Saiba como foi a desconferência REA no Fisl

A importância do uso de materiais didáticos digitais livres foi o centro da discussão da desconferência REA no Fisl, que ocorreu ontem, em Porto Alegre. Além dos membros da comunidade REA, o público participou intensamente, o que permitiu um debate rico sobre o assunto.

Para saber mais detalhes da desconferência, leia o post de Alexandre Kupac, membro da comunidade do software livre, publicado em seu blog.

REA no FISL

Hoje, 29 de junho, começa a 12a edição do Fisl (Fórum Internacional do Software Livre), em Porto Alegre. Há muitos debates e encontros que tratam de educação e tecnologias livres, como é possível ver aqui.

E amanhã, dia 30, às 15h, acontece o debate sobre Recursos Educacionais Abertos, na sala 41-A fisl 1. A ideia é convidar todos os presentes a trocarem ideias e experiências, num clima de desconferência.  Figuras importantes da nossa comunidade estarão presentes:

Sintam-se convidados e ajudem a divulgar, por favor 🙂

Encontro REA em Santarém

Chovia em Santarém na manhã de sexta-feira, 27 de Maio. E a chuva por lá atrapalha a vida de todo mundo. As muitas ruas de terra se enchem de buracos no inverno, como eles chamam essa época do ano. Muitas das linhas de ônibus param de circular em dias como esse e mesmo os carros precisam se aventurar para atravessar a cidade. Não estamos falando de uma cidade pequena! Na região do Baixo Amazonas, que inclui Santarém, os santarenos, ou mocorongas como se chamam os nascidos por lá, somam quase 300 mil espalhados na cidade e no campo.

O Encontro começou perto das 10h, quando já eramos quase 30 pessoas entre professores e coordenadores das Escolas Municipais, professores do Núcleo de Informática Educativa de Santarém – o NIE, crianças do projeto Jovens CodeirXs, estudantes e professores da Universidade Federal do Oeste do Pará – a UFOPA, representantes da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social, a equipe do Casa Brasil e pessoas da comunidade próxima ao local do evento.

A abertura ficou por conta da Adriane Gama da Casa Brasil e do Coletivo Puraqué com uma música de acolhida de Mestre Chico Malta, de Alter do Chão: “Se eu soubesse que tu vinhas mandava varrer a estrada, pingava pingos de cheiro: sereno da madrugada”. Em seguida iniciamos as atividades propondo uma roda de apresentação. Cada pessoa que se apresentava falava um pouquinho de si e escolhia um conceito que fosse importante na atividade que desenvolve profissionalmente. Feito isso cada um buscou um conceito que completasse o seu e, em duplas, relacionaram os conceitos, contaram um pouco de si para o outro e do trabalho que desenvolvem. Falamos de compartilhamento, liberdade, aprendizagem, amor, autoria, ensino, solidariedade intelectual, direito de uso, conhecimento etc.

Durante toda a manhã debatemos temas caros na construção do que são recursos educacionais abertos. Você concorda com as afirmações:

  • Todo professor é um autor.
  • Internet é uma ferramenta importante para a educação.
  • Posso usar tudo que está na Internet em sala de aula.

Você discorda? Em Santarém mudamos muito de opinião com as argumentações de quem concordava e de quem discordava. Pouca gente ficou no meio, sustentando o “não sei”, até o final da discussão!

Aliás a participação foi ponto forte no Encontro todo. Não foram poucos os depoimentos que mostravam as pessoas envolvidas e dedicadas com as discussões sobre educação, compartilhamento, solidariedade intelectual, material educacional etc.

Quando o tema foi relembrar “Coisas que cada um de nós fez uso para ensinar” e aprender chegamos ao mapa de Recursos educacionais que vocês veem abaixo. Cada um se responsabilizou por listar três dos recursos que vemos no mapa. Não é a toa que jogos e vídeos apareceram tantas vezes. Mas vale a pena conferir em alguns recursos bem diferentes que foram levantados: bingo, pintura, fantoches etc.


Mapa de Recursos Educacionais

Em grupos os participantes discutiram sobre cinco grandes temas – aqueles que mais apareceram nas atividades anteriores. Foram eles: autoria, direito de uso, liberdade, conhecimento, compartilhamento. O resultado do trabalho coletivo foi partilhado com todos os presentes em uma grande roda.

Terminada a manhã fomos almoçar e perdemos parte do grupo: as secretarias municipais não liberaram todos os professores para participarem o dia todo do encontro.

