Recursos Educacionais Abertos será tema de Seminário Internacional em Brasília

Seminário reunirá decisores políticos, acadêmicos e sociedade civil para debater os Recursos Educacionais Abertos em Brasília. Articulado pelo projeto REA.br e políticos que defendem a abertura e democratização do conhecimento, o evento foi aprovado e será realizado em conjunto pela Comissão de Cultura e pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Essa é uma grande vitória de toda a Comunidade REA Brasil, formada por um grupo de mais de 12000 profissionais de diversas áreas do conhecimento e que vem se firmando como uma das mais representativas na área de educação e cultura digital.

Além dos especialistas e proponentes de projetos de lei brasileiros, o evento contará com a presença de especialistas internacionais na implantação de políticas públicas de REA nos Estados Unidos e na Europa. A disponibilização de recursos educacionais abertos vem ao encontro de várias metas dos Planos Nacionais de Cultura e de Educação, no que tange a ampliação e universalização do acesso ao conhecimento. Para além da democratização do acesso, a discussão sobre REA também enfatizará temas como a Educação Aberta, o papel e a formação do educador, iniciativas e práticas pedagógicas com REA.

Nunca ouviu falar do tema? Aproveite para saber mais sobre REA, licenças livres e iniciativas nacionais, acessando a entrevista de Priscila Gonsales a FTD Digital.

Onde encontrar REA?

Você já ouviu falar sobre Recursos Educacionais Abertos (REA)? Mesmo que você responda não, de alguma forma deve estar envolvido com a filosofia desse movimento, seja como usuário ou como produtor de conteúdo.

A popularização da internet e o seu potencial para distribuir conteúdos facilitaram a produção e a disseminação de recursos educacionais digitais, e nos últimos anos, vimos experiências se proliferarem Brasil afora – principalmente pela iniciativa de governos, de instituições educacionais e de ONGs ligadas a educação.

Os REA nada mais são que materiais que visam apoiar o aprendizado. Pode ser um curso completo, um plano de aula, um game, uma imagem que você produziu em uma viagem, entrevistas, áudios, ou, ainda, a combinação de vários desses elementos. A diferença desses materiais para os que tipicamente encontramos na internet gratuitamente são as licenças de uso, que são flexíveis e dão ao autor o poder de escolher de que modo outras pessoas poderão usar esse material.

Uma das licenças mais usadas são as do Creative Commons, que oferecem uma opção para quem prefere ter alguns direitos reservados, em vez do famoso “copyright” (todos os direitos reservados). Esse tipo de licença está presente em buscadores como o Google e Bing, plataformas de vídeo como o Youtube e Vímeo, plataformas de distribuição de conteúdo como o Slideshare e Scribd, entre outros serviços conhecidos. Isso permite que qualquer usuário possa buscar um conteúdo aberto para utilizar sem correr riscos.

Sempre que você estiver à procura de algum recurso como um som, uma música, uma imagem, um vídeo, um software, um texto, um artigo, um infográfico para a sua aula, ou para o seu trabalho, lembre que existem alguns repositórios que podem ajudá-lo a encontrar o que você precisa e com a vantagem de oferecer recursos livres, ou seja, com licença aberta, que permite algumas liberdades, como a distribuição, o uso, o remix, a adaptação e a modificação.

A primeira análise sobre a situação dos REA realizada no Brasil foi feita pela pesquisadora Carolina Rossini, em 2010. Na época, foram identificados doze projetos educacionais que se aproximavam ou cumpriam o conceito REA estabelecido pela Unesco e sob os princípios da Declaração da Cidade do Cabo.

Entre as  iniciativas mapeadas estavam os repositórios do Ministério da Educação (MEC), que focam principalmente nos conteúdos da educação básica, como o Portal do Professor, o Rived, o Banco Internacional de Objetos Digitais e o Portal Domínio Público.  Porém, nem todo o acervo disponível nesses portais podem ser considerados REA, é preciso observar a licença de uso ou se o autor do material faleceu há mais de 70 anos.

