público pertençam ao público. E pros que ficam preocupados com as finanças das editoras, as cifras indicam que não há motivo pra isso: nesta compra, a Editora Moderna vai receber R$ 161.366.197,83 , a Editora FTD R$162.933.319,18 e a Editora Ática R$148.288.428,80. Está tudo muito bem pago! Pra quem duvida ou quer mais argumentos, recomendo ver a apresentação “Acesso ao Livro Didático e ao Livro Técnico Científico no Brasil” e a leitura do relatório “O mercado de livros técnicos e científicos no Brasil” , produzidos pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP (Gpopai). Mas alerto para o risco de você se tornar ativista pelo conhecimento livre. Os dados científicos são convincentes…

Com a expansão das tecnologias digitais, o conteúdo educacional pago por todos nós pode estar disponível a qualquer pessoa que tenha acesso à Internet em casa, no trabalho, em telecentros ou em lan houses. E acho que ninguém duvida do potencial transformador do acesso ao conhecimento.

E os materiais educacionais não se limitam aos livros. Temos softwares, planos de aulas, artigos, filmes, músicas. E diversos especialistas recomendam a utilização de recursos variados nas salas de aula. O problema é que hoje tal prática é ilegal. As professoras e professores brasileiros que – sem intuito de lucro algum, com o único objetivo de ensinar – reproduzem filmes ou músicas protegidos pelo copyright nas salas de aula estão cometendo crimes. A atual lei do direito autoral não permite exibição pública sem autorização, mesmo para fins educacionais, de material audiovisual.

Esta lei, apesar de ser chamada de Lei dos Direitos Autorais, defende a preservação de um modelo de negócio em detrimento do acesso ao conhecimento e da proteção justa do esforço criativo do autor. Ela defende os interesses da indústria do copyright, que retoma constantemente o mito da originalidade, ignorando que a humanidade gera conhecimento a partir do que já foi criado por outras pessoas. A produção acadêmica, por exemplo, pressupõe a construção de conhecimento com base no que outros construíram. Uma obra de arte – seja ela um texto, um vídeo, uma imagem, uma escultura, um som, um movimento – é criada com base numa herança comum, no que outros criaram. O professor de direito da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Lawrence Lessig, mostra no livro “Cultura Livre: como a grande mídia usa a tecnologia e a lei para bloquear a cultura e controlar a criatividade”, de 2005, como a própria indústria do copyright se baseia em produções anteriores. Walt Disney criou o Mickey Mouse, em 1928, a partir de um personagem do filme mudo “Steamboat Bill”, do cineasta Buster Keaton. Branca de Neve, Cinderela e tantas outras personagens de seus desenhos animados são derivadas dos contos registrados pelos irmãos Grimm, já em domínio público.

A atual Lei de Direitos Autorais Brasileira (nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998) é das mais restritivas do mundo. Segundo a Consumers International IP Watch List, pesquisa global que classifica as leis nacionais de copyright em relação à promoção do acesso ao conhecimento, o Brasil tem a 4ª pior legislação do mundo. Pela lei brasileira, em nenhuma situação é permitido fazer cópia integral de uma obra sem autorização prévia e expressa do detentor de direitos autorais. Isso significa que mesmo o autor de uma obra, ao publicar um livro por uma editora e reservar a ela todos os direitos, não poderá copiar ou distribuir seu livro sem a autorização da empresa.

A boa notícia é que esta lei está em processo de modificação. De 14 de junho a 31 de agosto deste ano, o Ministério da Cultura Brasileiro promoveu uma consulta pública à nova Lei de Direito Autoral e foram registradas no período 8.431 manifestações sobre o projeto – de apoio, rejeição ou propostas de nova redação. Diversas entidades ligadas à educação – como a Ação Educativa, o Instituo Paulo Freire e o Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária ) – elaboraram uma série de propostas de alteração da lei para incentivar o compartilhamento de materiais educacionais. Precisamos agora acompanhar a sistematização que o Ministério da Cultura fará do projeto e trabalhar para que o Congresso seja favorável à expansão do acesso ao conhecimento, à educação e à cultura, aprovando uma nova lei que esteja a serviço da maior parte das pessoas.