De tarde, quando recomeçamos os trabalhos, se juntaram ao grupo, então reduzido, outros professores e crianças – alunos do período da manhã – que foram ao Casa Brasil para usar o telecentro e decidiram participar conosco para entenderem o que é Recursos Educacionais Abertos e jovens CodeirXs – projeto do Coletivo Puraqué. E foi exatamente esse o mote para o início das atividades da tarde: partilhamos “definições” que já existem – na Wikipédia, documentos da Unesco, na Fundação William e Flora Hewlett etc – para os Recursos Educacionais Abertos e convidamos as pessoas, para em grupo criarem uma frase que tratasse do que significa REA para elas.
O resultado foi incrível:

  • “Todo e qualquer recurso que possa ser modificado, adaptado de acordo com a necessidade e a realidade de cada um.”
  • “São recursos criados para o bem da coletividade, onde não há um dono, mas sim vários autores.”
  • “São ferramentas que nos da possibilidade de inovação para gerar mais informação transformada em sabedoria…”
  • “Reutilizar outras metodologias de ensino para as inovações de gerar e aprender com esses recursos abertos…”
  • “Uma ideia que propõe recursos e produtos educativos que possam ser distribuídos e compartilhados de forma livre.”
  • São todos recursos que podem ser utilizados na educação que respeitem a filosofia livre.”

O que nasceu da atividade de conceituação coletiva do que é REA, que passa por uma apropriação do tema, nos surpreendeu a todos – participantes e facilitadores. Tanto é assim que na rodada de encerramento quando todos nós contamos um pouco do que significou o encontro várias pessoas partilharam o fato de que não tinham a menor ideia do que poderia significar Recursos Educacionais Abertos, que foram para o encontro na expectativa de ouvir conceitos e teorias, mas que o que encontraram foi uma construção coletiva das ideias que resultou em uma apropriação efetiva da proposta como movimento de liberdade e democratização e não apenas teoria ou conceito.

Foi pensando na prática que predispõe a apropriação que propusemos uma atividade mão na massa: em grupo, os participantes foram desafiados a criarem planos de aula que tivessem como objetivo último construir com os educandos o que é REA e que questões estão envolvidas quando tratamos do tema.

O resultado foi incrível: um plano propôs criar um glossário para estimular os alunos e explicar licença e compartilhamento; o segundo propôs dois planos: um deles pretendia fazer uso do remix de uma boneca de pano, e o outro propunha a criação de paródias; o terceiro grupo montou uma aula teórica – para ser desenvolvida em telecentros da rede do Casa Brasil/ Coletivo Puraqué – com a apresentação dos conceitos de Recursos Educacionais Abertos em comparação com o Software Livre que é uma realidade conhecida e apropriada pelo público-alvo; o quarto e último grupo decidiu trabalhar com REA a partir do resultado de trabalhos desenvolvidos em Software Livre: ao final de uma oficina de Cinelerra, por exemplo, o vídeo produzido quando fosse disponibilizado seria foco de discussões sobre torná-lo um Recurso Educacional Aberto.

A última atividade do dia foi a construção de um plano de ações para seguir adiante com a comunidade REA que se criara ali. Cada pequeno grupo se encarregou de propor 3 ações práticas e registrá-las cada uma em um postit. Terminada a criação, na partilha da roda com todos os participantes, separamos essas ações em ações de curto prazo, ações de médio prazo e ações de longo prazo.
Encerramos o encontro com um grande convite para que todos se juntassem a comunidade REA. Como uma das ações propostas foi a criação de uma comunidade REA-Santarém, ficou decidido que Jader e Adriane Gama fariam parte da comunidade REA Brasil. O convite já foi feito e os dois estão na nossa lista de discussão.

Vale a pena pensar agora em levar algum Santareno para nosso próximo encontro em algum canto do Brasil partilhando realidades e experiências e semeando conceitos de liberdade, autoria, compartilhamento e solidariedade intelectual!

Amanhã: Fórum sobre Multimídias no Ensino

Um encontro que discutirá a importância do uso de material multimídia na educação acontecerá amanhã, a partir das 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. Além de apresentações de experiências realizadas em sala de aula e do destaque dos benefícios do ensino presencial com o uso dessas ferramentas, o fórum abrirá um espaço para a reflexão acerca dos efeitos das tecnologias no ensino e abordará o papel fundamental das universidades na formação de professores na área.