Nos últimos três anos, os projetos se multiplicam e questões como licenciamento aberto estão um pouco mais claras, facilitando para o usuário identificar os recursos educacionais abertos. De parte de governos municipais e estaduais podemos citar o Currículo+, iniciativa do Programa Novas Tecnologias – Novas Possibilidades, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que traz sugestões de conteúdo digital como vídeos, animações, jogos digitais, simuladores, infográficos e áudios), a Educopedia (plataforma online colaborativa de aulas digitais), o Ambiente Educacional Web (traz conteúdos digitais registrados em licenças livres, softwares livres que auxiliam na produção de mídias e acesso a sites temáticos das disciplinas e dos temas transversais) e a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (aprovou em 2011 uma lei que garante licenciamento aberto de todas as obras intelectuais produzidas com objetivos educacionais, pedagógicos e afins).

Algumas universidades brasileiras têm sido grandes contribuidoras para a disseminação do conceito de REA e também com a implantação de repositórios para compartilhar o conhecimento produzido. Na Unicamp, temos iniciativas como o Portal e-Unicamp (que traz vídeos, animações, simulações, ilustrações e aulas, materiais criados pelos próprios professores da universidade e de acesso livre ao público), e recentemente, o lançamento da Cátedra Unesco de Educação Aberta (iniciativa que busca promover pesquisa e capacitação na área de educação aberta e recursos educacionais abertos, facilitando a colaboração entre pesquisadores e professores da área no Brasil e no mundo).

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), temos o Conteúdos Digitais (um repositório de recursos para o ensino e aprendizagem de matemática e estatística; é possível encontrar objetos digitais de ensino para uso online e offline, como softwares, experimentos e áudio). A UFF também faz parte do Projeto Oportunidad que pretende promover a adoção de práticas educacionais abertas e recursos educacionais abertos na América Latina como uma abordagem para desenvolver um espaço comum no ensino superior. Na USP, encontra-se a Biblioteca Brasiliana, que guarda um acervo bibliográfico e documental sobre assuntos brasileiros ímpar, no país e no mundo.

Algumas iniciativas institucionais de escolas particulares do município de São Paulo também estão contribuindo com a causa dos REA. O Colégio Dante Alighieri, o Colégio Porto Seguro e o Centro Educacional Pioneiro criaram seus repositórios institucionais e compartilham alguns dos seus recursos educacionais no formato de vídeos, imagens, áudios, apresentações, planos de aula, livros digitais, animações, jogos, que estão licenciados sob algumas das licenças do Creative Commons.
Para conhecer outras experiências brasileiras e internacionais visite o site REA.

Referências

Declaração de Cidade do Cabo para Educação Aberta: Abrindo a promessa de Recursos Educativos Abertos. Disponível em < http://www.capetowndeclaration.org/translations/portuguese-translation>.
Rossini, Carolina Almeida Antunes, Green-­Paper: The State and Challenges of OER in Brazil: From Readers to Writers? (February 8, 2010). Berkman Center Research Publication Nº. 2010-01. Available at SSRN: http://ssrn.com/abstract=1549922

Departamento de Biologia Celular da UFPR disponibiliza Recursos Abertos

Para contribuir com a aprendizagem em Ciências e Biologia o Núcleo de Ensino, Pesquisa Extensão do Departamento Biologia Celular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) produz materiais didáticos abertos como vídeos, materiais interativos, modelagem 3D e hipertextos voltados para o ensino fundamental e ensino médio.

Esses recursos possuem licenças Creative Commons, ou seja, permitem que o usuário possa usar, modificar, adaptar e remixar conforme as suas necessidades. Quem acessa o site também pode enviar sugestões de mudanças para a equipe do NUEPE.

Acesse o site aqui.

Hewlett Foundation e o futuro dos REA

O ótimo encontro anual da Hewlett Foundation tornou-se quase uma conferência sobre REA, na linha da OEC (Internacional), OE (EUA) e OER (Inglaterra). O enfoque é o encontro dos grupos e organizações que receberam algum apoio financeiro da Hewlett além de observadores e pessoas que trabalham nessa área. É uma das fundações que mais apoia o movimento REA, e o faz há muito tempo.