Para inspirar nossos parlamentares, vale lembrar que a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos coloca a necessidade de equilíbrio entre o direito à cultura e o direito de autor. O artigo XXVII, define como direitos universais, relacionados, que: (1) toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios; e que (2) toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. É hora de equilibrar!

Experiências de politica pública para REA

Esta semana, dois eventos muito interessantes aconteceram nos EUA e foram transmitidos em forma de “webinar”.

O primeiro – “How to drive college costs down and quality up in TX and CA: Emerging textbooks solutions” – aconteceu na terça-feira, dia 16 de novembro, e focou soluções para a diminuição de preço de livros didáticos, ao mesmo passo em que a qualidade é mantida e aprimorada. Experiências dos estados da Califórnia e do Texas, nos EUA, foram discutidas, assim como novos modelos de negócio na área de publicação de livros didáticos e técnico-científicos. Foram palestrantes o Senador Dean Florez pela Califórnia, Dr. Charles Cook – vice-chanceler dos colégios comunitários de Houston, Texas, Eric Frank, president da Flat World Knowledge e Denins Passovoy, da Universidade de Texas em Austin.

Os temas discutidos foram a disparada de preços de livros universitários e didáticos, o impacto desses custos para estudantes, professores, instituições e governo; os esforços atuais na Califórnia e no Texas para a incorporação do livro didático aberto e de recursos educacionais abertos; os esforços de treinamento de professores no uso e elaboração de recursos educacionais abertos; e a possibilidade de redução de custos estudantis em quase 80 porcento, enquanto aumenta a qualidade, a acessibilidade e a inovação na educação. O seminário completo pode ser visto e ouvido aqui (em inglês). Outros webinars promovidos pela Flat World Knowldge podem ser vistos aqui.

Um dos exemplos de sucesso apresentados, e derivado da preocupação em relação aos altos custos de livros didáticos (nos EUA os preços de livros didáticos triplicaram na ultima década) e a necessidade de garantir o acesso dos estudantes a livros, foi a da Faculdade Comunitária de Cerrito (para uma versão mais completa, ver pagina 8 desta revista), que, desde 2008 adota livros didáticos abertos. Mas o beneficio não e somente a diminuição de custos para estudantes, mas também os benefícios para professores. Os livros, em suas versões digitais e online, funcionam como uma plataforma de trabalho que dá liberdade e controle sobre o conteúdo para o professor, aumentando a sua eficiência e motivação.

O segundo seminário – promovido pelo Open Couseware Consortium – aconteceu na quinta-feira, dia 18 de novembro, e contou com a apresentação de Reuven Carlyle, deputado estadual do estado de Washington, também nos EUA.

Naquele estado foi feita uma pesquisa de custos de livros diáaticos utilizados em 82% dos cursos com maior numero de estudantes (200.000 estudantes no total). Nesse sentido, cursos como o de história, biologia, matemática, entre outros foram abarcados na pesquisa. Deste estudo e outros complementares sobre a utilização de tecnologia para aprimorar a eficiência do aprendizado, gerou-se o “Plano Estratégico de Tecnologia” para aquele estado.

Esse plano liderou a mudança das compras públicas daquele estado de conteúdo proprietário para conteúdo aberto, garantindo ao estado e aos estudantes grandes economias. Para o Deputado Carlyle, a situação gerada foi de “win-win-win”, ou seja, alunos, professores e o os cidadãos que pagam impostos ganham. Para o estudante o ganho é claro: redução de custos relativos à sua educação, para os professores o ganho é relativo à ampliação de possibilidades de materiais, aprendizado e compartilhamento de técnicas de ensino, e para o contribuinte o ganho é a eficiência dos impostos, que acabam por ser investidos em um bem aberto a todos.

Nesse sentido o deputado apresentou uma iniciativa de investimento em recursos educacionais abertos e livros didáticos abertos que terá um custo de 750 mil dólares e gerará economias para aquele estado na faixa de 41 milhões de dólares. [1][2]

Adicionalmente, foi aprovada uma regulamentação naquele estado que determina que todo e qualquer financiamento pelo governo no desenvolvimento de recursos educacionais deve resultar em recursos educacionais licenciados abertamente à sociedade. Na concepção e justificação dessa regulação, o direito de acesso ao conhecimento por meio de recursos educacionais é considerado um direito básico daquela população. Parte da política que compreende o acesso ao conhecimento como uma questão de justiça social.