O evento engloba 3 trabalhos desenvolvidos nessa universidade:
– Matemática: www.m3.mat.br
– Língua Portuguesa: www.iel.unicamp.br/projetos/conexaolinguagem
– Biologia: www.embriao.ib.unicamp.br

Todos são parte do projeto Condigital, desenvolvido na Unicamp desde 2008 com financiamento do governo federal.

Haverá transmissão ao vivo aqui. Para saber mais sobre o evento, assista a este vídeo e acesse o site para fazer sua inscrição.

REA na Alesp: uma rica troca de ideias e experiências

O auditório Teotonio Vilela, na Assembleia Legislativa de São Paulo, permaneceu lotado desde as 10 da manhã, quando começou o seminário REA, até as 18 horas, quando ele se aproximava do final. Educadores, jornalistas, editores, advogados e militantes da internet livre ajudaram a garantir a qualidade dos debates, o que, para o projeto REA Brasil, serve como a indicação dos melhores e mais democráticos caminhos possíveis.

A primeira mesa, aberta pela coordenadora do projeto REA Brasil Bianca Santana e pelo deputado estadual Simão Pedro, grande apoiador da causa sem o qual o evento não teria sido possível, resumiu compromissos de cada participante com os REA. Seguiu-se o cronograma com as quatro mesas previstas e a desconferência, com uma dinâmica mais informal e a participação de todos os que desejassem se colocar.

“Sem formatos abertos não existem recursos educacionais abertos”, afirmou o professor da UFABC Sergio Amadeu da Silveira, introduzindo a segunda mesa, que tratou da importância na consonância do contexto atual para a plena consolidação dos REA. John Wilbanks, do Creative Commons, esclareceu questões relacionadas às licenças e apresentou números que comprovam o uso em massa delas pelo mundo: só no Flickr, site de compartilhamento de imagens, são mais de 190 milhões de fotos licenciadas em CC.

Experiências públicas, como o Projeto Folhas, e novas iniciativas privadas, como o portal OCW do Colégio Porto Seguro e o projeto do Colégio Dante Alighieri foram apresentadas, encorpando ainda mais o cabedal brasileiro de recursos educacionais abertos e colocando nosso país entre os mais avançados na área, como disse o ex-diretor de elearning e educação aberta do estado de Washington, Cable Green.

Braulio Araújo, do GPOPAI, abriu as apresentações da terceira mesa oferecendo esclarecimentos importantes acerca do funcionamento do mercado editorial e da forma como os direitos autorais – ou empresariais, como ele preferiu definir para o caso, por conta de o maior retorno financeiro permanecer com as editoras – são recolhidos. Pouco depois, Guilherme Canela, da Unesco, ressaltou a importância de também se atentar a problemas gerais da educação quando se pensa em REA.

A  última mesa, dedicada à elaboração de políticas públicas, foi concluída com uma apresentação da coordenadora do projeto REA Brasil Carolina Rossini. Todas as apresentações e fotos do evento estão disponíveis aqui e aqui, respectivamente.

Para saber mais sobre as principais declarações dos participantes do evento, siga nosso perfil no twitter (@reanetbr) e leia a cobertura feita em tempo real.

Projeto de lei REA será analisado na Câmara

Na onda de boas notícias a serem comemoradas nesta semana de evento REA na ALESP, e como reconhecimento da importância da educação aberta para a sociedade brasileira, a Câmara dos Deputados irá analisar um projeto de lei que determina que obras educacionais financiadas por recursos públicos devem beneficiar a todos e estar disponíveis para uso por meio de uma licença aberta, como a do Creative Commons. O projeto também determina que o governo apoie o desenvolvimento de repositórios digitais federados e desenvolvidos com software livre, que permitam o arquivo, a publicação, a distribuição e o fácil acesso a tais materiais.

De iniciativa do Deputado Federal Paulo Teixeira, o projeto, especificamente, “dispõe sobre a política de contratação e licenciamento de obras intelectuais subvencionadas pelos entes do Poder Público e pelos entes de Direito Privado sob controle acionário de entes da administração pública.” O projeto também regulamenta o direito autoral das obras produzidas por funcionários públicos quando do exercício de sua função.