No encontro desse ano ficou claro um interesse no “mercado” e retornos financeiros como redução de gasto, por exemplo. Houve também demanda por pesquisas que possam demonstrar uma relação entre os recursos e o aprendizado dos alunos. A grande mensagem foi: “encontre um problema onde REA possa ser uma solução e ataque”. Estamos nos EUA e por aqui, a crise do ensino superior domina o discurso particularmente o alto custo de livros didáticos (veja a alternativa oferecida pelo OpenStax). Não por menos, o filme que vimos para fomentar uma discussão foi Ivory Tower.

Puxando a sardinha para o nosso lado, houve maior espaço dedicado a pensar nos grandes desafios internacionais e na necessidade de articulação global sobre o tema. Em um dos encontros discutimos a situação de refugiados, a necessidade de produção colaborativa e articulada de recursos, além de um renovado interesse em fomentar awareness (sensibilização), o que alguns já davam como ultrapassado. Nesse sentido, continuou a boa discussão em torno do OER World Map (mapa global REA, participamos com o MIRA e continuamos como parceiros estratégicos) que além de uma boa estrutura de dados básicos, terá um enfoque em histórias sobre pessoas, projetos e organizações ao redor do planeta. É uma ótima ferramenta para diversificar os exemplos e modelos que usamos para falar de REA (ainda) focados particularmente nos EUA, e em inglês.

É prudente a chamada por mais pesquisa e projetos que tenham maior foco e resultados mais claros; é um sinal de maturidade quando conseguimos identificar problemas específicos e apresentar evidências de sucesso. Ao mesmo tempo corre o risco de alimentar um ciclo vicioso em busca de grandes impactos de curto prazo. Mas estamos no coração do Silicon Valley onde há sempre um embate entre a ética e a eficiência. Por um lado precisamos criar, compartilhar e difundir REA simplesmente porque as práticas e modelos associados a REA estão alinhados a educação que queremos, mesmo que esse processo não seja eficiente, comparativamente. Podemos aprimorar nossas práticas enquanto “práticas abertas”, e não necessariamente em comparação com outro modelo mais eficiente. O foco excessivo em métricas leva a um grande risco, tão evidente na área de tecnologia educacional, da busca  por relações tênues entre o uso de recursos abertos e a melhoria do aprendizado (pra começar, vale ler um clássico. Quando o resultado não aparece, joga-se fora a iniciativa, mesmo que essa pudesse contribuir com outros objetivos. Esse não é, como nos demonstra a história, um caminho frutífero.

Foi também proposta uma discussão sobre os grandes temas da área, um rascunho chamado Foundations for OER Strategy Development. O documento está aí e disponível para comentários e sugestões (em inglês). É um resumo dos problemas, tensões e algumas sugestões para o movimento REA. Durante a discussão em grupo realizada no evento, questionamos o significado de um documento como esse. Precisamos, alguns perguntaram, de mais um documento de alto nível para apontar grandes problemas e questões? Dois documentos recentes apoiados pela Helwett seguem a mesma linha:

West, P. G., & Victor, L. (2011). Background and action paper on OER. The William and Flora Hewlett Foundation.

Atkins, D. E., Brown, J. S., & Hammond, A. L. (2007). A Review of the Open Educational Resources (OER) Movement: Achievements, Challenges, and New Opportunities. The William and Flora Hewlett Foundation.

Isso indica que ainda nos falta articulação e maturidade? Ou é um exercício de reflexão que precisa acontecer periodicamente?

*Tel Amiel é pesquisasor da UNICAMP, membro da comunidade REA Brasil, coordenador da Cátedra UNESCO em Educação Aberta e conselheiro do Instituto Educadigital.
*Esse texto foi publicado originalmente em Educação Aberta e possui licença CC-BY.

O Advocacy e a Educação Aberta

Por Priscila Gonsales e Débora Sebriam • Publicado em ARede.educa

Você pode ainda não ter ouvido falar nessa expressão de origem inglesa “advocacy” (lê-se advócacy), mas certamente já acompanhou ou participou de alguma atividade provocada por ela. Sem tradução direta para o português, advocacy significa criar e realizar ações ou iniciativas para defender uma causa de interesse público junto a determinados setores da sociedade civil e governantes tomadores de decisão de políticas públicas. Um trabalho de advocacy pode, por exemplo, influenciar a elaboração de projetos de lei que vão trazer benefícios para a população.