ReaCamp

O melhor registro do ReaCamp, sem dúvidas, foi feito pela Mila Tonarelli, em tempo real, no PiratePad. A Mila, aliás, propôs uma dinâmica interessante pro encontro: cada um dizer, em poucas palavras, as ideias REA que gostaria de ver acontecendo. Isso permitiu que todas as pessoas tivessem seu momento de fala garantido, sem impedir a troca – com acordos, dúvidas e saudáveis embates.

ReaCamp no Fórum da Cultura Digital 2010

Estavam presentes professores – com uma visão bem pragmática do que são REA no chão da escola; editores – com preocupações comerciais e logísticas; pesquisadores – com um viés mais investigativo e comparativo dos temas; gestores de diferentes projetos e pessoas que se encaixavam em mais de um perfil. Os temas abarcaram desde a necessidade de produçao massiva de conteúdo em língua portuguesa (e como tornar isso viável) , passando por um tira-dúvidas bem prático sobre como licenciar materiais de educandos, até como a cultura digital pode estar em toda a produçao de conhecimentos na escola, e não só nos recursos e conteúdos.

As quase quatro horas de encontro foram bastante intensas e levantaram questões interessantes para continuarmos a debates. Elenco algumas delas abaixo e peço aos que estavam lá que me ajudem a completar:

– Como pensar REA além de uma concepção conteudista da educação?

– Como expandir REA para fora da escola? Para experiências educativas que não sejam formatadoras e – segundo alguns – falidas, como a escola?

– Como criar massa crítica para saber que materiais traduzir, publicar?

– Como trabalhar a expressividade de alunos na produçao de conteúdos em diferentes linguagens?

– Como fomentar que as universidades produzam material didático livre?

– Como estimular que educadores e educandos sejam autores, reconhecidos como tal?

– Como fomentar a cultura de colaboração e compartilhamento nas escolas?

– Como as universidades e as escolas podem se engajar na produção de conteúdo em língua portuguesa?

– Seria mais efetivo estimular que indivíduos ou grupos produzam REA? Ambos? Como?

– Como engajar professores e estudantes em produzir conteúdo relevante em vez de se dedicarem a atividades “educativas” sem sentido?

Quem quer pagar pelo professor digital?

Do Pará a São Paulo, de educadores a editores e cineastas. Foram diversos os sotaques e as experiências trocadas sobre educação popular, software livre, ativismo, REA, tecnologias e linguagens durante o encontro “Educação e Cultura Digital”, no segundo dia do Fórum da Cultura Digital Brasileira. Em vez de algumas pessoas, definidas previamente, apresentarem suas experiências e responderem a perguntas, como estava previsto, o encontro floresceu como uma roda de conversa horizontal em que as cerca de 40 pessoas presentes puderam se apresentar e discutir os temas que surgiam.

Educaçao e Cultura Digital no segundo dia do Fórum

Priscila Gonsales (@prigon) abriu a conversa apresentando o Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital: “Queríamos dar o salto: TIC nao é apenas ferramenta. Queríamos falar de cultura digital o clique se deu no ano passado, no primeiro Fórum!” Priscila lembra que a educação não era um tema privilegiado na programação e comemora o avanço deste ano. Robson Sampaio partilhou as conquistas e os projetos da Rede Mocambos e da Casa de Cultura Tainã. “Foi um trabalho dos negros com os meninos largados pras drogas, a boa idade e os chamados de loucos”, conta Robson sobre a trajetória inclusiva e inovadora dos projetos da comunidade.

Jader Gama trouxe a fantástica experiência do Puraqué, no Pará. Por desacreditarem na escola, como hoje ela funciona, alguns ativistas da cultura digital procuraram a secretaria municipal de educação de Santarém para propor um projeto com alunos. Segundo Gama, eles descobriram, sete meses depois, que deixar os professores fora do processo foi um grande erro. Decidiram então envolver as professoras, que resistiam inicialmente, mas que acabaram se encantando com a proposta. Em oficinas de metareciclagem, parte do processo de educação de professores, os 33 laboratórios de informática das escolas da cidade foram melhorados. E um servidor parrudo foi instalado em cada um deles. Autonomia e criatividade são as palavras de ordem do projeto que assume agora o desafio de colocar programação de software como disciplina curricular nas escolas. “Os alunos que sabem programar vão conduzir a disciplina sob orientação das professoras”, propõe Gama.