“Há muitos anos trabalho a questão de acesso ao conhecimento e entendo a Internet como instrumento fundamental a tal fim. Ao repensar a educação na era da sociedade do conhecimento, me deparei com o conceito de recursos educacionais abertos e percebi como nossa legislação não trabalha esta questão. O Brasil não pode ficar de fora deste debate, ainda mais porque nosso governo é um dos maiores financiadores de recursos educacionais, seja por meio de compras públicas, seja por meio de salários e bolsas de estudo e pesquisa, seja por meio de isenção de impostos em toda a cadeia produtiva de livros. Os números impressionam! Creio que todos, empresas e pessoas, que recebem tal montanha de dinheiro vindo dos cofres públicos, têm uma obrigação para com a sociedade: compartilhar o resultado de suas pesquisas e o desenvolvimento delas com a sociedade que o/a financiou, permitindo o uso livre de tal recurso educacional” – Deputado Paulo Teixeira

Para mais detalhes, leia o projeto, que também traz importantes  definiçoes sobre recursos educacionais abertos, licenças livres, entre outras.


“A Secretaria Municipal de Educação entendeu que não fazia sentido manter o material produzido com recursos públicos sob direito autoral restrito…”

Publicado originalmente em: http://www.portalsme.prefeitura.sp.gov.br/anonimosistema/detalhe.aspx?List=Lists/Home&IDMateria=769&KeyField=Arquivo%20de%20Not%C3%ADcias

A partir desta terça-feira, 7 de junho, todos os materiais didáticos produzidos pela Secretaria Municipal de Educação estarão sob licenças Creative Commons. Isso permitirá que outras redes de ensino, municípios e Estados utilizem os conteúdos produzidos pela Rede Municipal de Ensino, desde que para fins não comerciais. Quem usar o que foi produzido em São Paulo para produzir um novo material deverá licenciá-lo e disponibilizá-lo da mesma forma.

O Creative Commons é um projeto mundial, mas ainda pouco conhecido e considerado vanguardista. Essas licenças surgiram para acompanhar as novas necessidades criadas pela internet. O direito autoral impede a reprodução de materiais produzidos para quaisquer fins sem a devida autorização do autor. Isso dificulta o uso de dados para fins não comerciais e para a disseminação das informações.

A Secretaria Municipal de Educação entendeu que não fazia sentido manter o material produzido com recursos públicos sob direito autoral restrito, já que muitas vezes esses conteúdos são solicitados por outros municípios e Estados para fins didáticos e para a expansão de experiências educacionais bem sucedidas em uma das maiores cidades do país.

Entre os materiais disponíveis para download estão as Orientações Curriculares para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, Orientações Didáticas para a Educação de Jovens e Adultos, Programa Ler e Escrever (todos no site da Biblioteca Pedagógica) e os manuais produzidos pelo Departamento de Merenda Escolar.

Especialistas das áreas de Educação, Cultura e Tecnologia falaram sobre a iniciativa da Secretaria de Educação paulistana:

“No meio de tanta notícia ruim, uma luz se acende na capital paulista. Acabo de saber que a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo vai disponibilizar na internet – sob uma licença Creative Commons – todo o conteúdo de orientação aos professores, inclusive os guias de estudo e planos de aula. Isso significa que todos poderão compartilhar o material e criar obras derivadas, desde que assegurados os devidos créditos da criação original. É fácil imaginar o que isso significará em economia de recursos públicos para centenas de pequenos municípios brasileiros, que poderão adaptar o material às suas realidades sem gastar um centavo do orçamento. A luta pela educação pública de qualidade não pode ser vitimada por diferenças partidárias. O exemplo de São Paulo deveria ser seguido pelas demais administrações. Agora resta torcer para que os próximos prefeitos de São Paulo, não importando de que partidos sejam, mantenham essa importante iniciativa.”

Fernando Morais, escritor, ex-secretário da Educação do Estado de São Paulo

“O futuro da educação está diretamente ligado à tecnologia. A criação de Recursos Educacionais Abertos (REA´s) é um passo importante na criação de uma infraestrutura educacional em sintonia com as possibilidades da tecnologia da informação. O uso da licença Creative Commons permitirá o amplo acesso e disseminação dos recursos educacionais produzidos pelo município de São Paulo e também a possibilidade de que esses recursos possam ser coletivamente atualizados e aperfeiçoados. Em síntese, a iniciativa aproxima da sociedade o esforço continuado de promover a educação e reconhece a tecnologia e a colaboração como aliadas da gestão do conhecimento.”

Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro e diretor do Creative Commons Brasil

“Há alguns anos, gestores comprometidos com o compartilhamento do conhecimento passaram a orientar a utilização das licenças Creative Commons nos sites das instituições que dirigiam. Foi assim no Ministério da Cultura do Governo Lula, pioneiro desse movimento em âmbito nacional. Foi assim na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, pioneira desse movimento na maior cidade do país. Iniciativas como essa apontam para a compreensão de que precisamos repensar as noções de autoria, compartilhamento, colaboração no mundo digital. Que precisamos reequilibrar a relação entre o direito dos autores e a utilização livre pelas pessoas. A indústria da intermediação, típica da era industrial, não pensa assim e combate aqueles que trabalham para atualizar o nosso mundo. É nosso dever, como cidadãos conscientes, fazer a defesa de iniciativas como essa.”

Rodrigo Savazoni, comunicador, ciberativista e um dos criadores da Casa de Cultura Digital

“Produzir conhecimentos de forma colaborativa é o papel da escola. A educação tem de ter isso em mente, em todas as suas ações. As políticas públicas precisam fortalecer essa ideia e a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, ao licenciar todo o seu site em creative commons, não só dá um importante passo à frente nessa direção, como promove de forma positiva a ampliação das possibilidades colaborativas em todo o poder público municipal, com importantes reflexos para os Estados e a nação. Esse não é um pequeno passo. É um salto de qualidade para a educação em nosso país.”

Nelson Pretto – professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Conselheiro titular do Conselho de Cultura do Estado da Bahia
“A proposta da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo de licenciar o conteúdo produzido no seu site é uma notável iniciativa de reconhecimento e apoio ao acesso livre, ao compartilhamento de conteúdos e à re-utilização de informações públicas. Esse licenciamento permitirá que usuários do site possam acessar conteúdos livremente, compartilhá-los com terceiros e modificá-los em usos não comerciais, desde que citem a fonte e mantenham os termos da licença. Com essa medida, a secretaria adequa sua política de direito autoral a práticas estabelecidas dos usuários de Internet, demonstrando conhecer e reconhecer as novas formas de compartilhamento e produção colaborativa propiciadas pela rede.”

Pablo Ortellado, professor da USP-Leste, membro do GPOPAI, Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação.
“A iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de desenvolver recursos educacionais abertos, liberando todo o conteúdo do site da SME pela Creative Commons  com a licença: “Atribuição – Uso Não Comercial – Partilha nos Mesmos Termos (CC BY-NC-SA)” – constitui uma inovação importante em direção à democratização e qualificação do ensino e um passo fundamental nesse momento de retrocesso na política federal de flexibilização do copyright.
Eu apoio essa iniciativa!”

Giuseppe Cocco, Professor Titular da UFRJ e membro da Univerdidade Nômade.

“É louvável a iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de licenciar os conteúdos disponibilizados em seu site por meio de uma licença Creative Commons. A atitude mostra como a gestão pública pode contribuir efetivamente para a melhoria das políticas relacionadas ao acesso ao conhecimento e ao direito à educação, que guardam relação direta com os direitos autorais. Num país como o Brasil, que possui uma das piores legislações autorais do mundo, especialmente em virtude de suas poucas possibilidades educacionais, uma ação governamental como essa contribui sensivelmente para a consecução efetiva do interesse público. Os serviços educacionais, tendo sua dinâmica cada vez mais estruturada em recursos educacionais abertos e acessíveis a toda a população beneficiarão estudantes, autores, professores e consumidores em geral.”

Guilherme Varella, advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

“Com esse importante passo, a Secretaria de Educação de uma das cidades mais ricas do País, onde milhões são gastos com educação e na compra de materiais educacionais, reconhece a importância dos recursos educacionais abertos para promoção de educação mais inclusiva e democrática. O uso de licenças do Creative Commons em materiais educacionais desenvolvidos ou pagos pela cidade de São Paulo irá  ‘tirar da sombra’ alunos e professores que necessitam acessar e utilizar materiais educacionais no seu dia a dia. Mas não é só isso. Essa adoção beneficia toda a sociedade que agora poderá também acessar e utilizar o material quando não tiver fins de lucro.  Esse passo também possibilitará a troca de experiências em relação ao uso de tais recursos.”

Carolina Rossini, Berkman Fellow, Advocate for OER in Brazil, and Peer2Peer University community member.

“Muito tem sido dito sobre a qualidade da educação e sobre a importância do acesso a materiais didáticos. A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo vai além do discurso e investe, de fato, no compartilhamento da informação e do conhecimento, aumentando as oportunidades educativas de todas as pessoas, mesmo as que não estão matriculadas nas escolas. A escolha de um licença que permite o remix, convida à autoria todas as professoras e professores da rede, reconhecendo seu papel fundamental e ativo na educação. Que outros gestores  sigam este importante exemplo de otimização de recursos públicos, de valorização dos profissionais da educação, e de ampliação do acesso a materiais didáticos de qualidade.”