Alguns exemplos bem atuais:

Movimento Passe Livre, que luta por um transporte público gratuito para toda a população
Marco Civil da Internet, lei sobre direitos e deveres de usuários da internet, concebida com participação popular e aprovada em junho de 2014, que agora deve ser regulamentada
Combate ao trabalho infantil, para garantir o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
Defesa da demarcação de terras indígenas, pelo cumprimento do direito indígena à terra

Educação aberta e recursos educacionais abertos (REA) são também uma causa que vem sendo defendida por muitas pessoas em todo o mundo, por meio de um trabalho de advocacy. O objetivo é lutar pelo direito ao livre acesso de toda a sociedade aos materiais e recursos educativos comprados e/ou produzidos com dinheiro público. Em novembro de 2014, na capital estadunidense de Washington, durante a OpenEd – o maior congresso mundial de educação aberta – o Instituto Educadigital e outras organizações de vários países participaram de uma atividade de advocacy de REA diretamente com políticos e assessores técnicos na Casa Branca. O objetivo era destacar os benefícios da atual política pública do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em relação a REA, para que seja mantida e ampliada aos demais níveis de ensino. Além disso, o grupo ressaltou a importância de essa experiência ser compartilhada com governos de outros países por meio de congressos e seminários.

A cada ano, uma quantidade imensa de dinheiro público (da ordem de milhões) é utilizada pelos governos de todo o mundo na compra de materiais didáticos impressos e digitais que não são REA e, portanto, são de acesso restrito, inibindo as possibilidades de reprodução, criação e adaptação de conteúdos por educadores e estudantes. Em 2012, a Unesco realizou em Paris (França) o Congresso Mundial de REA, convidando lideranças públicas governamentais do mundo todo a determinar que recursos educacionais financiados com recursos públicos devem adotar o modelo REA.

Por definição oficial da Unesco/Commonwealth, REA são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa, fixados em qualquer suporte ou mídia, preferencialmente em plataformas ou formatos livres (software livre) que estejam sob domínio público ou licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento. Tal definição data de 2011 e foi redigida com ajuda da Comunidade Recursos Educacionais Abertos (REA) do Brasil.

Atuando junto à Comunidade REA desde 2008, o projeto REA.br, conduzido atualmente pelo Instituto Educadigital com apoio financeiro da Open Society Foundations, vem trabalhando para transformar a política pública de acesso a recursos educacionais financiados com orçamento público. Alguns resultados já podem ser observados nos últimos três anos, tanto em nível federal como estadual e municipal. Um deles é o Plano Nacional de Educação (PNE), que contempla o incentivo a REA nas metas 5 e 7, que focam respectivamente na alfabetização de todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental e na melhoria da qualidade da educação básica por meio do aumento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ainda no âmbito federal, destaca-se o Projeto de Lei 1513/2011, que visa garantir que as compras públicas ou contratação de serviços e materiais educacionais sejam regidas por meio de licenças livres, permitindo a difusão e a ampliação do acesso a esses bens por toda a sociedade.

Na cidade de São Paulo, integrantes da comunidade REA ajudaram a criar uma política pública de REA. Em 2011, o então secretário de educação da capital, Alexandre Schneider, convencido da importância do tema, atuou para que o prefeito promulgasse o Decreto 52.681, que dispõe sobre o licenciamento obrigatório das obras intelectuais produzidas ou subsidiadas com objetivos educacionais, pedagógicos e afins, no âmbito da rede pública municipal de ensino. Hoje, quem entra no site da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo já localiza a licença definida para uso dos materiais disponíveis.

Outra frente de ação do projeto REA.br, que foi vencedor do Prêmio ARede 2014  (categoria especial educação), é formação de educadores e articulação de redes sociais para expandir o debate em torno de REA. O grupo REA no Facebook, por exemplo, já tem mais de 10.500 participantes de várias regiões do país (dados de fevereiro de 2015) e não para de crescer, novas solicitações de participação chegam diariamente.