Barbara Dieu explicitou os quatro Rs necessários pra que materiais educacionais sejam considerados recursos educacionais abertos: reuso, revisão, remixagem e redistribuição. Bee também contou sua experiência como professora de língua estrangeira, que sempre buscou uma aprendizagem relevante com seus alunos, mesmo antes do uso das tecnologias digitais ” Pra que trabalhar um texto que não tem significado nenhum, nem pra eles nem pra mim, só por exercício?” A educadora mostrou como o engajamento em processos colaborativos interessam aos alunos e facilitam o aprender.

Bianca Santana apresentou a comunidade REA e convidou os presentes a se envolverem com os debates que tratam das liberdade do software livre e da cultura livre na educação. Trouxe a experiência do Projeto Folhas e do Livro Didático Público, do Paraná, como boa política de REA que educa o professor, o valoriza como profissional, autor e ator-chave no processo educativo, e produz material didático de qualidade.

Algumas pessoas pontuaram a resistência de professores e escolas nos usos das tecnologias digitais, mas Milada Tonarelli falou de como essa realidade já avançou: “Hoje é diferente do que era há 10anos. Há resistência, mas muitos laboratórios já estão abertos, por exemplo.Nós evoluímos”.  E o professor José Carlos Antonio provocou: “escolas, pais, governos, a sociedade toda quer o professor digital, mas quem quer pagar pra ter esse professor?” Diversas pessoas completaram a pergunta de José Carlos. Além de salário decente e hora para se dedicar às TIC também fora da sala de aula, é preciso o investimento em infra-estrutura, equipamento adequado e processos educativos continuados. Quem quer pagar a conta?

*pra este post foram remixados tweets publicados durante o debate por @biancasantana, @bdieu, @vanerodrigues, @miladatgon, @liliansta, @soniabertocchi @prigon @deborasebriam @educaredebrasil @minhaterra @Editora_Moderna

Oficina do Connexions no II Fórum da Cultura Digital Brasileira

Oficina do Connexions no II Fórum da Cultura Digital Brasileira (15/11/2010)

“Oficina assim pequena é ótimo porque dá pra conversar bastante”, comemorou Jorge Sallum, membro da comunidade REA e diretor da Editora Hedra, assim que acabou a oficina do Connexions realizada ontem, 15/11, no Fórum da Cultura Digital. Fomos seis os que acompanharam o encontro do começo ao fim: Bianca, Luciana, Tom, Eri, Jorge e Abdo. Algumas pessoas que estavam no espaço “Hands Off”, onde acontecia o encontro, acompanhavam pelo áudio, e outras paravam para assistir trechos da palestra de Daniel Williamson. Como afirmou Jorge, a troca dos que participaram foi muito bacana.

Pela plataforma DimDim, Daniel apresentou os princípios da educação aberta, que norteiam a plataforma, deu detalhes sobre o Connexions e respondeu a perguntas dos brasileiros. Falamos sobre o desejo e a possibilidade de traduzir a ferramenta para português, sobre a distribuição de usuários do CNX pelo mundo e sobre a impressão de livros abertos pelo governo da Califórnia.

Hoje, dia 16, às 18h30, a comunidade REA participa de um debate sobre Educação e Cultura Digital.

E amanha, dia 17, das 9h às 11h, tem REA-Camp!

REA no Fórum da Cultura Digital Brasileira

Na manhã de quarta-feira, 17 de novembro de 2010, nossa comunidade vai se encontrar na Cinemateca para o primeiro REACamp. Como em outros “camps” – tipo o BarCamp ou o NewsCamp – a ideia é reunir  pessoas que pensam nos materiais educacionais como fruto e incentivo de colaboração para trocar conhecimentos e experiências. Em vez de uma grade de programação, palestrantes ou temas pré-definidos, cada participante é convidado a se engajar nas discussões horizontais que emergirem. Difícil? Então pense em gente interessante, interessada em trocar, falando e ouvindo sobre REA em um ambiente descontraído. É fácil, gostoso e produtivo.