Bianca Santana, comunidade brasileira de recursos educacionais abertos, membro da Casa da Cultura Digital.

“Ao liberar os conteúdos didáticos como recursos abertos e licenciados em Creative Commons, a Secretaria Municipal de Educação demonstra que as redes digitais são aliadas da democratização e melhoria dos processos educacionais. As redes podem e devem ser utilizadas para ampliar nossa inteligência coletiva e incentivar um processo de compartilhamento e recriação permanente.”
Sergio Amadeu da Silveira, Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas – CECS da Universidade Federal do ABC – UFABC

“A decisão da Secretaria Municipal de Educação de licenciar todo o conteúdo do seu site pela Creative Commons é histórica. Primeiro porque utiliza uma ferramenta contemporânea que tem impacto direto na economia do recurso público, permitindo compartilhamento de informações educacionais com outras cidades, sem custo. Do ponto de vista simbólico, a decisão também é importante: significa um suspiro de vanguarda em um mundo político contaminado pela caretice e medo do novo. Espero que essa decisão seja copiada, no melhor espírito creative commons, por todas as outras secretarias, e depois por todos os outros níveis de governo.”

Ale Youssef, Produtor cultural, sócio do Studio SP, fundador do site Overmundo e colunista de política da revista Trip

REA na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo

Texto do Estadão

SP vai colocar todo seu material pedagógico na internet • Para utilizar as obras, internautas deverão citar a fonte e não poderão fazer uso comercial


Mariana Mandelli – O Estado de S.Paulo

A partir de amanhã, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo vai colocar todo o seu material pedagógico na internet com a licença Creative Commons. Ou seja: o download das obras de todos os programas e projetos da pasta estará disponível no site da secretaria para quem quiser, desde que a fonte seja citada e o uso não seja para fins comerciais. O endereço é http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br.

A ideia surgiu porque, desde que o Programa Ler e Escrever passou a ser implementado, em 2006, a pasta passou a receber solicitações de municípios e Estados de todo o País interessados em utilizar o material. O programa objetiva melhorar as habilidades de leitura e escrita dos alunos do ensino fundamental da rede municipal paulistana.

“Não tínhamos uma forma adequada de licenciar tudo isso”, disse o secretário Alexandre Schneider. “Começamos a pesquisar e achamos interessante o seguinte: como temos os direitos daquilo que foi desenvolvido, porque foi criado na própria secretaria, entendemos que seria correto fazer um licenciamento que permitisse que qualquer um pudesse utilizar e adaptar os materiais nos quais já tínhamos gasto nossos recursos.”

Segundo o secretário, a pasta optou por esse tipo de licença porque ela permite que o usuário utilize o material do jeito que bem entender. “Ela possibilita que quem queria usar recorte, cole e anexe tudo ou partes do material, desde que coloque a fonte e o novo material produzido não gere lucro.”

Obras. Entre os materiais que estarão disponíveis no portal da secretaria há obras para todos os temas que a pasta aborda em suas políticas públicas: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação especial, informática educativa, educação étnico-racial, cadernos de orientação didática e livros voltados para a recuperação em língua portuguesa e matemática. Além disso, as orientações curriculares para educação infantil e ensino fundamental, as orientações didáticas para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e as obras do Programa Ler e Escrever também vão estar online para o público interessado.

Schneider acredita que, dessa forma, a secretaria vai compartilhar o conhecimento produzido com outras cidades. “Existem municípios que não têm condições de desenvolver esses materiais”, disse.

Inovação

ALEXANDRE SCHNEIDER
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DE SP

“A discussão dos recursos educacionais abertos é um debate de ponta que existe nas principais universidades.”

Secretaria de Educação do Estado oferece curso sobre objetos multimídia

Em parceria com os idealizadores do projeto Matemática Multimídia de recursos educacionais abertos, a Secretaria de Educação do Estado (SEE – SP) está oferecendo uma série de cursos que ajudam o professor da rede pública a integrar o uso dos objetos multimídia de aprendizagem à sala de aula.  As 1140 vagas do curso M@tmídias já estão preenchidas, mas novas inscrições serão aceitas no próximo semestre.

Os recursos mais utilizados serão os produzidos pela Unicamp para o Matemática Multimídia, mas outros conteúdos disponíveis na internet também serão aproveitados.

Para mais informações, acesse o regulamento do curso.