Para saber mais sobre iniciativas brasileiras e internacionais sobre REA, vale acompanhar os eventos que ocorreram durante a Open Education Week, de 9 a 13 de março. O Instituto Educadigital organizou quatro hangouts em português sobre REA e as gravações estão disponíveis aqui: http://www.bit.ly/openeducationweek

Comunidade REA promove encontro de cocriação em São Paulo

O movimento REA no Brasil completa 7 anos de vida em 2015. Nesse tempo tivemos vários avanços na área, entretanto, os desafios ainda são inúmeros, inclusive o de promover alguns encontros que extrapolem o mundo virtual. No dia 18/03 conseguimos realizar o primeiro encontro presencial do ano em São Paulo. Esse encontro de cocriação foi mediado pelo Instituto Educadigital (gestor regional do Projeto REA.br) e foi usada a abordagem do Design Thinking para prototipar possíveis soluções para alguns dos principais desafios da causa REA. Uma das grandes riquezas do encontro é que conseguimos reunir veteranos do movimento com pessoas recém chegadas a comunidade, além de os perfis de atuação serem bem amplos.

Devido ao curto período de tempo do encontro, nós optamos por trazer alguns desafios já elaborados e contextualizados e três grupos de pessoas trabalharam cada um deles, sendo:

1. Como podemos engajar mais pessoas na causa REA?

Todos os dias recebemos dezenas de novos membros na comunidade REA. Essa entrada acontece principalmente pelo Facebook em decorrência dos compartilhamentos dos membros, entretanto, notamos que poucas pessoas acompanham as postagens ou contribuem com links e opiniões.

2. Como podemos ampliar a cooperação entre pessoas da comunidade?

Uma característica de nossa comunidade é acompanhar os fatos e notícias sobre REA e Educação Aberta, entretanto, tivemos várias oportunidades de elaborar documentos e propostas em conjunto e a adesão normalmente é muito baixa. Como exemplos, podemos citar a carta aberta ao governador de São Paulo em decorrência do veto ao PL REA ou a força-tarefa de tradução do site REA para o inglês, situações chave em que não houve envolvimento da comunidade.

3. Como podemos levar a formação em REA para mais educadores pelo Brasil?

REA cria a oportunidade para uma mudança fundamental e transformadora: a alteração do consumo passivo de recursos educacionais, para o engajamento formal de educadores e alunos no processo criativo de desenvolvimento de conteúdo. Após a reformulação do site REA em 2014 e a abertura de um canal direto de solicitação de palestras e oficinas a demanda aumentou consideravelmente. Diversas prefeituras e universidades (tanto públicas, quanto particulares) de todo o Brasil entram em contato, mas acabamos não conseguindo realizar a maioria delas por questões logísticas e de custo.

4. Como podemos obter mais financiamento para nossas ações de advocacy?

Uma das grandes missões do projeto REA.br é prover inovação em política pública de educação, e para isso, conta com um financiamento internacional desde 2008. Todas as ações do projeto estão atreladas a esse orçamento que muitas vezes não é suficiente para cobrir todas as demandas previstas, como por exemplo, as viagens para dialogar com os políticos e a organização de eventos. No caso de não haver mais esse financiamento como poderíamos sustentar as nossas ações pelo país?

De maneira bem resumida segue alguns pontos das soluções imaginadas na prototipagem (os participantes do encontro fiquem a vontade para complementar/mudar/adaptar essas informações):

1. “Como podemos engajar mais pessoas na causa REA?” e “Como podemos ampliar a cooperação entre pessoas da comunidade?”