O encontro é parte da programação do II Fórum da Cultura Digital Brasileira, realizado pelo Ministério da Cultura e organizações da sociedade civil como a Casa da Cultura Digital. Além do REACamp, a comunidade REA vai realizar uma oficina do Connexions, plataforma para criar, modificar e compartilhar materiais educacionais. Dos Estados Unidos, Daniel Williamson vai apresentar os propósitos da plataforma e mostrar exatamente como a coisa funciona na prática. É uma excelente oportunidade para aprender a utilizar um repositório livre e gratuito de recursos didáticos. Segunda-feira, dia 15, das 15 às 17h.

A programação completa do evento pode ser acessada aqui. Abaixo, uma seleção mais ligada aos REA:

15 de novembro (segunda-feira)

9h: experiências em Educação e Cultura Digital

As praticantes e apoiadoras dos REA Mílada Gonçalves, do EducaRede e do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital, e Mary Lane Hutner, do Projeto Folhas e do Livro Didático Público, falarão sobre suas experiências com representantes do Laboratório Web de Comunicação  da UFRJ, do Centro Educacional Pioneiro, do projeto SELIGA e do “Polo de Cultura Digital”.

15h: Oficina da plataforma Connexions

16 de novembro (terça-feira)

18h30 às 21h:  experiências em Educação e Cultura Digital

As ativistas de REA Bianca Santana, Barbara Dieu, Lilian Starobinas e Priscila Gonsales (EducaRede e do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital) trocarão experiências com Jader Gama (Puraqué), Paulo Lima (Saúde e Alegria).

19h: Lançamento do livro “Cidadania e Redes Digitais”, com artigo de Carolina Rossini sobre REA

17 de novembro (quarta-feira)

9h às 11h: REACamp

20h – 21h Global Education Conference (encontro remoto, paralelo ao encerramento do Fórum)

Barbara Dieu,  super-ativista dos REA, vai participar de uma rodada junto com uma americana e um africano sobre os recursos da Merlot  (The Free and Open Collections of MERLOT World Languages). Segundo a própria Bee, sua intervenção vai “ilustrar com exemplos práticos a importância dos recursos/acesso abertos, um tico de Creative Commons (haverá uma plenária com Esther Wojcicki só sobre isso),  sublinhar a importância das línguas estrangeiras nesse acesso e mencionar o REA Brasil dentro deste esquema.”

Manifeste-se: Acesso Aberto na USP

No dia 26 de outubro a Universidade de São Paulo (USP) promoveu um seminário interno no qual docentes, funcionários e estudantes, cidadãos e representantes de organizações da sociedade civil, ligados ao meio acadêmico, reuniram-se para manifestar o apoio ao acesso aberto à produção técnico-científica, artística e didática da USP.

O palestrante convidado foi o Prof. Stuart Shieber da Universidade de Harvard, grande responsável pela  politica de acesso aberto daquela Universidade dos EUA. A palestra o Prof. Stuart está disponivel em video com legendas em Português.

O resultado desse encontro foi uma carta de apoio ao acesso aberto que agora encontra-se em período de revisão pela comunidade uspiana.
Veja, comente e apoie!

Para saber mais sobre o acesso aberto veja:

* www.openoasis.org – O portal Open Oasis visa proporcionar um “Manual” sobre o Acesso Aberto, que abrange o conceito, princípios, vantagens, abordagens e meios para alcançá-lo. O site destaca a evolução e iniciativas de todo o mundo, links para diversos recursos adicionais e estudos de caso.

The Open Access Movement: opportunities and challenges for developing countries [2007] de Carolina Rossini. O artigo apresenta o conceito de acesso aberto e o potencial impacto em países em desenvolvimento. – http://campus.diplomacy.edu/env/scripts/Pool/GetBin.asp?IDPool=3737

Fontes em Português:

Direitos autorais e o acesso às publicações científicas [2005] – http://www.adusp.org.br/revista/37/r37a01.pdf

Filosofia aberta, modelos de negócios e agências de fomento: elementos essenciais a uma discussão sobre o acesso aberto à informação científica [2006] – www.scielo.br/pdf/ci/v35n2/a05v35n2.pdf

Os direitos autorais e a educação [2009]
http://www.observatoriodaeducacao.org.br/images/pdfs/dc27final.pdf