O grupo elaborou uma estratégia dividida em duas partes:

  • Ter a figura de um comunicador, mas isso não se viabilizaria sem um ambiente colaborativo para enviar mensagens, compartilhar calendário de eventos, algo que funcionasse como uma rede social.
  • Esse ambiente online acolheria as pessoas da comunidade, seria gamificado (tipo um waze do REA). Ofereceria possibilidades de associação entre pessoas que tem interesses comuns (se eu baixo um conteúdo do ambiente, o sistema me diz que as pessoas A, B e C também baixaram esse conteúdo). Esse espaço traria materiais, um calendário de eventos locais e online, ofereceria feedback, tentaria conectar pessoas de áreas de atuação diferentes mas que possuem interesses comuns e também poderia ser um espaço para propor encontros presenciais e online para troca de experiências.
encontro comunidade rea1

2. Como podemos levar a formação em REA para mais educadores pelo Brasil?

O grupo propôs um app de celular chamado “Professor Aberto”. Essa app traria conteúdo aberto e a possibilidade das pessoas contribuírem enviado novos materiais e elas escolheriam as licenças de uso. Uma das estratégias para explicar o REA para as pessoas seria, por exemplo, uma pessoa clica em uma imagem e quando ela escolhe fazer download apareceria uma explicação sobre REA e o que é possível fazer com aquela imagem. O grupo também pontuou inserir elementos de gamificação para estimular os professores, ser um ponto de encontro entre as pessoas.

3. Como podemos obter mais financiamento para nossas ações de advocacy?

O grupo propôs tentar colocar a pauta nos grandes meios de mídia para ganhar espaço com possíveis financiadores. Citaram como exemplo a força que ganhou o Marco Civil da Internet.

Esperamos conseguir realizar esses encontros com mais frequência e esperamos que pessoas que residem em outros estados do Brasil também se mobilizem para realizar essas reuniões e trocar experiências e tentar trazer novas ideias para os desafios. O pessoal do Paraná já se manifestou em relação a isso nas redes sociais 🙂

Como sugestão da Paula Ugalde, convido a todos para deixarem aqui o seu comentário para possíveis soluções para os desafios levantados.

Avante!

PS: Quem esteve presente e tem fotos de boa qualidade compartilhe! Como vocês puderam notar essas não estão boas.

Escola Paulistana cria Repositório de Recursos Educacionais Abertos

O Centro Educacional Pioneiro é a mais nova escola de educação básica a lançar um repositório de Recursos Educacionais Abertos. O Pioneiro é um colégio que tem como tradição a produção de materiais pelo seu corpo docente e acredita na democratização do acesso ao conhecimento para todos. Dessa premissa nasceu a ideia do Pioneiro Digital, um repositório institucional para compartilhar os recursos educacionais produzidos por professores e alunos.

O caminho começou a ser trilhado em 2012 com um projeto piloto realizado com alunos do ensino médio. A escola aproveitou a dinâmica dos trabalhos coletivos associados ao estudo do meio e trabalhou com os alunos temas como a Educação Aberta e o licenciamento aberto de materiais educativos. Como resultado foram publicados livros de contos com licenças escolhidas pelos autores.

O Pioneiro Digital foi concebido como um recurso educacional aberto e redesenhado a partir de projetos já estabelecidos como Escola Digital, REA Dante e Porto OEC, um conceito hoje conhecido como remix. Para manter a proposta de ser um recurso aberto foi utilizada a plataforma WordPress, que é um software livre. Todos os materiais disponibilizados possuem uma licença aberta do Creative Commons, uma alternativa ao “copyright” que garante o direito autoral e algumas liberdades aos usuários finais que são definidas pelo próprio autor.

Para garantir a facilidade de uso, a pesquisa pode ser feita por palavras-chave, tipos de mídia, ou busca combinada com diversos filtros que podem ser selecionados de forma combinada para que você refine a sua busca.

O próximo passo da instituição é realizar formação com os professores para estimular a participação no ambiente. Enquanto isso, fica o convite para usar, remixar e compartilhar! Acesse: www.pioneiro.com.br/pioneirodigital

Fonte: Centro Educacional Pioneiro

UNILACREA contribui com a Open Education Week

A Unila (Universidad Federal para la Integración Latinoamericana) e a área de espanhol como idioma adicional estão criando materiais de ensino de línguas trabalhando com recursos educacionais abertos.