Acesso Livre, Licenças Flexíveis, REA e Comunidades de Prática

Open Access 101 é um vídeo feito por Karen Rustad da ONG Right to Research . A autora explica como funciona a indústria editorial de artigos acadêmicos e comenta como o alto custo para o usuário final faz com que o conhecimento fique em silos fechados, restrito àqueles que podem pagar mais. A alternativa é o Acesso Livre, que dá possibilita ao autor de:

disponibilizar livremente na Internet a literatura de caráter científico, permitindo a qualquer utilizador pesquisar, consultar, descarregar, imprimir, copiar e distribuir, o texto integral de artigos e outras fontes de informação científica. (Wikipedia)

O vídeo estava em inglês, o que dificulta a compreensão daqueles que não têm o domínio da língua. Logo resolvi que iria traduzí-lo para facilitar o acesso. A licença Creative Commons BY/NC/SA , usada pela criadora do vídeo, me diz que posso utilizar sua obra, distribuí-la e remixá-la desde que dê a atribuição, o uso não seja comercial e que eu compartilhe o resultado desse remix com a mesma licença.

Resolvi testar o Universal Subtitles, um projeto (ainda em beta) da Participatory Culture Foundation. A ferramenta permite a criação colaborativa de legendas para vídeos online. Tem como objetivo central fortalecer as comunidades de legendagem e aprimorar a acessibilidade do conteúdo de video online.

O Universal Subtitles, no entanto, aceita (por enquanto) somente alguns sites online como o YouTube e o blip.tv e os formatos FLV e ogg. Como o filme original está no Vimeo e eu o tinha baixado em mp4, teria que convertê-lo para ogg e transportá-lo para o blip.tv. Não tinha no meu computador aplicativos para fazer a conversão….grrr

Felizmente, naquele exato momento vi (através do chat do Gmail) Ewout Ter Haar, um dos fundadores do Stoa e membro ativo da comunidade REA. Mandei um SOS. Ewout gentilmente me ajudou a converter o mp4 em poucos minutos, permitindo assim que eu tivesse a versão em ogg para a legendagem. Assim funcionam as comunidades de prática 🙂 Obrigada, Ewout e aqui está o resultado. Legendei primeiro em inglês e depois fiz a tradução para o português.

Deixo aqui um pequeno exemplo de colaboração entre membros de uma comunidade de prática e remixagem de conteúdo aberto com uma licença flexível que resultou em um Recurso Educacional Aberto. Este pode ser agora compartilhado e também modificado pela comunidade já que o Universal Subtitles permite que outros usuários participem e melhorem o que foi feito.

REA na ANPED

De 17 a a 20 de outubro de 2010, aconteceu a 33a reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped). Foi apresentado no GT 16 – Educação e Comunicação – o texto “Propriedade Intelectual nas Escolas”, de Bianca Santana, que apresenta os recursos educacionais abertos em contraponto ao proibitismo do projeto “Escola Legal” da Câmara Americana do Comércio (Amcham).

O texto, pode ser baixado aqui.

Abaixo, segue o resumo:

PROPRIEDADE INTELECTUAL NAS ESCOLAS
Bianca Maria Santana de Brito – USP

Com a difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), aumentaram as possibilidades de compartilhamento, usos, adequações e reapropriações de informações e produções culturais. Neste contexto, as questões relativas à propriedade intelectual e ao direito autoral ganharam força nas ações da indústria do copyright e nas discussões do movimento da cultura livre, mas ainda estão distantes do campo da educação. A Câmara Americana do Comércio lançou, em 2006, o Projeto Escola Legal: combater a pirataria se aprende na escola. Neste trabalho são analisados dois manuais do Projeto, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os Parâmetros Curriculares Nacionais e referências teóricas da educação e da propriedade intelectual.
Também são discutidas visões da propriedade intelectual diferentes das definidas no Projeto. E, por fim, apresentamos o conceito dos Recursos Educacionais Abertos, que diz respeito ao fomento de práticas legais de compartilhamento de materiais
educacionais por meio de tecnologias e licenças livres.

Palavras-chave: direito autoral; educação escolar; propriedade intelectual; recursos educacionais abertos; tecnologias de informação; comunicação.