Os professores Iván Alejandro Ulloa Bustinza (Proponente) e Jorgelina Tallei (coautora) estão a frente do projeto de investigação “Los textos multimodales en la creación de materiales didácticos para la Enseñanza de Español y Portugués – Lenguas Adicionales en el Contexto de la Integración Latinoamericana y del Mercosur” que tem por objetivo analisar  o estado do ensino de línguas adicionais no contexto da integração latinoamericana no Mercosul.

A Jorgelina Tallei convida toda a comunidade REA a conhecer o projeto https://sites.google.com/site/unilacrea/.

Os primeiros materiais produzidos podem ser encontrados aqui: http://issuu.com/jorgelinatallei/docs/desde_el_sur/1.

Grupo ABED ABERTA realiza fóruns de discussão durante a Open Education Week

O sucesso dos fóruns de discussão na Semana Internacional de Educação Aberta (Open Education Week) do Grupo ABED ABERTA de 2014 motivou que o grupo resolvesse repetir a dose, porém, trazendo novidades. As discussões  acontecerão de 9 a 13 de março. Elas trazem novos temas e mais um novo fórum abordando dois segmentos da educação importantes no Brasil: a educação continuada e a educação corporativa.

O termo educação aberta é frequentemente confundido com recursos educacionais abertos. Um dos objetivos principais desses fóruns será  esclarecer e ampliar este conceito para mostrar que a educação aberta inclui os REA, mas não se limita a eles. Ao contrário, a educação aberta é abrangente e contempla, de alguma maneira: o uso das tecnologias, o amplo acesso ao material educacional ou curso, as colaborações entre instituições, os processos de liderança abertos, a avaliação e a certificação aberta e o letramento digital.

Estes temas serão discutidos nos seus respectivos fóruns, com seus links de acesso:
Fórum de educação básica: a educação aberta na formação de diretores escolares e os livros digitais na educação básica.
Este fórum é dedicado a professores, coordenadores e diretores da educação básica, e tratará de questões políticas e práticas do dia-a-dia-escolar do professor e do aluno brasileiro no que tange a educação aberta e o uso das tecnologias educacionais.

Fórum de educação superior e continuada: a avaliação da educação aberta no ensino superior, colaborações interinstitucionais e as licenças de uso.
Este fórum é dirigido a instituições de educação superior, diretores, professores e pesquisadores, pois tratará de questões estratégicas da educação aberta no que tange a avaliação e certificação, colaboração interinstitucional e questões práticas, como por exemplo, modelos de MOOCs, a autonomia ou dependência no desenvolvimento de MOOCs, etc. É também dirigido a quaisquer pessoas interessadas na aprendizagem continuada, independente e baseada na aprendizagem não-formal.

Fórum de educação corporativa: A educação aberta na formação continuada e na educação corporativa.
Este fórum é dirigido a empresários do ramo educacional e outras áreas que busquem informações sobre como promover a formação continuada de seus colaboradores por meio de conteúdos abertos online.

Os fóruns são abertos, simplesmente acesse e participe! Aproveite para tirar suas dúvidas , trocar experiências  e ter acesso a um vasto número de informações e materiais que serão compartilhados durante os fóruns.

Datas: de 9 a 13 de março, online e gratuito!
Acesse os fóruns aqui
Realização: Grupo ABED ABERTA
Coordenação: Andreia Inamorato

Moderação:

  • Airton Zancanaro, Universidade Federal de Santa Catarina/SC
  • Edison Spina, Universidade de São Paulo/SP
  • Fábio Nascimbeni – Universidade de São Paulo / SP
  • Francisco Velásquez, Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro/ RJ
  • Itana Maria de Souza Gimenes, Universidade Estadual de Maringá/PR
  • José Antônio Aravena Reyes, Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
  • Mara Rubia Sampaio, Grupo Santillana Brasil, Fortaleza/CE
  • Mauricio Aguilar Molina, Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
  • Patrícia Lupion Torres , Pontifícia Universidade Católica do Paraná/PR
  • Paula Ugalde dos Santos, Telecentro Info.com, Santa Bárbara do Sul/RS
  • Renata Aquino, Universidade Federal do Ceará/CE/li>
  • Romero Tori, Universidade de São Paulo/SP
  • Vera Queiroz, Universidade de São Paulo/ SP

Fonte: ABED